Pois bem, onde estávamos? Ah, sim: Jacó casou-se com suas duas primas, Léia e Raquel, esta por amor, aquela por pilantragem de seu tio — e agora sogro — Labão. Ia me esquecendo de dizer que cada uma delas levou consigo uma serva: Léia levou Zilpa e Raquel levou Bila. Essas duas serão importantes na história que segue:
Até agora Jacó viveu sua vidinha, e deus não interferiu em nada, só lançou mão de uns efeitos especiais para impressionar o cara. Como já vimos, Jacó amava Raquel, e só se casou com Léia também por força das circunstâncias. Mas deus não gostou desse negócio e resolveu meter o nariz onde jamais fora chamado, tornando Léia fértil e Raquel estéril, para que Jacó passasse a amar também a primeira esposa.
E Léia pegou a parir um atrás do outro: primeiro foi Ruben (que significa eis um filho), porque comemorou seu nascimento dizendo: “Arrá! Deus me ouviu, agora o Jacó vai passar a me amar”. Parece que não, porque quando nasceu o segundo rebento, ela disse “Deus viu que eu era desprezada, e me deu mais este” e chamou-o Simeão (deus ouviu). Mas Jacó continuou com aquele xamego com Raquel, e quando nasceu o terceiro moleque, Léia o chamou de Levi (unido), dizendo: “Agora vai, porra! Jacó vai se unir a mim!”. Nada mudou, e o quarto menino foi chamado de Judá (louvor), porque ainda esperava que o marido lhe desse atenção: “Dessa vez eu vou louvar ao senhor, será o Benedito?”.
Além de ter que conviver com esta mulher à qual não amava (mas que comia com certa freqüência, pelo visto), Jacó tinha também que administrar o gênio ruim da esposa amada, Raquel, que um dia veio falar com ele:
— Jacó! Se for pra eu não ter nenhum filho, eu prefiro morrer!
Jacó, claro, ficou muito puto:
— Porra, Raquel! Minha parte eu estou fazendo, e muito bem! Se você não engravida, isso é problema seu com deus, tenho nada com isso não!
Relevando esse negócio de “minha-parte-eu-faço-muito-bem” (homem sempre se engana quando o assunto é desempenho sexual, todo mundo já sabia disso naquela época), Raquel propôs que Jacó dormisse com Bila, sua serva, para que ela parisse sobre os joelhos dela. Sim, é isso mesmo que vocês leram: Bila ia ter o filho sobre os joelhos de Raquel. Bem pior que o tal juramento com a mão sob a coxa, né não? Mas era uma forma de simbolizar que a criança nascida naquele momento não pertencia legalmente à mulher que lhe dera à luz, mas sim à outra, que a recebera nos joelhos. Puta negócio desagradável, que poderia ser perfeitamente contornado com um simples contrato de adoção. Mas quem sou eu para criticar a cultura alheia? O fato é que Jacó mandou o bilau na Bila (argh!) e ela ficou grávida. Esse primeiro filho de Raquel foi chamado Dã. Não, Dã não significa retardado! Significa fazer justiça, porque Raquel disse: “Deus me julgou, viu que minha irmã era mesmo uma mocréia, e me deu um filho”.
Nosso amigo Jacó começou a gostar desse negócio de variar as parceiras: mandou ver com Bila de novo e a guria embuchou mais uma vez. Raquel disse “Tô lutando feito uma condenada com a minha irmã, mas tô ganhando!” e chamou o filho de Naftali, que quer dizer lutando. Não sei qual é a relação com a naftalina. A luta contra as baratas, talvez… Bom, não vem ao caso. O que nos interessa é que Léia viu que estava perdendo mais terreno ainda — se é que tinha algum para perder — e entregou a Jacó sua serva Zilpa para que ele a engravidasse, para depois ela dar à luz sobre os joelhos dela, aquele mesmo lenga-lenga. “Ôpa, é pra já”, disse Jacó, e não perdeu tempo: Zilpa ficou grávida e Léia disse “Que sorte, puta que pariu!” e chamou o filho de Gade (boa sorte). Jacó se deu bem com Zilpa também, tanto que ela teve outro filho, que Léia chamou de Aser (feliz), pela óbvia alegria que mais este filho lhe causou.
