Sabe aquela sensação de ver um livro muito bom chegando ao final? Aquela tristezinha de saber que em breve vai ter que se despedir dos personagens que você tem acompanhado com tanta atenção, da cabana à beira do lago, do barco, do beco sujo? Então. É assim que eu me sinto, agora que percebo que o sentimento que alimentei por você todo esse tempo começa a evanescer-se. Foi uma excelente leitura — uma espécie de Magnolia dos sentimentos — mas estou nas últimas páginas. Tento reduzir o ritmo, ler uma página hoje, tomar um café, contar os azulejos, olhar para o pé, cortar as unhas, ficar jogando minha bolinha de borracha na parede, ler outra página amanhã, ir ao banco, experimentar um chapéu, cantar no karaokê… Mas eu sei muito bem que esta leitura está terminando. Muito breve fecharei o livro, soltarei um suspiro, olharei para o vazio por um tempo pensando no que acabo de ler, e então botarei o livro de volta na estante.
Seria diferente se você tivesse vindo para ler comigo. Então leríamos até o final com alegria, faríamos comentários engraçadinhos ou melancólicos, como é de nossa natureza. Ao final, começaríamos a adicionar ao livro novas frases, novos parágrafos, páginas, capítulos. Tenho aqui em algum lugar um calhamaço que surgiu assim, escrito por mim e por outra garota. E é muito engraçado, bem escrito, denso. Eu só não sei onde está porque minha biblioteca é uma bagunça. Seria bom escrever um novo com você, mas esse tipo de pensamento não é muito saudável. O futuro do pretérito a Deus pertenceria, você sabe.
Então guardo o livro. Ele ficará lá na estante, emitindo seu brilho de uma cor muito linda — a sua cor predileta, aquela — e será difícil não olhar para ele por algum tempo. Talvez um dia você entre aqui na minha biblioteca do seu jeito leve e tímido, e com a voz vacilante me peça o livro emprestado. Se acontecer, será a melhor releitura de minha vida. Se não acontecer, paciência: há muitos livros nessas estantes de madeira escura que vão até o teto. E eu sou mais voraz que os cupins.
Primeironaaaaaaaaaa!!! Ihuhuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!
Aí Marquito, conheço bem essa tristeza… O a única parte ruim da história é essa: só faltam algumas páginas. Isto é, se o o livro for muito interessante!!! Normalmente os que leio são interessantes. Mas agora já estou acostumada com essa sensaçao e quando ele está perto do fim fico pensando em como será o próximo livro. E assim vou vivendo e lendo… heheheheh
Beijinhos procê!!!
Ah, tantos livros, tantos livros. Mas eu, sendo como sou, só me venjo querendo ler um. Demoradamente, mesmo que solitariamente. No final que me dou conta, que estive lendo um livro enquanto ela escreve outro, com outro.
Ai, Marcurélio, que liiiiiiiiiiiiiinda esta metáfora!!!
Como diz uma amiga minha:
“Sabe qual é o melhor livro para se ler? O próximo!”
Se ela está certa?
Depende do próximo livro que você escolher para ler, acredito eu.
Boa sorte em sua biblioteca!
Bjs.
Elacoelha
Lindo post…;o)
Fiquei aqui lendo tuas palavras e pensando o qto muitas vezes é difícil deixarmos alguns livros pra trás…apesar de haver uma biblioteca enorme com vários deles bem na nossa frente…mas a vida é assim, nem sempre as coisas acontecem como planejamos e nem sempre as coisas dependem exclusivamente da nossa vontade…
Mas apesar do que vc disse no final do post: “Se não acontecer, paciência: há muitos livros nessas estantes de madeira escura que vão até o teto. E eu sou mais voraz que os cupins.”…sei lá…fiquei com aquela impressão de que esses outros livros aí ainda ficarão em segundo plano por algum tempo…
Mas, como tudo na vida passa…desejo que senão houver possibilidade de uma releitura do seu livro preferido, vc esteja pronto pra outra…e que dessa vez, seja muito feliz…;o)
Não lembro como cheguei aqui, mas foi uma ótima surpresa…:o)
Se cuida!
Beijos!
É assim que acontece mesmo. E a gente pensa que não vai poder acabar NUNCA esse livro, mas sempre dá.
Como eu conheço essa sensação… E acabar o livro doi tanto… Mas pensa nos novos e logo tudo melhora.
Você podia fazer um ciclo de textos com o tema “mulheres que catei por causa dos meus posts com metáforas românticas”. Ou “mulheres que ficaram minhas amiguinhas por causa dos meus posts com metáforas românticas e na verdade eu queria passar a vara”.
Como sempre, sou um grosseirão!
Um grosseirão, mas mandou muito bem. Puto.
Pô, eu não era mto de ler o seu blog, mas ontem, não sei por que, resolvi dar uma passadinha aqui… Então, me deparei com este post, que me mexeu mto comigo pois estou passando pela mesma situação… Ainda não consegui colocar o livro na estante, mas depois deste seu post, percebi que já está mais do que na hora de ler outro livro… Muito obrigada!
Vc escreve muito. E muito sensivelmente. Mas não acho q precise encerrar sua vida em histórias ou livros. Pense nela como relações e as resolva. A começar com a relação consigo mesmo. Aí, meu caro, as demais coisas serão menos indispensáveis e vc não sofrerá com fins de história. Eu conheço a sensação e sei o qto é ruim. Pense nisso!
Lindo!!!
que coisa mais ‘menina-da-torre’!
moito bom!
exatamente o que eu escreveria pra ela…
“do seu jeito leve e tímido”?
Que pena.