Os Pikachus flutuantes já começaram com sua influência nefasta: Tive um pesadelo esta noite, um negócio meio Hotel California.
Uma senhora de meia-idade ia andando pela rua. Começou a chover muito forte e ela correu para dentro de uma escola para se proteger da chuva. Devia ser época de férias escolares no sonho, porque só havia três pessoas na escola: uma velha, que tinha cara de quem trabalhava na secretaria, um senhor que devia ser o bedel e uma servente. Receberam muito educadamente nossa amiga, a servente trouxe chocolate quente para ela, tudo uma beleza.
Enquanto esperava a chuva passar, ela foi dar uma volta pela escola. Aí é que o bicho começou a pegar, mas não lembro direito o que aconteceu. Ela começou a ouvir umas vozes, a sentir um vento frio. Tentava voltar para a secretaria mas não encontrava o caminho e sempre saía no mesmo corredor. Depois de muito lutar para achar o caminho, já assustada demais, acabou saindo por acaso na secretaria. Começou a contar o que acontecera. O bedel e a servente saíram em silêncio e a secretária ficou ouvindo. Terminada a história, a velha começou a rir, primeiro só um sorriso de canto de boca que foi crescendo até virar uma gargalhada meio maluca. Nessa hora a cara da velha mudou de alguma forma, mas não consigo lembrar direito. Acho que os olhos dela ficaram esbugalhados e meio amarelos. E as mãos dela eram como garras. Com um salto ela já estava com as garras no pescoço da mulher, sem parar de rir. As duas lutaram muito. A mulher perdeu um olho e estava muito machucada, mas conseguiu se desvencilhar da velha e correu para a saída. Quando já estava do lado de fora, ouviu a velha gritar “Você não pode sair, querida!”. Ela riu, afinal já tinha saído.
Aí aconteceu um negócio esquisito. Já na calçada, a chuva recomeçou e ela meio que perdeu o controle do próprio corpo. Voltou correndo para a escola, embora não quisesse fazê-lo de forma alguma. Entrou e lá estavam os três, que a cumprimentaram educadamente como da primeira vez. Ela sabia que não podia ficar ali, mas o corpo não obedecia. Ela queria gritar, mas só ouvia sua própria voz dizendo “Boa tarde, que chuva, não?”. E compreendeu que estava condenada a passar por tudo aquilo de novo, e de novo, e de novo…