Hum… Acho melhor vocês lerem o último capítulo. É que foi há tanto tempo que é capaz de neguinho nem se lembrar. Leram? Então vamos em frente.
O Faraó pensou, pensou, chegou a uma conclusão e chamou seus conselheiros.
— E então? A idéia da bichinha é boa. Acho que não há ninguém melhor que ele para exercer esse cargo. E vocês, o que acham?
— O que achardes, Majestade.
— Como quiseres, Alteza.
— Sua opinião é a verdade, Soberano.
— Ora, vão puxar o saco das respectivas putas que lhes pariram! Não sei por que perco meu tempo perguntando as coisas a vocês. José!
— S-Sim, Alteza…
— Venha cá! Estou vendo que não há ninguém tão entendido quanto você em todo o Egito.
— Ah, não é pra me gabar, Alteza, mas de fato eu sou o maior entendido da região.
— Não nesse sentido, cáspita! Estou falando de sabedoria, esse negócio todo. Eu resolvi botar você como governador do Egito. Só eu estarei acima de você, e nada será feito sem o seu consentimento.
— Ai, Alteza… Não sei nem o que dizer… Eu… Eu… Ai, acho que vou des-fa-le…
— Vai desfalecer lá no inferno, fresco. Recomponha-se, você agora é governador da porra toda.
— Pois não, Alteza.
E assim José ganhou o maior dos poderes no Egito, abaixo apenas do Faraó. O soberano entregou seu anel sinete a José, de forma que a assinatura dele valesse tanto quanto a do Faraó. Deu ainda a ele um colar de ouro e roupas de linho fino. Como se não bastasse, desfilou junto com o hebreu em carro aberto pelo Egito, ordenando que todos se ajoelhassem perante José. Pense numa bicha feliz. Pois era José.
Depois da presepada toda, com José atirando beijinhos para o povo, voltaram ao palácio.
— José, agora só preciso trocar esse seu nome hebreu para algo mais egípcio.
— Ai, alteza! Pode ser Cleópatra? Pode? Pode?
— Não, José.
— Ah, mas por que não?
— Porque Cleópatra é quase dos tempos de Cristo, e ainda estamos no primeiro livro do Velho Testamento.
— Nossa, que atraso!
— Não me culpe, o tal cara do Jesus, me chicoteia! é que é um preguiçoso e não acelera esse negócio. Mas como eu ia dizendo, vou mudar seu nome. A partir de agora você se chama Safnat-Paneah.
— Ah, Faraó, seu senso de humor é…
— Meu senso de humor é o cacete. Pra sua informação, Safnat-Paneah significa salvador do mundo
— Hum… Não gostei muito não. Que tal alguma coisa mais clean, mais cool, mais in?
— Ué, virou bicha que escreve em jornal agora? Não senhor, seu nome é Safnat-Paneah e pronto. E digo mais: você vai se casar.
— Ah, aqui no Egito é permitido? Posso escolher um rapaz, então?
— Rapaz o cacete, sua gazela deslumbrada. Você vai se casar com Asenate, filha de Potífera, que é sacerdote da cidade de Om.
— Ai, que lindo casal! Safnat-Paneah e Asenate. E aí, vamos ter três filhas, Xerox, Fotocópia e Autenticada?
— É bom você parar, já está me irritando. Amanhã mesmo você se casa e começa seu trabalho. Você vai percorrer todo o Egito armazenando os mantimentos desses sete anos de fartura.
— Tá. Posso pelo menos ir à cerimônia montada?
— NÃO! Agora some daqui!
Como não havia escolha, José (sim, José, não vamos ficar escrevendo aquele nome comprido e feio toda hora) desposou Asenate e começou seu trabalho: Andou por todo o Egito administrando o armazenamento de alimento para os sete anos de fome. Ele tinha lá seus controles de quanto armazenava, mas a fartura era tanta que ele desistiu de contar depois de um tempo. E antes que viesse a fome, José teve dois filhos, Manassés (que significa aquele que faz esquecer, porque José estava esquecendo de todo o sofrimento e do desgosto que tivera com os irmãos) e Efraim (frutífero, porque estava frutificando na terra em que tanto havia sofrido). Quando perguntavam a ele se estava feliz, ele respondia:
— Só digo três palavras: Abalou Paris em chamas!
— Foram quatro.
— Hein?
E então acabaram-se os sete anos de fartura e começou a fome. Quando o povo foi reclamar com o Faraó, ele ordenou que fossem procurar o governador. José abriu os celeiros e vendia o alimento aos egípcios. E não só a eles, porque havia tanta comida armazenada que gente de todo canto vinha ao Egito comprar o que comer. Aliás, vieram uns caras de Canaã também, vocês já devem até desconfiar. Mas isso fica para o próximo capítulo.
só não entendi por que “bichinha”? qual o fundamento?..o resto tá até legal