Complicação, crise evolução, resolução

Segura, que eu vou abrir meu coração. Sentaí, espie.
COMPLICAÇÃO

Depois de três semanas no emprego novo, escrevi minhas primeiras matérias para a revista. Eu vinha escrevendo notas para as newsletters semanais e entrevistando gente para essas matérias. Eu não gosto muito dessa fase de apuração, então foi um alívio chegar à parte que me dava prazer de verdade. Apurar envolvia interação com pessoas, pesquisa, conciliação de agendas. Escrever era um ato solitário: era só deixar a inspiração fluir, derramar fios de ouro pela tela do computador e me recostar para receber os elogios com modéstia fingida.

Só que quando comecei a escrever, percebi que tinha feito todas as perguntas erradas nas entrevistas, que tinha dedicado pouco tempo à apuração e que o texto ficaria capenga. Mas eu tinha um prazo a cumprir, então escrevi. Ao entregar as matérias, avisei logo ao chefe que não estavam lá essas coisas.

No dia seguinte, ele me chamou para conversar sobre os textos. De fato, ele disse, estavam ruins. Muito ruins. Iam sair assim mesmo, porque não dava mais tempo. Mas eu tinha produzido notas boas, era capaz de coisa muito melhor do que aquele negócio disforme.

O chefe é um cara bondoso, então depois me contou histórias de outros repórteres, passados e atuais, que entregaram coisa muito pior da primeira vez. Minha vaidade filtrou essa parte. Eu só conseguia pensar que estava no lugar errado, que nunca conseguiria o que aquela gente queria de mim. Eu queimava de vergonha, e queria sumir da sala, do prédio, da cidade, do mundo.
CRISE EVOLUÇÃO

1. Flashback
Tanto me chamaram de inteligente a vida toda, que eu acabei pensando que era algum tipo de gênio. Eu captava tudo de primeira, com a maior facilidade. Meu cérebro era uma esponja de absorver informação, um computador de processamento rápido, grande capacidade de armazenamento e conectado ao mundo. Não havia para mim pior ofensa do que “esforçado”. “Fulano é muito esforçado”, alguém dizia, e eu logo pensava que o cara era retardado.

Espie.

Eu tive uma bicicleta quando era criança. Tinha aquelas rodinhas atrás. Depois de um tempo, adquiri confiança para tirar as rodinhas, e me equilibrava bem em cima da danada. Então como é que até hoje, aos 33 anos de vida, eu não sei andar de bicicleta?

O negócio é que chegou a hora de aprender a fazer curvas, subir e descer ladeiras, essas coisas. Para isso, eu precisava sair do conforto do quintal dos fundos e ir pedalar na rua junto com as crianças normais. Mas isso implicaria em reconhecer para todo mundo que eu não sabia andar de bicicleta.

Anos depois, criei minha versão do motivo pelo qual não sei andar de bicicleta: um amigo gordo foi me visitar, sentou na bicicleta, ela quebrou. Justo na época em que eu estava começando a aprender de verdade. Meus pais não podiam comprar outra. Fim da história.

A verdade é que meu amigo nem era tão gordo assim, coitado. A verdade é que a bicicleta quebrou porque estava enferrujada, após mais de três anos de abandono.

A verdade é que eu não sei andar de bicicleta porque não suporto admitir minha ignorância.

E esse é só um de muitos casos.

Espie.

Lembro um dia, eu estava na segunda série. Cheguei em casa desolado depois de passar o dia tentando entender a divisão entre números de mais de dois algarismos. Depois de dominar sem problemas soma, subtração e multiplicação, sentia-me estúpido perante a divisão. Em casa, comecei a fingir que resolvia as contas passadas pela professora, sem conseguir fazer nada. Meu pai perguntou se estava tudo bem e eu desatei no choro. Demorei para contar a ele qual era o problema. Quando contei, foi com vergonha.

Ele me explicou, eu acabei aprendendo. Mas acho que até hoje ele não entendeu nada. E eu até hoje tenho medo de divisões.

Uma vez eu tive febre porque não conseguia fazer uma planilha fazer funcionar direito, e tinha gente esperando a planilha ficar pronta. Não era nada de trabalho. Na verdade, eu estava fazendo um favor para a pessoa. Fiquei com febre a noite inteira.

