Depois de sete dias, toda a água do Egito voltou ao seu estado normal. O Faraó estava sossegado em seu palácio, sendo abanado por dois eunucos e comendo tâmaras recém-colhidas, quando Moisés entrou.
— F-F-Faaaa.. F-Fi-Fi-Fó-Fa-Faaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa… Af-Af-Fe-Fi-Faaaaaaaaaaa…
— Faraó?
— É. F-Fa-Faraó! V-vo-você não de-deixou o p-p-povo de I-I-Israel ir. E-Então todo o E-E-EEEEEEEgito será c-co-coberto de r-r-r-r-rãs.
— Ai, ai… Que saco isso, viu? Preferia quando seu irmão falava, esperar você terminar suas frases é um porre.
— Pois que seja, Faraó. O que meu irmão Moisés está dizendo é que as rãs vão subir do Nilo e cobrir toda a terra do Egito. Entrarão nas casas, pularão sobre vocês, estarão esperando os egípcios em suas camas. Você abrirá a torneira e sairá uma rã. Ligará a TV e verá uma rã apresentando o Jornal Nacional. Levará uma linda donzela para seu leito e descobrirá, tarde demais, que é uma rã. Rãs por todos os lados! Rãs! Rãs!
— Tá, tá, já entendi. Rãs. Cobrindo todo o Egito. Conta outra.
— Ah, quer ver? Prestenção…
Arão levantou sua vara. Fez-se silêncio no palácio. Depois de cinco minutos, sem que nada tivesse acontecido, o Faraó começou a rir.
— HAHAHAHA! Cadê as rãs, Arão? Hein? Bah, é cada uma. Agora saiam daqui, que eu estou cansado de olhar pras suas caras de múmia.
— Mas…
— Mas porra nenhuma. Tchau. Mas essa das rãs foi muito boa, viu? Talvez eu contrate vocês como bobos da corte. Rãs! Boa! Hahaha! Haha… Ha… Peraí. Que barulheira é essa lá fora?
(CROAC! CROAC! CROAC!)
— Ah, Arão, você é ventríloquo também? Que barato! Que mais cê sabe fazer? Ah, definitivamente, preciso te contrat…
O Faraó foi interrompido pela invasão de rãs no palácio. Elas vinham aos montes, pulando umas sobre as outras, um verdadeiro mar de anfíbios.
— AAAAAAARGH! Que porra é essa? Como você fez isso???
— Javé é foda, Faraó.
— Javé de cu é rola! MISTER M!!!!!!!
Mister M veio correndo para ver o que acontecia. Viu aquela cena repugnante, milhares de rãs se contorcendo no piso do palácio, e rapidinho repetiu o truque.
— Muito bem, Mister M! Mas peraí… Os caras fizeram vir as rãs. E essas que você fez aparecer são pererecas.
— Ué, eu prefiro pererecas.
— Ah, faz sentido… Mas será que não dá pra fazer uma mágica para sumirem tanto as rãs como as pererecas?
— Er… Veja bem… Fica difícil, ainda não cheguei nessa parte da apostila e…
— INCOMPETENTE! Ô, Moisés… Será que não dá pra você sumir com essas rãs não? Se você der um jeito de normalizar a situação. eu deixo seu povo ir ao deserto para a tal festa.
— J-Jura?
— Palavra de Faraó.
— T-tá b-bom. V-v-vou falar com J-Ja-Javé a-a-amanhã e ele d-dá um j-j-jeito.
— Amanhã? Mas por que não hoje, Moisés?
— Ah, e-ele tá no s-s-sítio agora, o c-ce-celular d-dele tá fo-fora da á-área de c-cobertura.
— Hum. Tá bom, beleza. Mas amanhã sem falta, hein?
— E aí a g-g-gente po-pode ir?
— É isso aí.
— Fe-feito.
No dia seguinte Moisés falou com deus, e ele matou todas as rãs. Foi uma merda do mesmo jeito, milhões de rãs mortas, aquela fedentina e tal. Mas pelo menos o Egito estava livre de mais uma praga, e essa durara apenas um dia. Após alguns dias de trabalho, os garis conseguiram limpar a área e o Faraó se esqueceu de sua promessa.