Ok, tudo muito bom, tudo bonito, a família reunida depois de tantos anos, aquela coisa toda. Mas a fome continuava, cada vez pior. O povo de Canaã e do Egito ia comprar comida com José. Agora imaginem: como a terra não produzia nada, os caras não tinham como ganhar dinheiro. E sendo obrigados a comprar comida de um lugar só, foi rapidinho pro dinheiro acabar. Então foram falar com José.
— Seu José, pelamordedeus! Nosso dinheiro já era e a fome continua. O senhor vai deixar a gente morrer de fome?
— Eu, hein? Que que eu tenho com isso? Ficam aí gastando com bobagens, não guardam dinheiro, não investem, e agora é problema meu? Meu cu.
— Mas nós gastamos tudo comprando comida do senhor! O senhor cobra o preço que quer!
— Claro que cobro o preço que quero, oras. Se acham caro, vão comprar na concorrência.
— Não tem onde comprar, só o senhor tem comida pra vender.
— Azar então.
— Seu José, o que vamos fazer?
— Ai minha santa! Olha, vou quebrar o galho pra vocês, tá bom? Tragam os animais de vocês e eu dou comida em troca.
— Puxa, nossos bichos…
— Ué, eu nem devia estar negociando com uns vagabundos esbanjadores feito vocês.
— Tá bom, então. Melhor do que morrer de fome.
Então todos traziam seus animais e trocavam por comida. Foi assim durante um ano, até se acabarem os animais também. E lá foram eles de novo falar com José.
— Seu José, não temos mais animais para trocar por comida. Por favor, nos ajude.
— Ora, e eu tenho cara de Madre Tereza? Na-na-ni-na-não. Se virem.
Desesperados, os egípcios ofereceram suas terras como pagamento e a si próprios como escravos do Faraó.
— Ai, também não é pra tanto, né? Vamos fazer assim: As terras de vocês passam a pertencer ao Faraó. Em troca das terras, dou comida e sementes a vocês, pra poderem semear a terra. Aí de tudo o que colherem vocês dão vinte por cento pro Faraó. Tá bom assim?
O negócio não era muito bom, pensando bem. Do pouco que iam conseguir colher, ainda iam ter que abrir mão de um quinto. Mas para quem tinha acabado de se oferecer como escravo a proposta de José era uma maravilha, e foi prontamente aceita por todos. Com isso, José conseguiu fazer do Faraó, além de soberano do Egito, proprietário de todas as terras do país. Bichinha safada, esse José.
Essa historinha aí foi só um interlúdio. Ainda temos o que falar da família, como por exemplo do juramento que Jacó exigiu de José. Mas isso só no próximo capítulo.