Eu desisti de duas faculdades e só tirei carteira de motorista aos 30 anos. Tinha uma historinha inventada para isso também. Mas adivinhem qual foi a razão principal?

2. Tentativa e erro
Muita coisa aconteceu no ano em que cheguei aos 30, aliás. Comecei a namorar minha menina, e ela me deu a coragem de que eu precisava para mudar. Aprendi a tratar bem minha família imitando a família dela. Aprendi a dirigir. Pedi demissão e fui ser jornalista.

Isso tudo foi há mais de três anos. Eu me sentia no topo do mundo. Já dirigia relativamente bem — sabia até fazer baliza. Colegas e leitores elogiavam meus textos. Até me casei, vejam vocês.

E então um negócio esquisito aconteceu. Comecei a me sentir dono da situação. O medo de mostrar minha ignorância voltou. Saí do emprego. Fui trabalhar em outro lugar, era muito ruim, saí também. Comecei na nova editora há um mês.

A nova editora é totalmente diferente de qualquer lugar por onde passei antes. O chefe acredita que devemos contar histórias (ou estórias), e nos enche de livros e teorias sobre o ofício de escrever. Eu anoto as lições em papeizinhos que grudo na parede.

Não conte, mostre.

Escada da abstração.

Complicação-crise-resolução.

Sempre pergunte o nome do cachorro.

Ação não é igual a movimento.

Espie.

Eu achava que vinha me saindo bem. A cada semana o chefe editava menos os meus textos, e eu via que estava evoluindo. Aí escrevi aqueles dois textos para a revista, os dois ficaram ruins, o chefe detestou e eu entrei em parafuso.

Mas resolvi que ia me dedicar ao máximo para escrever o próximo texto. Imprimi minhas entrevistas e fiz anotações nas margens. Liguei para os entrevistados mais uma, duas, cinco vezes. Espalhei as folhas das entrevistas pelo chão da redação, e ficava andando por cima delas, lendo, tomando notas e tentando extrair um eixo lógico daquele emaranhado de informações. Os colegas começaram a dizer que eu era o cara do filme Uma Mente Brilhante. Achavam que logo eu ia começar a escrever nas janelas e acusá-los de ligações com a KGB.

Nem liguei. Defini meu tema, Fiz meu esboço, liguei uma última vez para dois entrevistados e comecei a escrever. Pelo final, para assim saber para onde o texto se dirigia. Li, reli, cortei, inseri detalhes, melhorei as cenas, procurei no dicionário as palavras mais adequadas. Às oito da noite, disse ao chefe que estava pronto e fui pegar um café. Sentia-me realizado. Tomei o café, voltei para minha mesa e resolvi dar uma última lida no texto.

Estava uma bosta.

3. Eureka
Peguei o ônibus na intenção de ir para a faculdade; desci antes e peguei outro ônibus de volta para casa. Ir à faculdade para quê? No trabalho é como se eu começasse a fazer as primeiras escalas, solfejar feito um demente, arriscar um “Cai, cai, balão”. Na faculdade, os professores dizem: “O piano é de madeira. Toquem!”. Aí sai aquele monte de BOINK-SHINK-PFUÓIN e eles reclamam: “Que desastre é esse? Eu não disse que o piano é de madeira? Por que vocês não tocam?”. Na faculdade, destaca-se o cara que sabe fazer um acorde, que conhece as teclas, que decorou uma musiquinha e improvisa sobre esse mesmo tema o tempo todo. O cara que não é um ignorante total em termos de piano, mas que também nunca será um pianista.

Por muito tempo eu me conformei com o papel do pianista charlatão. Não mais. Se escrever é minha paixão e também paga minhas contas, eu tenho a dupla obrigação de dominar o ofício. No entanto, depois de um mês de aprendizado, lá estava eu sentado no último banco do ônibus na direção do centro da cidade, cabeça baixa, sem ânimo para ler, só pensando no fracasso de dois textos e na mediocridade de um terceiro. Talvez esse negócio de escrever não fosse para mim.

Mas cheguei em casa, jantei com minha menina, vimos um filme, rimos como sempre. E, assim como na eureka original de Arquimedes, a revelação me veio durante o banho — à uma da manhã.

