Hoje eu fui ao Masp

Há quem pense que eu não ligo pra cultura. Nada mais longe da verdade. Como prova disso, fui ao Masp hoje. O prédio do Museu de Arte Moderna de São Paulo foi inaugurado em 1947 na Avenida Paulista. É famoso por seu vão livre de 74 metros. Nos fins-de-semana, dezenas de pessoas saem de todos os cantos da cidade para se reunir nesse vão livre e praticar uma atividade cultural da maior importância: a troca de figurinhas da Copa do Mundo. Dizem que dentro daquele bloco de concreto que fica em cima do vão tem uns negócio de arte também, mas não sei. Eu fui lá pra trocar figurinha mesmo.
Saí de casa com a missão de encontrar as 76 figurinhas que me faltavam e reduzir o bolo de 130 repetidas. Marquei com uma amiga japonesa (amigas japonesas são indispensáveis nessas ocasiões) e fui para lá meio avexado: não queria parecer muito nerd. Cheguei ao vão do Masp, encontrei a japa e uma multidão. Sentada no chão, a japa já trocava suas figurinhas com uma dupla de rapazes. Logo uma moça juntou-se ao grupo. Depois de cinco minutos sentado no chão, parei de sentir o pé direito. Mas pelo menos não estava mais constrangido, e mais ainda ao ver um outro grupo que tinha ido lá para brincar com espadas de isopor e papelão. Eram adolescentes e levavam muito a sério seus duelos. Olhando para eles, vi que eu não era nada nerd.
(Só depois pensei que eles devem ter olhado para mim, um gordo careca de 35 anos trocando figurinhas numa tarde de sábado, e pensado a mesma coisa.)
A japonesa precisou ir embora logo, então fiquei entregue à minha própria sorte. Me levantei e fui até a mureta para sentar direito e marcar as figurinhas que já tinha trocado. Depois disso, percebi que nem precisava procurar muito. Era só segurar o bolinho de figurinhas na mão, olhar em volta e esperar. Logo alguém vinha, “Tem figurinha pra trocar?”, e começava mais uma negociação. Vi todo tipo de gente. Um garoto de seus 4 ou 5 anos pegou com o pai a pilha com umas 300 figurinhas repetidas e começou a me mostrar uma por uma.
— Cê tem essa? — e me mostrava a foto do jogador.
— Sei lá! Deixa eu ver o número… Hum… Já tenho.
— E essa?
— Xeu ver… Já tenho
E ficamos nisso por um bom tempo, até ele me mostrar uma que eu não tinha. O pai, muito jovem, se desesperava ao ver o moleque tirar as figurinhas da ordem numérica. No final, pai e filho ficaram com quatro figurinhas minhas e eu peguei quatro deles. Antes de terminar, outros já esperavam do lado para negociar também. Um senhor de uns 65 a 70 anos de idade veio com a esposa e dois bolinhos de figurinhas. Um era do neto, eu acho. O outro era do casal. “Essa aí é do nosso ou do fulano?” Vi um rapaz magrinho sentado num canto e fui ver o que ele tinha. Era muito arredio, não me deixou tocar nas figurinhas dele: em vez disso, me pediu para ler os números que ainda não tinha. Ele tinha quatro figurinhas de que eu precisava. Agradeci e estendi a mão para cumprimentá-lo. Ele estranhou, eu acho.
Conforme fui trocando as figurinhas, foi ficando mais difícil achar as que faltavam. Começou a chover, e um pessoal chegou para montar as barracas da feirinha do Masp. Saí, fui jantar, depois vim pra casa. Agora só me faltam seis figurinhas. Aliás, se alguém as tiver e quiser trocar com alguma das minhas repetidas, dê uma olhada e me avise. As que me faltam:

85 – 144 – 201 – 315 – 403 – 583

Vou ver se no próximo sábado eu vou a outro encontro de troca de figurinhas. Talvez não no Masp. Estou muito velho para ficar horas sentado no chão, em muretas e outros lugares desconfortáveis. Há quem diga que eu estou muito velho pra colecionar figurinha também, mas eu quero é que se foda.

