Sentimento pátrio

Passou a Vanusa, passou o Sete de Setembro, inevitável ficar com o Hino Nacional na cabeça. Aí lembrei de quando cantava o hino na escola.
As crianças ainda cantam o Hino Nacional na escola? Quando eu era moleque, tinha que cantar. E todo ano a professora explicava que era “braço forte” e não “braços fortes”, que era “sonho intenso” na primeira parte e “amor eterno” na segunda (porque, dizia ela, primeiro a gente sonha e depois a gente ama). Era uma chateação, todo mundo cantava desanimado e as explicações adiantavam nada: saía “braços fortes” mesmo, “amonho interno”, um horror.
Isso começou a mudar acho que em 1986, 87, por aí. Era uma escola municipal e lembro que o projeto veio na gestão do Jânio Quadros, que se elegeu prefeito de São Paulo em 85. Era assim: todos os alunos da escola iam se reunir no pátio uma vez por semana para cantar o Hino Nacional. Bom, talvez não fossem toooooodos os alunos. Acho que eram todos os alunos de cada período, ou de cada série, sei lá. Bom, um monte de aluno no pátio pra cantar o Hino Nacional e — aí vem o truque para tornar o ritual mais atraente — uma música popular escolhida pelos próprios alunos.
Não sei de quem partiu essa idéia, mas funcionou. Passamos umas duas semanas para escolher qual seria a nossa música. Uma briga danada entre as salas, não chegávamos a um acordo. Até que uma alma iluminada sugeriu uma música que foi aprovada por aclamação quase unânime (eu preferia que fosse alguma coisa do Raul Seixas, mas nem falei nada).
E foi assim que, durante alguns meses de 1987 (86?), os alunos da Escola Municipal de Primeiro Grau Amadeu Amaral pegaram gosto pelo Hino Nacional. Toda quarta-feira íamos para o pátio e cantávamos o hino com fervor patriótico. Entã0 chegava o “Pátria amada, Brasil”, os acordes finais, e emendávamos: “Fui num pagode na casa do gago…”

A música não é do Bezerra da Silva. É de um sujeito chamado Gracia do Salgueiro

14 comments

  1. Eu tinha o mesmo sentimento até morar fora do país. É engraçado, até estranho, mas quando fiquei fora um tempo razoável, esse tipo de coisa começa a fazer diferença. O hino lembra seu lugar. E é um lugar seu mesmo, parece que o Brasil todo é seu, quando você está longe dele.
    Pelo menos foi assim que eu me senti. Minha visão sobre o Brasil mudou muito naquele ano. A emoção que o hine me trazia é algo que perdura até hoje.
    Gostaria que mais pessoas se sentissem assim. Mas entendo que para a maioria fica a Vanusa e a escola de criança. Uma pena…

  2. Estava comentando sobre isso com minha namorada uns dias atrás. Até a 8º série entoavamos o hino todas as segundas-feiras e ainda havia o hasteio(?) da bandeira. Eu sempre achei legal a parte do hino, aprendi a gostar desde cedo e na boa, acho o que a Vanusa fez, e o que ela falou depois no Programa do Gugu, uma vergonha. Podem até me chamar de maluco, mas acho que saber entoar o hino deveria ser obragação de todo cidadão brasileiro.
    Mas se o governo mal dá uma educação decente fica difícil requerer isso de todos né?
    PS: Adorei a técnica usada na sua escola de cantar uma outra música após o hino. Realmente deveria ser bem estimulante.

  3. Na minha época por volta de 95/96 cantavamos todas as quartas feiras.Não por vontade própria.Mas por vontade do coordenador, era quase que uma ditadura.
    Lembro até hoje o Coordenador(Douglas) da escola passeando entre os alunos para ver quem estava cantando ou não.
    E se não cantasse ele aplicava uma advertência,sendo reincidente aplicava uma suspensão. kkkkkkkkkkkkkk
    Sei cantar o Hino até hoje.A chatice dele valeu para muita coisa.Acho que também os outros alunos da época sabem cantar também.
    Vanusa sem comentários. Acho que um gringo cantaria melhor do que ela . kkkkkkkkkkkk
    Abraços
    P.S O mocinho do processo não mandou foto ??? rsrsrrs
    A melhor foi: Qual sua intenção com este site… chorei de rir com a resposta. rsrsrrsrsr

  4. Nossa!! Isso me fez lembrar de quando eu estava na sétima série! Sempre que a coordenadora – muito autoritária – da escola fazia alguma coisa que desagradava, cantávamos o hino de costas para a bandeira…
    Isso a deixava furiosa!!!
    Adorei seu espaço, vou colocar o link no meu blog!!
    Se quiser passar por lá fique à vontade!!

  5. Nossa!! eu cresci escutando Bezerra da Silva, meu pai chegava em casa ia estudar um pouco de ingles no sonzão do passatão 81 e depois colocava Bezerra da Silva, musica boa!! q saudades dos meus tempos de criança!! rsrsr

  6. hahahaha
    Na minha escola todas as turmas faziam fila no pátio, catávamos o hino e depois iam em fileirinha para a sala de aula. TODOS OS DIAS, TODOS OS ANOS DESDE O PRÉZINHO ATÉ A OITAVA SÉRIE.
    Conclusão? O Hino está marcado na minha cabeça de uma forma assustadora. Se vc cantar uma parte e me perguntar “qual é o próximo verso?” A lá Aprendiz universitário eu zero, mas se eu cantar do início eu sei o hino todo (parte 1 e parte 2) sem me confundir a penúltima estrofe que é a que mata todo mundo.

  7. Ah, outro dia ouvi no rádio que voltou a lei (??) que obriga as escolas a cantarem hino nacional uma vez por semana (??). Nem sabia que era lei, nem sabia que tinha caído, mas agora sei que voltou. :)))
    Beijos
    PS: Vi na TV Metro que vão escolher o oitavo CQC? Tipo, o Oitavo Passageiro?? Vc vai se candidatar?? eh eh eh eh
    Beijos 2

  8. Eu aprendi a cantar o hino nacional na marra. Na minha escola as filas eram organizadas por altura dos alunos e eu, com meu meio metro, era sempre a primeira da fila da minha sala. Ficava a um metro dos professores, que olhavam atentamente para advertir quem cantasse errado. Foi assim que, aos 10 anos, cantava o hino melhor que a maioria dos jogadores de futebol. E a Wanusa.

  9. Aqui no meu bairro nós cantávamos todas às quartas-feiras e não era só o Hino Nacional, mas também o Hino à Bandeira e o da Independência. E éramos obrigados a desfilar pela Av. Jaime Torres (sei que você conhece bem) em todos os aniversários do Jardim Popular.
    Nunca tivemos brechas para cantar otras cositas. Que pena!

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