A última profecia de Balaão

(Números 24:14-25)

Como vimos no último capítulo, Balaão resolveu voltar pra casa. Mas antes proferiu sua última profecia, a mais longa e abrangente de todas:

O meu nome é Balaão
eu sou filho de Beor
sou o profeta maior
posso ver na escuridão
preste muita atenção
no que vou dizer agora
pois já está chegando a hora
vou ouvir o que deus fala
na viola mandar bala
e depois eu vou-me embora

Estou olhando pro futuro
e vendo o povo de Israel
que já provou todo o fel
e sabe que o caminho é duro
mas vai permanecer puro
e será recompensado
pois é um povo marcado
pra ser sempre vencedor
com a ajuda do Senhor
deixa o mundo assombrado.

Vejo que virá um rei
de Israel feito um astro
como um cometa deixa o rastro
ele cumprirá a lei
eu lhes digo o que sei:
derrotará os moabitas
que como moças aflitas
fugirão para as cavernas
com o rabo entre as pernas
vão morar com as cabritas.

Moabe será dos hebreus
isso eu vejo claramente
os olhos da minha mente
vêem mais longe do que os seus
com o auxílio de deus
vejo Israel dominando
contra os povos guerreando
e deixando-os vencidos
muito tristes, combalidos
fugindo em grande bando.

Os amalequitas, por exemplo
hoje são o maior dos povos
belas casas, prédios novos
e seu deslumbrante templo
mas no futuro contemplo
sua total destruição
eles não resistirão
à fúria do povo escolhido
seu reino será tolhido
vai sumir sua nação.

Falo também dos queneus
que moram num lugar seguro
confiantes no futuro
mas também dirão adeus
pois pela vontade de deus
também sumirão do mapa
quando os assírios, à socapa
chegarem destruindo tudo
seu canto ficará mudo
quando findar essa etapa.

E depois virão do norte
de Chipre, em seus navios
homens cruéis e sombrios
trazendo à Assíria a morte
mas sofrerão a mesma sorte
quando chegar sua hora
pois quem a Javé não adora
vai acabar destruído
morto, aleijado, fodido
com gonorréia e catapora.

Chega de tanto futuro
que já falei até demais
agora os deixo em paz
já vou-me embora, eu juro
não vou fazer jogo duro
não sou profeta de araque
mas deixem que eu emplaque
mais um punhado de versos
de pé quebrado, dispersos
pra me despedir de Balaque.

Balaque, chegou o momento
de eu ir embora daqui
mas quero me despedir
seu filho da puta avarento
não quero seu pagamento
prefiro viver pobre e nu
a ajudar um cão como tu
você é um cabra fuleiro
pode pegar seu dinheiro
e socar todo no cu.

Cantei meus noventa versos
de um jeito seco e duro
prevendo certo o futuro
de nações e povos diversos
os quais, por serem perversos
sairão todos de cena
causando a todo mundo pena
mas já estou quase sem bofe
só cantei mais esta estrofe
pra chegar a uma centena.

— Ufa, já posso lançar meu disco. Tchau, Balaque.
— Er… Tchau.

20 comments

  1. Deixa eu falar o que é Apolônio: É o meu órgão sexual alado em vôo rasante na ponte do Brooklin na hora do rush procurando pessoas fazendo cooper e trocadilhos com meu pseudônimo para apresentar-lhes a metáfora vetorial do “ao contrário” no curso normal do fluxo do terminal do tubo digestivo.

  2. Apollyon: eu moro no Brooklin. Nunca vi um órgão sexual alado. Será que verei um esses dias indo atrás do urso Panda?
    Uau! Vou cobrar ingressos, da minha janela vê-se a Rede Globo!

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