O Ano Sabático, o Jubileu e outras mumunhas (Levítico 25)

Ah, vocês já estavam achando que não tinha mais, né? Pois não se iludam, filisteus incrédulos! Depois de apedrejarem o cara lá, Moisés e Arão voltaram para o Tabernáculo para continuarem a conversa com deus.
— Aê, Ja-Javé. J-já ma-matamos o c-cara. V-vamos c-continuar? Ja-Javé? JA-JAVÉEEEEEEEEEEE!
— Te fresqueia, Moisés. O cara deixou um bilhete, olha aqui. Tá falando pra gente encontrar ele no Monte Sinai.
— N-no Si-Sinai? P-porra!
— Pois é. O feladaputa esquece que temos mais de oitenta anos, não temos mais pique pra ficar subindo montanha. Mas cê vai querer discutir com ele?
— E-eu n-não.
— Então vambora.
E os dois irmão partiram em direção ao monte. Chegaram ao topo quase mortos de cansaço.
— Ô, seus maricas! Não agüentam nem uma subidinha dessa?
— P-ra vo-você é f-fácil f-falar, Ja-Javé. V-vai pra o-onde q-quer q-quando q-quer. Co-como v-você f-faz isso?
— Ah, copiei de Star Wars. Aquele negócio lá de teletransporte que o Doutor Spock usa.
Javé mal acabara de falar quando um sujeito surgiu de trás de uma pedra. Cabelinho cuidadosamente penteado, roupinha engomada, óculos presos com um elástico na nuca.
— Aham… Perdoem-me interromper a conversa, mas tenho algumas correções a fazer. Primeiro, é Star Trek, não Star Wars. E é Senhor Spock, não Doutor Spock. Além do mais, o…
Ele não teve tempo de terminar: Foi reduzido a cinzas por um raio.
— Odeio trekkers. Ô raça. Mas onde é que a gente estava?
— Você eu não sei, Javé. A gente tava apedrejando um cara lá embaixo.
— Ah, é. Mas vamos continuar com as leis. Deixa eu ver aqui… Ah, o Ano Sabático. Seguinte: Lá em Canaã cês vão cultivar a terra normalmente por seis anos. Mas o sétimo ano será como um sábado para o solo: Vocês vão deixar a terra descansar. E será assim a cada sete anos: Nada de cultivo. E mesmo que cresça alguma coisa na terra por si só, vocês não vão poder colher.
— Péra, e a gente vai comer o quê? Maná?
— Mané maná! Chega da maná, dá um trampo danado fazer isso. Só de pensar que vou ter que mandar maná pra vocês por quarenta anos já me dá desgosto e…
— Q-QUÊ? Q-QUARENTA A-ANOS??? Cê t-tá di-dizendo que a-ainda v-vamos fi-ficar Q-QUARENTA A-ANOS va-vagando p-pelo de-deserto?
— Er… Aham… Claro que não Moisés, claro que não! Foi um erro de cálculos. Tenho que produzir maná por quarenta anos por razões contratuais, essas complicações legais, sabe?
— Hum.
— Então. Mas respondendo à primeira pergunta: No ano anterior ao Ano Sabático, a terra produzirá o suficiente para alimentar vocês no ano seguinte.
— É? E se não produzir?
— Porra, Arão, vai por mim. Eu sou é deus, tá me ouvindo? DEUS! Se eu tô dizendo que cês vão ter boas colheitas antes do Ano Sabático, é porque vão ter. Oras! E vamos em frente. Bom, cês vão contar, também a partir de quando chegarem a Canaã, sete semanas de anos.
— Se-semanas de a-anos?
— É, Moisés. Porra, não é difícil de entender. Quantos dias tem uma semana?
— Se-sete.
— Então! Uma semana de anos tem sete anos. E quantos anos são sete semanas de anos?
— …
— Sete vezes sete, Moisés!
— …
— ARGH! Arão, fala pra ele.
— Fácil! Sete vezes sete dá quarenta e sete.
— QUARENTA E NOVE!