Não havia nada de errado com o texto, com as frases, com a escolha de palavras. O problema todo era a estrutura. Os dois primeiros parágrafos eram uma enrolação sem-vergonha, uma falta de respeito com o leitor. Se eu movesse o terceiro parágrafo para o começo, já apresentaria logo de cara meus personagens e a situação em que se meteram, e os dois parágrafos vilões passariam a ter a virtude do pano-de-fundo e do flashback. Com a nova estrutura, eu teria como colocar informações dos outros personagens sem forçar sua entrada na história.

Arrá!

Saí correndo do banho e mandei um e-mail para o chefe. “Já leu a matéria? NÃO LEIA!”.
RESOLUÇÃO
Parece que esse negócio de inspiração existe mesmo, mas está longe de cair do céu. Só depois de muito estudar, de muito ler, de muito espremer o cérebro é que ela surge. E surge mais bela e completa ainda, porque é fruto do esforço consciente, e não de processo misterioso, além do meu conhecimento. Esse texto de que falei não vai ter nada de mais. Apenas um texto tecnicamente correto, ou quase. Quem ler, talvez não o classifique como “inspirado”. “Esforçado”, no máximo.

É isso que eu sou agora: um sujeito esforçado.

40 comments

  1. Teu sofrimento também é o meu, sempre que entrego um texto. Como trabalho com jornalismo em internet, a tentação de deletar tudo o que publico é quase incontrolável depois de alguns meses. Acho até que conseguiria fazer coisa melhor se tivesse mais tempo, mas meus deadlines são sempre asfixiantes (4 horas entre apuração, redação e edição, em média).
    Acaba ajudando em algumas coisas – a não enrolar no primeiro parágrafo, por exemplo – mas, em compensação, deixa tudo sem graça, sem muito sabor.

  2. Pedi demissão pra ir pra um emprego melhor que vou fazer algo que gosto e que é tipo a um quilômetro ou menos da minha casa. Entrei nas Americanas ontem (este não é um comentário pago, bando de putos) e comprei cadeado, bomba e uma bicicleta. O legal é que eu não ando de bicicleta há catorze anos. Reflita.

  3. eu tb sou uma criatura esforçada. Tb tive as mesmas crise que tu. Mas agora, reconheço q não sou gênio que sempre acharam que eu era. Mas tudo bem. Como vc percebeu, basta encarar a nossa imperfeição e segurar as pontas.

  4. eu sou estudante d comunicacao, qro jornalismo e já tenho experiencia com a profissao por causa do estagio q faço. me identifiquei bastante com o txt. antes de tudo, tb fico mt incomodado qnd n entendendo algo e, dependendo do q for, me sinto envergonhado. mas pra mim isso é algo bom, pq eu simplesment n consigo ficar com uma dúvida na cabeça. só queto o facho dps d tirá-la.
    qnt às materias em si, acho q seu txt mostra bem todo o processo de criação do txt, todo o cuidado q temos (ou, no mínimo, devemos ter) qnd queremos a melhor combinacao d uma materia, uma noticia, etc: textos sem furos de apuracao, de interpretacao e bem escritos.
    descobri esse blog pelo blog do FDR, gostei bastant. abraço.

  5. Também tenho esse problema de inspiração demais e transpiração de menos. Preciso me esforçar mais, até pensei fazer uns cartazes e pendurar pela casa pra não esquecer disso.

  6. “A verdade é que eu não sei andar de bicicleta porque não suporto admitir minha ignorância.”
    Uma das coisas mais geniais e verdadeiras que jà li. Jà fiquei gravemente doente por não conseguir ser perfeita (hoje eu sou).

  7. Entende agora porque eu enchia o saco para você ler minhas matérias cabeção? Dos 7 anos em que passei na editora, creio que em apenas três ou quatro matérias de capa me deixaram satisfeito com o próprio texto. E isso é muito engraçado/estranho. Lembro-me de uma matéria que penei para escrever, achei uma bosta no final e quando a revista saiu foi uma das mais elogiadas não só pelo povo da redação, mas pelos leitores. Afinal, quais são os critérios de um bom texto? Isso se assemelha muito com a questão de ética. O que é ética para uns não é para outros.
    Sempre achei seus textos ótimos, tinham ritmo, boas sacadas, leveza. Pelos critérios de estrutura e estilo que o seu chefe me contou, não sei se gostaria dos seus textos hoje. Entende como tudo isso é foda? E o pior é que todo mundo acha que escrever é a coisa mais simples do mundo, que uma matéria sai assim, do nada, que com as informações na mão basta sentar e em meia hora pronto, sai um texto digno de prêmio de jornalismo.
    Boa sorte aí mano.

