O outro lado e um mea culpa

Minha amiga Ieda e os leitores Daniel e Rafael me deram um toque sobre a resposta da livraria para a história toda. Vocês podem ler a resposta aqui e aqui. Nessa comunidade do orkut há toda uma discussão sobre o assunto. Na íntegra:

Gostaríamos de esclarecer alguns pontos sobre a acusação feita por Leonardo Cuisse Araújo em carta publicada no DCI de quinta-feira, 8 de maio de 2008, na coluna assinada por Sebastião Nery. Leonardo é funcionário da Livraria Cultura e está afastado desde abril de 2007 por motivos de saúde. Ele iniciou tratamento médico contra um câncer em agosto do ano passado e teve todos os custos cobertos pela seguradora de saúde com a qual a Livraria Cultura mantém contrato desde abril de 2006. Como a quimioterapia oral (uso do medicamento Temodal) prescrita para Leonardo não tinha cobertura do plano de saúde, conforme cláusula contratual, e seu custo era extremamente elevado, a Livraria Cultura decidiu arcar com esta despesa para que Leonardo pudesse seguir seu tratamento adequadamente. A Livraria Cultura pagou a quimioterapia oral de Leonardo por seis meses e, neste período, se ofereceu para pagar os honorários de um advogado para que ele acionasse judicialmente o Estado para receber dele o medicamento. Afinal, este é um direito constitucional de todo cidadão brasileiro. O funcionário não quis acionar o Estado, sem qualquer justificativa. Mas, em março de 2008 a Livraria Cultura descobriu o porquê. Leonardo já havia acionado o Estado e, através de uma tutela antecipada, já tinha assegurado o direito de receber o Temodal gratuitamente. Dessa forma, tornara-se desnecessário o fornecimento do medicamento pela Livraria Cultura, o que era feito por mera liberalidade.
Diferentemente do que o Leonardo afirma, ele continua associado ao referido plano de saúde. A Livraria Cultura também não mudou de plano de saúde, como Leonardo menciona em sua carta. A seguradora apenas trocou a rede credenciada e, inclusive, Leonardo dispõe agora de duas redes de atendimento, a própria da seguradora e uma rede terceirizada com cobertura nacional. Ou seja, Leonardo continua tendo todo seu tratamento pago pela seguradora e ainda tem o direito de receber a medicação prescrita pelo Estado.
A Livraria Cultura é uma empresa idônea e todos os comprovantes necessários para a verificação da veracidade do que afirmamos nesta carta estão disponíveis em nossa sede, como a tutela do Estado e a apólice em vigor de seu plano de saúde. O seguro saúde empresarial contratado pela Livraria Cultura está de acordo com a Lei 9656/98 e cumpre todas as exigências da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Sem mais,
Livraria Cultura S.A

Ou seja, é possível que eu, tão metido a cético, tenha caído numa armadilha. Pior: posso ter influenciado outros. Por isso, peço desculpas a vocês. A história pode ser verdadeira ou não, mas eu não tinha o direito de publicar só um dos lados. Nada a ver com regras do jornalismo, mesmo porque este não é um blog de jornalista. Por decência mesmo. Agora releiam a história do funcionário, a resposta da livraria, e tirem suas conclusões. Eu, de minha parte, concluo que vou esperar mais desdobramentos e comprar pipoca pra ver a briga.

11 comments

  1. Acho que um cara praticamente condenado teria outras preocupações, além de começar tititi descabido com uma empresa que, mesmo que tenha se disposto a ajudar, não é mãe de ninguém.
    Que role a porrada.

  2. Como eu já disse antes, já trabalhei lá, já vi que tipo de pessoas são os donos da empresa. Se a informação fosse de que eles têm parte com o canho e usam isso pra foder os funcionários, eu acabaria acreditando, mesmo com meu ceticismo em relação a entidades sobrenaturais.
    Uns amigos de dentro da livraria me deram informações bastante esclarecedoras a respeito do outro lado da história, até em defesa da postura da empresa. A situação não é TÃO preto-no-branco quanto pareceu a princípio, mas, conhecendo o Léo e conhecendo a livraria cultura, se me perguntassem quem está errado, apostaria todas as minhas fichas na livraria, sem pestanejar.

  3. Pô, que pena que era lorota do carinha. Eu gosto tanto quando descubro que a maldade humana não tem limites.
    Se bem que, pô, o tal do Leonardo fez uma maldade bem razoável (maldade “boa” o bastante para substituir a que se pensava ser a verdadeira): além de dar golpe no plano de saúde, no Estado e na empresa, ainda tentou denigrir a imagem da empresa divulgando aquela carta. Coisa de gênio.
    É… Realmente, não importa o quanto a gente pense que as pessoas possam ser ruins, elas sempre conseguem ser mais. Como já dizia alguém que não lembro quem: sempre espero o pior do ser humano e raras vezes me decepciono.
    E estão aceitas as desculpas. Eu deveria mesmo ter verificado a fundo essa história.

  4. E eu acabo de comentar, cheio de sangue nos olhos, a favor da Livraria, no último post.
    Perdões se fui duro demais.
    Ah… continuo do lado da Livraria por conta da mentira que ele contou sobre o plano de saúde cobrir a “quimio” oral.

  5. Na última quarta-feira dia 12 de maio, Leonardo faleceu !
    Não ganhou a ação no Estado, não ganhou cobertura do Plano de Saúde !
    Faltou sensibilidade das várias partes, sobretudo solidariedade e compreensão em momentos como esse !
    Meu protesto ao caos em que se encontra a saúde no Brasil e a insensatez humana.

  6. Sobre o ganho de causa afirmado na carta acima é Mentira deslavada da empresa. Nosso amigo, desesperado, quis se garantir de várias maneiras, o jogo de empurra típico da burrocracia que predomina nos serviços públicos, sobretudo os “privatizados”, infelizmente prevaleceu.

Deixe uma resposta