— Bah, foi por pouco.
— Pfff… Bom. Então, quarenta e nove anos. No ano seguinte será o Jubileu.
— Po-porra, Ja-Javé, e-então p-por que não fa-fala l-logo a ca-cada ci-cinqüenta a-anos?
— Ah, quarenta e nove mais um você sabe fazer, né? Ignorante… Tá, a cada cinquüenta anos vocês terão o Jubileu. No Dia do Perdão do ano do Jubileu vocês vão mandar um homem tocar trombeta por todo o país. Vai ser uma turnê legal pro cara, e vai servir para anunciar o Jubileu. Esse será o ano da libertação: Todos os que tiverem sido vendidos como escravos voltarão para suas famílias, e todas as terras voltarão a pertencer a seus donos originais. Olha que beleza!
— Ah, uma beleza mesmo! Imagina, o cara é vendido e pensa: “Mas tudo bem, daqui a cinqüenta anos eu tô livre”…
— Má vontade sua, Arão. Se o cara foi vendido um ano antes do Jubileu, será libertado no ano seguinte.
— É, aí já é negócio.
— Tô falando, esse Jubileu é um puta negócio legal.
— É, mas tem um furo aí. Suponha que eu venda uma terra minha para o Moisés um ano antes do Jubileu. No Jubileu ele terá que me devolver a terra, certo?
— Certo.
— Puta prejuízo pro cara!
— É nada, já pensei nisso. O preço das terras será calculado com base nos anos que faltam para o próximo Jubileu. Quanto mais perto o Jubileu estiver, menor será o valor da terra.
— Boa…
— É, eu sou foda. E vamos em frente. Deixa eu ver aqui… Ah, leis a respeito de propriedades. Seguinte: Quando um terreno for vendido, seu antigo dono será o primeiro a ter o direito de comprá-lo. Se alguém ficar pobre e precisar vender parte de suas terras, um parente próximo deverá comprar de volta o que ele vendeu. Mas se ele não tiver parentes, e um dia voltar a ter dinheiro, terá prioridade na compra de suas antigas terras. E mesmo que ele permaneça na pindaíba, o terreno será devolvido a ele no ano do Jubileu.
— Q-que be-beleza! De-depois de a-apenas ci-cinqüenta a-anos!
— Não torra, Moisés, ou eu torro você.
— …
— HUMPF. Deixa eu continuar. Ah, essas leis não valem para casas que ficam em cidades muradas. Nesse caso, o antigo dono só tera prioridade de compra no primeiro ano, depois disso, bau-bau. Nem no Jubileu ele tem a casa de volta. A não ser que seja um levita, levitas têm privilégios, vocês sabem. Mas casas que fiquem em cidades sem muralhas são como terrenos, valem para elas as mesmas leis do Jubileu e coisa e tal. E é isso.
— Ah, foi rápido.
— É. Tem mais uns troços aqui, coisas sobre ajudar os pobres, não emprestar dinheiro a juros, tratar bem os escravos. Mas é tudo bobagem, passo pra vocês por email. Beleza?
— Be-beleza.
— Então vamos em frente, que falta pouco pra terminar o Levítico.

9 comments

  1. achei seu blogger muito d+, engraçado e talws.., vi um link pra ká la no blogger do assunto de mulher, que tambem e um blogger que eu adore… e eu vou ser leitor assiduo do seu blogger!
    me visite..

  2. oProfeTa!
    Porra, porque é que acabaram com essa lei… Ano que vem seria meu ano sabatico!!! Uff…
    Se não me engano, é com base nesse evento que os estudantes de profecias usam como base para calcular ‘tempo’, as 70 Semanas Proféticas de Daniel por exemplo!!! Mas isso é lá pra frente!!!

Deixe uma resposta