Jacó, como vocês já devem ter percebido, não era besta: Não ia aparecer na frente de Esaú na maior cara-de-pau. Então resolveu enviar mesangeiros ao irmão mais velho, para que dissessem o seguinte:
— Esaú! Que beleza de homem que você está, que olhos, que cabelos, que tórax, que bíceps! Olha, Esaú, temos uma mensagem do teu servo, Jacó. Ele diz que morou com Labão, tio de vocês, esse tempo todo, e trabalhando para ele, enriqueceu. Então ele envia esta mensagem ao senhor, que ele considera como patrão dele, que é para o senhor ficar contente. Ele diz também que vem ao seu encontro, com toda a humildade.
Pois bem, os mensageiros foram dar esse recado a Esaú e voltaram com a resposta:
— Jacó, falamos com Esaú e ele diz que também está vindo te encontrar.
— Ora, mas que beleza!
— É, e com ele estão vindo quatrocentos homens, tudo com sangue nos zóio.
— Epa…
Se Jacó ficou com medo? Se borrou todo! Imaginem, se ele já temia o irmão, que era bem maior que ele, imagine então o medo que sentiu ao saber que Esaú vinha com quatrocentos homens! Certo de que Esaú e seu bando vinham para acabar com tudo, repartiu o povo que andava com ele, assim como os rebanhos, em dois bandos.
— Bom, que Esaú vem pra botar pra foder, disso não tenho dúvida. Mas ele vai destruir um bando e o outro se salva, e espero que seja o meu.
Em momentos assim, a gente sempre busca ajuda onde pode, e por isso Jacó resolveu lembrar-se de deus:
— Ô, deus! Lembra de mim, né? Então. O senhor me prometeu um monte de coisa, que ia me acompanhar pelo meu caminho, que eu seria pai de uma grande nação e tal e coisa. Mas tá vendo agora? Esaú vem aí, e tá com uma raiva danada. Ô, deus, vê aí se me protege, porque tá foda o negócio. Não deixa Esaú me matar não, nem as minhas mulheres ou os meus filhos.
Esse negócio de pedir proteção a deus foi só por garantia. Jacó era um cara prático e sabia que tinha que fazer alguma coisa, e não ficar fiando-se na ajdua divina. Por isso, para amolecer o coração do irmão, reservou para ele um presentinho: duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos, trinta Audis e duas Mercedes. Entregou cada manada a um servo e deu ordem a eles que fossem na frente, deixando espaço entre as manadas. Assim, o primeiro que encontrasse Esaú diria:
— Esaú, este é um presente do seu servo Jacó, que vem vindo aí atrás.
Certamente Esaú pensaria “O desgraçado pensa que pode me comprar com duzentas cabras e vinte bodes?”. Aí o segundo servo apareceria com a outra manada e contaria a mesma história, que já aplacaria um pouco a ira de Esaú: “Hum… Duzentas ovelhas, vinte carneiros. Já dá um bom rebanho. Talvez eu mate só o Jacó e deixe a família dele em paz”. Ao receber o terceiro presente, Esaú já estaria se contentando em não matar Jacó, só cortar-lhe as pernas e os braços e furar-lhe os olhos. “Isso porque eu sou seu irmão e não te quero mal, hein?”. Resumindo, o plano de Jacó era esse: água mole em pedra dura etcetera etcetera. Quando Esaú visse os Audis e as Mercedes pensaria “Porra, o moleque virou o Silvio Santos! Ah, aquilo tudo foi bobagem de criança, vou deixar pra lá”. Era isso, pelo menos, que Jacó esperava.
Se foi isso que aconteceu? Ah, esperem pelos próximos capítulos!
só pra ajudar na conservação do blog, vim reportar um anagrama espontâneo… na palavra ajuda neste tópico saiu ajdua.
eu como bom fã da bagaça aqui quero fazer algo de útil também
Muito boa a historia , vc tem inspiração msm;hehhehe