Quando do lançamento de The Tingler, Willian Castle teve uma idéia estapafúrdia: instalar em algumas poltronas das salas onde o filme seria exibido um dispositivo chamado Percepto. O tal dispositivo era de uma simplicidade infantil: apenas fazia a poltrona vibrar. Associado, porém, a certas cenas do filme, esse efeito causava sustos imensos. Na cena mais marcante, a tela fica toda preta e a voz Dr. Warren Chapin (Vincent Price) anuncia que o monstrengo está à solta no cinema. E diz:
— Ladies and gentlemen, please do not panic! But SCREAM! Scream for your lives! (Gritar era a única arma contra o Tingler. Não vou explicar nada, o filme foi lançado em DVD, assistam. Ou tenham um amigo legal feito Rodrigo Segatti, que me deu essa obra-prima de presente).
Logo em seguida a tela fica branca e aparece a silhueta do monstrinho, como se ele tivesse atacado a sala de projeção. Um primor.
Hoje essa parafernália toda para assustar a platéia não funcionaria: a maioria ia achar apenas ridículo. Vivemos num mundo chato e cinzento, ninguém mais liga para fantasia. Você quer fazer um filme? Ok, muito bem. Mas fale sobre coisas REAIS e SÉRIAS. Nada de aventura e fantasia, que ninguém aqui é criança. E olhe lá, hein? Se o filme tiver alguma cena que considerarmos absurda, todos gritaremos “Bãaaaaaa, té parece!”. Porque não somos trouxas, viu? Você não pode nos enganar.
Capitão Sky e o Mundo de Amanhã é um filme que surpreende por ir contra esse consenso estúpido: seria feito tranqüilamente nos anos 30 (época em que se passa a ação), se então já se pudesse contar com a tecnologia de hoje. Os enquadramentos, a trilha sonora, os diálogos, tudo faz lembrar de um tempo mais ingênuo e, sejamos meio gays, saboroso. É claro que pouca gente vai entender: ontem, na sala em que eu tentava assistir ao filme, o partido do “Bãaaaaa, té parece!” atacava a cada cinco minutos. Tive que ir sentar lá na frente para não brincar de Mateus Meira com aquele povo idiota e sem imaginação.
Mas procurem um cinema meio vazio e assistam. Muito bom mesmo.
Aliás, uma idéia para o Percepto 2004: as cadeiras do cinema seriam todas eletrificadas. Quem atendesse o celular no meio do filme, ou falasse alto, ou risse nas horas impróprias, ou fizesse “Bãaaaaaa, té parece!”, seria imediatamente eletrocutado. Funcionários do cinema entrariam discretamente para remover o corpo, que seria cremado e as cinzas entregues à família dentro de um saco de pipoca, com um par de ingressos de cortesia.
Quando foi internado numa clínica psiquiátrica nos anos 50, João Gilberto passava horas olhando através das janelas. Um dia uma das psicólogas se aproximou e ele comentou:
— Olha o vento desarrumando o cabelo das árvores…
A doutora, demonstrando preocupação, disse:
— Mas, João, as árvores não têm cabelo.
E ele, fuzilando:
— E certas pessoas não têm poesia…
Eu notei, Ieda também: primeiro foi Daryl Hannah em Kill Bill, agora Angelina Jolie em Capitão Sky. O tapa-olho tem tudo para virar fetiche.
Ficam excitadas imaginando que há um buraco atrás daquele tapa olho…
Se é que vc me entede…
Entendo, Philosophus. Feito naquela piada da mulher que fazia boquete assoviando, conhece?
Eu não conheço…
Tenho também boas notícias! Passei pro curso de baixo elétrico do Villa-Lobos!
Beijundas!
Ia fazer um comentário engraçadinho. Mas fiquei com medo do choque e do corpo cremado.
Vai saber…
Hehehe.. quando sair com hômi feio, vou usar o tapa olho… assim só vejo metade da feiúra… hehehe
Ah sim, a tribo dos até-parece. Não há tribo mais odiosa. Juro que quando fui ver Superhomem no cinema, na hora em que o Clark Kent agarra uma bala com os dentes ouvi alguém dizer “até parece”.
Adoraria uma cadeira elétrica no cinema. Com o dispositivo nas minhas mãos. Não ia sobrar um comentarista.
eu também adorei o filme.
gostei dessa doçura, dessa poesia que o mundo está perdendo (mas não perdeu ainda).
a turma do té-parece merece expulsão sumária do filme e 500 horas de aulas sobre truques pra ficar calado no cinema. As únicas coisas permitidas seriam risos, risadas, gritos e soluços. E palmas.
Até uma melancia no pescoço da Angelina é fetiche pra mim.
Então o João esteve internado numa clínica psiquiátrica ? Humm, isso explica muita coisa.
(Poupe minha vida, por favor, Marcorélio).
Eu adoraria o controle desta cadeira eletrica…Principalmente se eu estiver sentada ao lado de alguem que assiste programas que contam o filme inteiro e depois ficam contando tudo no cinema.Porque este tipo de gente vai ao cinema?
fiquei na duvida… tapa-olho ou fio dental?
(nao, nao são pra mim)
Pior que a turma do até parece, e ir pro cinema com uma mina que num para de tagalerar durante o filme todo e você num sabe se tá com mais raiva dela te enchendo o saco por só falar merdas ou de medo de expulsarem os dois do cinema…
Ah, ja pensaram no tapa olho a muito tempo atras:
http://www.dvddrive-in.com/reviews/t-z/thriller74.htm
🙂
Seria um sonho, uma cadeira elétrica no cinema para detonar os idiotas…
*suspiro*
Se as pessoas perderam a “poesia”, porque vão ao cinema? Que fiquem em casa assistindo Casseta&Planeta e derivados…
Essas duas poderiam usar até um penico na cabeça. Vá colocar um tapa-olho numa mulher feia (melhor não citar nomes), é de dar medo!