  8. Ler este texto ouvindo Why Does My Heart Feel so Bad e em seguida One of these mornings do Moby é emoção pura!
    texto escritos do coração são muito mais verdadeiros e expressivos do que textos cheios de regras, infelizmente, para ganhar dinheiro com o coração, só vendendo no mercaod negro.
    Parabéns! Abraço!

  9. Oi, azeitoninha!!! he eh he he
    É uma lição difícil aprender que somos ignorantes, que não sabemos nada, que somos iguais a todo mundo. Pelo menos agora a gente tem consciência disso… somos humildes. Ohhh!!! he eh ehhe
    Concordo com todo mundo: vc escreve bem. E vai escrever melhor ainda, quando dominar as técnicas. 😉
    E lembre-se: mentalize azul, azul, azul!!! eh eh eh eh

  10. Um momento de verdade! Acho isso muito bonito. Quando deixamos de ser um cartoon para ser uma pessoa de verdade. Parabéns por ter a coragem de se desnudar tanto!

  11. sempre ouvi falar que o cérebro é um negócio que não funciona muito bem sob pressão. por isso não é bom estudar na véspera do vetibular, o bom é: mandar a informação e relaxar, e como uma sementinha que brota, a solução surge. Eu costumo estudar um pouco, e dormir, não é raro sonhar com o “eureka”.

  12. Mais um para o clube. Nêgo ficar lambendo tuas bolas achando que tu é o cara não te ajuda em nada. Só passei a fazer as coisas com um pouco mais de sentido quando larguei tudo de mão.
    Também um cara esforçado.

  13. Eu sei exatamente o que vc sentiu, qdo eu ia lendo seu texto tive todas as sensações, sou filha única e cresci em uma casa aonde eu era a inteligênte ,a linda a tudo.
    Passei por todos esses estagios, até habilitação tirei tarde. Depois de um tempo de terapia assumi minha ignorancia tb, e hoje tb me sinto uma pessoa esforçada e feliz , foi como um processo de cura,fico feliz por vc , a vida fica mais gostosa depois disso .

  14. Sabe, continuo curtindo o modo como você desenvolve seus textos, depois de tanto tempo sem dar um pulo por aqui. Claro que estranhei o “Espie”, acho que estou desatualizado das gírias de sampa, mas enfim… isso que dá mudar para outra cidade e passar a vida internado na rotina trabalho-faculdade.
    Tenho a mesma idade que você, e tirando o misterioso processo de auto-consciência que se abateu sobre mim durante estes 3 anos e meio em que passei isolado de todos, creio que não fiz nada demais. Ainda não tirei a carta – e ainda não encontrei motivos para tirar. E creio que esqueci como se anda de bicicleta. Meu medo hoje em dia não é ser considerado um cara esforçado, ainda sou mais inteligente do que alguns mortais, mas isto é por causa da comparação.
    Hoje em dia a única coisa que temo é o Alzheimer. Mas ainda não voltei a tomar biotônico.
    Abraços, e sucesso no novo emprego. Pelo menos me parece que na vida pessoal, melhorou 100%.

  15. Pude perceber que vc seguiu a regra complicação-crise-resolução nos seus últimos posts. Quer ver?
    “Encruzilhada” seria a complicação. “A verdade…eu acho” seria a crise, muito bem descrita pela senhora sua esposa. E este último “Complicação, crise, resolução” seria a própria resolução.
    Resumo: vc sabe escrever. Pode parar de drama agora, rsrs.