Depois de tanto pular de cama em cama, Jacó ficou meio prejudicado. Qualquer uma das quatro vinha com muito nhenhenhém, e ele logo dava um jeito de escapar, inventava uma desculpa qualquer, dizia que estava cansado, essas coisas. Pois então: um dia Rúben, o primogênito, saiu para o campo e trouxe umas mandrágoras para Léia. Ora, as mandrágoras eram consideradas afrodisíacas, e Raquel veio logo falar com Léia:
— Léia, me dá essas mandrágoras aí.
— Ah, sua piranha! Acha pouco ter me tomado o marido, agora quer também as mandrágoras do meu filho?
— Marido? Faz-me rir! Jacó anda broxa que só ele! Vamos fazer o seguinte: você me dá essas mandrágoras e pode dormir com ele esta noite.
O trato foi feito, e no fim da tarde, quando Jacó vinha voltando do campo, Léia foi ao seu encontro, toda serelepe. Olhou-o bem nos olhos (ou seja, olhou para algum ponto à direita do ombro de Jacó, tadinha da vesguinha) e disse:
— Jacó, hoje você não escapa: vai dormir comigo, porque eu te aluguei por esta noite.
A primeira reação dele, claro, foi tentar inventar logo uma desculpa. Mas aquela coisa toda das mandrágoras era muito parecida com a história do guisado de lentilhas. Se ele não aceitasse a negociação feita entre suas duas mulheres, corria o risco de mais tarde ouvir alguma delas questionando a forma como obtivera seus privilégios de filho mais velho. Então foi e deitou-se com Léia. Esta engravidou, é claro, e deu ao seu quinto filho o nome de Issacar (presente), porque considerou que era um presente de deus por ela ter mostrado desprendimento ao entregar Zilpa a Jacó. E ainda teve mais um filho e chamou o pequerrucho de Zebulom, que significa eita nome feio da porra. Brincadeira. Zebulom quer dizer morada porque ela achou que agora, com seis filhos, Jacó ia finalmente morar com ela. Depois ela ainda teve uma filha, mas como o nascimento de uma menina não era motivo pra comemoração naquele tempo, ela não disse nada e apenas pôs na garota o nome de Diná (julgada).
Só a essa altura deus se lembrou de Raquel e resolveu que era hora de ela ter um filho também. Raquel engravidou e teve um menino a quem chamou José (aquele que acrescenta), porque pensou, aliviada: “Puxa, finalmente deus se lembrou de mim! Tomara que ele me acrescente outro agora”.
Recapitulando: além de Diná, que não era levada em conta pelos padrões da época e do local, os filhos de Jacó até agora são Ruben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom e José. Ainda falta um para completar as famosas Doze Tribos de Israel. Mas isso é mais para a frente, por enquanto guardem apenas o nome de José (não é difícil, podem chamá-lo de Zé). Esse cara ainda vai ser importante na nossa história.
Gostei dá forma como você aborda a Bíblia, a leitura fica mais divertida. Só alguns erros como “só lançou mão de alguns efeitos especiais para impressionar o cara” não tem nenhum na minha Bíblia. E também “…tornando…Raquel estéril.”, na Bíblia não diz que foi Deus que tornou Raquel estéril…ela pode ter nascido assim.
No mais eu gostei. Só não entendi “Jesus, me chicoteia!”. Se der…me mande um e-mail me respondendo.
SHALOM ADONAI
Victor Vasconcelos, Sara Nossa Terra-DF
olá, é muito boa sua mensagem tirando os palavrões,
acho que você tem que ter respeito com a palavra de Deus,existe maneiras de tornar a leitura divertida mas sem exagero.
que Deus abençoe a sua vida!
Nossa, que horror esses palavroes com a palavra de Deus!!!!!!