— Ô J-Ja-Javé, e-e-esse ne-negócio de p-p-pragas não t-tá dando ce-certo…
— Ô, Moisés, confia em mim! Eu sei que pra você tá sendo foda e tal, mas cê não tem idéia do quanto foi divertido ver o Egito coberto de rãs. E agora vai ser mais legal ainda.
— L-Lá v-vem…
— Porra, Moisés, cê tem que ser mais motivado. Essa próxima vai ser muito legal. É o seguinte: Fala pro Arão bater com a vara dele na terra.
— P-pra q-q-quê?
— É surpresa. Vai, fala lá.
— A-ai… A-A-Arão, bate c-com a va-vara no ch-chão.
Arão fez conforme Moisés pedia e na mesma hora todo o pó do Egito se transformou em piolhos. Os bichos infestaram as pessoas e os animais por todo canto.
O Faraó estava na boa no palácio, assistindo uns filmes, comendo pipoca, quando sentiu uma coceirinha na cabeça. Foi coçar e sentiu com os dedos os piolhos andando sobre o couro cabeludo.
— Ô, merda… Só me faltava essa. Rei do Egito piolhento não dá, porra. Cadê meus servos? SERVOS!
Os empregados vieram, e o Faraó estranhou todos se coçando daquela maneira.
— O que tanto vocês se coçam, estrupícios?
— O senhor não tá sabendo, Faraó? É uma praga de piolhos em todo o Egito, pegou as pessoas e o gado.
— Ufa, pensei que fosse só comigo… Mas isso aconteceu assim, de repente?
— É. Andam dizendo que é coisa daqueles dois velhos hebreus lá, Moisés e Arão.
— Ah, puta que pariu, de novo? Cadê o Mister M?
— Disse que ia andar de pedalinho no Nilo com o Cid Moreira.
— Pois podem ir chamá-lo.
Em alguns minutos Mister M compareceu ao palácio, ele também se coçando.
— Está com piolhos, Mister M?
— Parece que sim, majestade.
— Isso é mais um daqueles truques dos hebreus.
— Tô sabendo.
— Mostra aí pra gente como é que eles fizeram esse truque.
— Hum… Eu já tentei, Faraó, não deu certo. Os caras transformaram os grãos de poeira em piolhos, essa eu nunca tinha visto, nem ouvido falar. Não sei não, mas acho que esse tal deus deles aí é cheio de mumunhas mesmo.
— Puta merda, você é um imprestável mesmo.
— Não, Faraó, vai por mim: Ninguém nunca fez isso. Talvez fosse uma boa idéia deixar esses caras irem até o deserto. Eles transformaram água em sangue, depois fizeram surgir aquele monte de rãs, agora esses piolhos. Quem sabe do que são capazes? Melhor não arriscar…
— Ora, por Osíris! Eu sou o Faraó, porra! Não vou me deixar intimidar por dois mágicos de quinta categoria. O sangue e as rãs desapareceram, o mesmo vai acontecer com os piolhos.
— Mas enquanto não desaparecerem, vai ser um inferno.
— Bom, quanto a você eu não sei. Eu vou raspar a cabeça.
— E os hebreus?
— Bah, que se fodam os hebreus!
É, convenhamos, essa praga dos piolhos nem foi tão assustadora assim. Se o cara viu toda a água virar sangue e não deixou o povo ir embora, imaginem se ia deixar com um problema menor. Dessa vez deus mandou muito mal.