*   *   *

No meio dessa zona toda, encontrei um leitor do blog, Emanuel. Disse que lia o JMC desde o tempo em que ele era preto e vermelho amarelo (o blog, não o Emanuel). Os leitores deste blog freqüentam os piores lugares, credo.

16 comments

  1. Putz,
    Nos anos 70, acho que em 73, completei um album do campeonato brasileiro e, com isso, ganhei um jogo de panelas para minha mãe.
    Nunca mais completei album algum. Acho que passei da idade. Hehehehe

  2. Hahaha! Era preto e amarelo, Marco! Não preto e vermelho!
    (Ou ele foi preto e vermelho por um tempo e eu não lembro!)
    Só fico devendo as figurinhas. Não tenho nenhuma das que você precisa!

  3. Minha meta é comprar a quantidade de pacotinhos que dê EXATAMENTE o número de figurinhas que cabe no álbum. Daí eu vou trocar as repetidas e terminar o álbum sem ter nenhuma sobrando!

  4. marcos, tenho a 85. estarei em sp esse fds… se vc ainda trabalhasse na berrini seria mais facil lhe entregar, ja que meus pais moram do lado do shopping morumbi.. onde posso te entregar? abs

  5. To negociando o lugar do Ronaldinho Gaucho no meu album! Alguem interessado? Faço a montagem no Photoshop e depois scaneio, tiro retrato.. o que a pessoa quiser…Pensem bem… atacante da seleção brasileira numa copa! É um lugar de boa localização, do lado do Robinho e em cima do Adriano! Aliás… alguem ta interessado em entrar no lugar do Adriano??

  6. Também dei muita risada com o trecho do epílogo que esclarece o que era preto e vermelho ou amarelo. Completei o album que foi febre(na verdade era uma coleção de ‘cards’, ou cartões sem album pra colar, que eram publicados com o anglicismo ‘card’) da copa de 1994. Talvez não tenham feito sucesso, pois é a única coleção que fiz de copa do mundo, (acho que colecionei albuns de um ou outro brasileirão, mas não guardei) e ao puxá-la pra comentar aqui, vi que o fichário plástico que armazena cada país, apresenta o defeito de não estarem grudados à estrutura, como num album de figurinhas.
    Completei esse de 1994, mas isso porque após a conquista do tetra, vi que valia à pena enviar o formulário e a taxa à editora (Multi Editora, pelo que vejo aqui nas letras miúdas dos cartões). Só imagino que falte alguns cartões, pois lembro de outras vezes em que puxei a coleção, vi o defeito dos envelopes que armazenam os cartões, pois se não ficam perpendiculares ao piso, cedem à força gravitacional.
    Algo curioso é que, mesmo que não vejo por aqui, lembro que na capa do fichário de envelopes dos cartões, estava a foto de um único jogador do brasil, com a bola nos pés: CAFU. Essa coleção foi publicada em 1994, e o CafU nem foi titular naquela copa (acho que nem entrou em campo, mas ao menos lembro que Jorginho foi elogiado na lateral direita, especialmente pela Elke Maravilha).
    Nada como a boa e velha (não é a Elke, nem o Emanuel) ironia do destino; Cafu foi capitão na conquista mais triunfante de nossa geração, a convincente conquista de 2002.

  7. Aqui no Alphaville, em todas as bancas eles trocam figurinhas. Mas é claro que tem algumas que valem por duas. Mas você vai ficar fazendo o que com esse monte de repetidas né?
    Graças a Deus já completei o meu. Iupiiiii!
    (Esse gritinho foi muito nerd…)
    PS: Devo ter sei lá quantas, vou anotar os seus números e se tiver te falo.

  8. tenho os números 85/144/ 583.
    Moro na Liberdade
    Trabalho na Paulista X Min Rocha Azevedo (manhã e almoço lá).
    Como entrar em contato?

  9. As que faltam para mim são:
    9 / 13 / 42 / 58 / 110 / 121 / 162/ 163 / 231 / 239 / 246 / 263 / 280 / 296/ 322 / 337 / 399/ 405 / 493 / 513 / 521 / 530 / 546/ 552/ 554/ 565/ 579/ 597/ 606 // ao todo faltam 29 figurinhas, levarei amanhã as figurinhas no trabalho para trocar com outros que colecionam. Tentarei tirar mais algumas deste rol.

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