  16. Show Marco.
    Acompanho o blog sempre, mas raramente comento. Isso que você passou, me acomete de tempos em tempos e nunca sei o que fazer.
    No final, sempre volto para o computador e escrevo com o que tenho a mão. As vezes acho uma bosta, e todo mundo gosta, às vezes acho o melhor texto do mundo, e todo mundo acha uma bosta.
    Infelizmente a vida de jornalista é assim.
    Abraços
    Ps: Você está morando no Centro? Moro lá também, vamos marcar uma cerveja (ou suco se você não beber) e trocar umas idéias sobre isso ou qualquer bobagem?

  17. vc so ta perdido, akele texto dos freegans e os mendigos, com certeza não foi ”mediocre” ou ”esforçado”, mas sim genial, vc so precisa de tempo pra se lembra de quem vc e?

  18. Esse texto ficou muitíssimo bom.
    As pessoas passam por fases, por novidades, têm que lidar com mudanças. Parece que mudar sempre foi um dos nossos maiores problemas. Mas uma hora a gente aprende com isso. Você mesmo mostra que já aprendeu mais do que esperava. Aos poucos nos habituamos a controlar melhor nossos impulsos, o que sentimos, o que fazemos e nos tornamos pessoas mais completas.
    É o que de fato importa.
    Você descobre aos pouquinhos quem é na realidade, sem deixar de ser, de todo modo, o garoto inteligente de sempre.

  19. Para o Irmão,
    Você disse que o Caio Lemos era um imbecil. Mas você reparou que apesar da escrita toda truncada, cheia de “qnd”s e “td”s, ele não comete nada que possamos realmente chamar de um “erro gramatical”. Ele não erra a concordância e não escreve “profiçaum” ou “concigo”…
    Devo dizer que eu só me dei ao trabalho de ler o que ele escreveu porque foi chamado de imbecil. Mas me assombra perceber que ele torceu a grafia sem torcer a língua portuguesa…

  20. tu brincou com “expie”, ou viajei?
    *
    esse post vai me fazer pensar. por ele, lembrei da zappa, a professora de gramática que arruinou a minha fuvest.
    *
    estou com medo de abrir a geladeira e encontrar a luz a que tua mulher aludiu.
    *
    publica isso aqui não.

  21. Rapaz, quem é capaz de reescrever o Genesis e outros livros da Biblia e quase me matar de rir pra mim é um excelente escritor. Adoro seus textos e seu blog.
    Beijos

  22. Antes vc sabia escrever de forma clara e fazer o leitor se mijar de rir. São duas qualidades incríveis, vc escrevia bem. Os comentários aqui eram como gargalhadas. Eu adoro esses textos. Depois de uma semana ou um mês, vc podia perguntar sobre a história e todo mundo ia dizer: “puuuutz, aquele Salomano é duca”.
    Escrever bem é vago. O escritor, de fato, faz o que quer com o leitor. Faz rir, faz chorar. Faz o leitor levantar da cadeira e querer mudar de vida. Faz o leitor lembrar da porra do texto, de detalhes fundamentais, dez anos depois.
    Vc deu mais um passo pra ser esse tipo de escritor. E aí um dia vc me ensina (afinal cê tá nessa cadeira, né, não seja mal-agradecido).

  23. o problema é quando a gente está acostumado a fazer uma coisa e quando outras surgem, a gente acha que pode fazê-las da mesma maneira. eu sofro até hoje com isso. trabalhei trezentos milhoes de anos em rádio e por hobby, escrevendo contos, crônicas e o caralho de asas. agora que sou repórter de tv, montar uma matéria pra mim é um suplício. justamente por cada um necessitar de um “quê” diferente. meu chefe é quase um santo, os editores chefes praticamente meus pulmões. se fosse em outro lugar eu já tería rodado lindamente.
    agora essa questão de ego é foda. qnd se recebe elogios demais, por mais humilde que se tente ser, o orgulho acaba subindo à cabeça.

  24. Cara, nao sou jornalista, mas tambem escrevo. Nao visito o blog (agora site?) com frequencia, mas esse texto e bem a cara de quem diz que vai dormir as 23h, e so cai na cama de cansaco as 02h, depois de passar as horas em claro no faber castell e no sulfite a4.
    Nao ha outra maneira para quem e perfeccionista, hehe.

  25. alguém teve coragem de tirar a máscara na frente do público.
    Parabéns por esse ato, resultou num belo texto e numa boa ação (graças, não estou só nesse mundo!)!

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