Quem tem medo do Polzo Mau?

No dia do lançamento do Morte e Vida Celestina, o impecável romance de Alexandre Soares Silva, fui chamado a um canto pelo Polzonoff. Achei que ele fosse me dar beijinhos, mas não. Queria fazer uma pergunta:
— Ô, mané. Tá empolgado com esse negócio de lançar o Balde de Gelo?
— Ah, eu sei lá. Não sou muito de me empolgar, sabe?
— Hum. É porque eu fico me perguntando: pra que botar outro livro no mundo?
— E por que não? Temos uma editora maluca o suficiente para querer publicá-lo, então vamos ver no que dá.
Embora eu parecesse tranqüilo então, a pergunta me apavorou: meu livro seria lançado e o Polzonoff o leria. O Polzonoff, que saiu de Curitiba na calada da noite perseguido por maus escritores, autores teatrais fraquinhos e compositores medíocres munidos de tochas, foices e ancinhos, dispostos a esquartejar o crítico que tanto os fazia sofrer. Está certo que ele amansara um pouco depois do exílio no Rio de Janeiro, mas nunca se sabe. Ele leria o livro, e o queimaria em praça pública num ritual cheio de virgens nuas, caso houvesse virgens no Rio de Janeiro. Medo, pavor, pânico. O livro foi lançado em dezembro, e eu nunca tive coragem de perguntar ao Paulo se ele havia lido. Nem queria saber. Semanas atrás ele me disse que ainda não tinha lido. Entendi tudo: ele lera, achara uma bela porcaria, queria me poupar pela amizade. A desgraça, a desgraça!
E eis que hoje fui surpreendido por esse texto em que Paulo Polzonoff Jr. diz sobre o meu livro coisas que nem mesmo Dona Ana e Dona Maria do Carmo (minha mãe e a de Daniela) ousariam: são tantos os elogios que eu acho que cheguei a ficar vermelho enquanto lia o texto.
Foi um alívio. Com o aval do Polzonoff, sinto como se pudesse enfim dar a mim mesmo o título de escritor, mesmo que ainda um pouco a contragosto. Quanto a vocês, leiam o texto e COMPREM O LIVRO.

14 comments

  1. vou dizer uma coisa, na minha vida fiz teatro e cinema, e com amigos no ramo, qause todos começando, a gente vai lá ver o trabalho dos amigos. O que você faz quando não gosta, se o cara (ou a cara) é seu amigo? entendo o cara.
    Mas o Balde de Gelo… putz, o cara vacilou na demora.
    li o site, o artigo e o livro comprei quase de suas mãos na Travessa.
    só não me apresentei pra você não ficar me achando tiete, que eu sou blasé.
    mentira. fiquei com vergonha de dizer “sou a Rosa, aquela que de vez em quando comenta no seu blog…”

  2. Que tal vender o livro para a loja Brazilian Books e facilitar a vida dos ex-patriados, ah? 😉 Só uma dica… 😉 Beijocas!
    P.S: Eu morro de vontade ler esse livro, mas comprar via Saraiva pelo preço de envio de ouro deles, nem que a vaca voe e me traga o livro pendurado nas orelhas. O jeito é esperar a próxima visita a terrinha. 😉

  3. “Nós”, seus mortais leitores tambem ficaremos contentes, no dia que fizer um post, dizendo-se exultado e aliviado em ter sabido, que “nós” lemos e gostamos do seu livro.
    Ciúmes. Liga não.

  4. Depois de algum sacrifício, o livro chegou. Li, apesar de ter lido o blog todo e adorei de novo. Indiquei pro meu marido, que só gosta de livros técnicos. Ele amou, e recomendou para vários amigos, principalmente os recém-casados, como nós. Ele agora acha que eu tenho alguma chance de ser considerada normal. Porque os personagens do balde de gelo é que são doidos, agora… rs
    Não sei quem é esse crítico, mas como todo crítico deve ser um bobão. Mesmo ele tendo elogiado o livro ainda é um bobão. E o livro é ótimo!!!!!!

  5. Ô Bonito, arrume o link para o Malvados, o André saiu do Terra já em um tempo.
    E o urubu, cadê? Ele não gosta da região da Barra Funda por causa do mau cheiro que exala dos estudios televisivos do bispo?
    abraço na boca!

  6. Eu adoro listas do tipo “blogs que eu visito”… Através do blog de um amigo você chega em outros espetaculares! Acabei aqui simplesmente porque me interessei pelo nome do blog… E adorei! Gostei muito dos textos… Sempre que der vou procurar deixar um comentario aqui… Se cuida, beijos!

  7. Marco Aurélio, li o Balde de gelo e simplesmente A-DO-REI!!!!
    Li e emprestei pra várias amigas, fora minha mãe e minha irmã. Todas gostaram muito. O livro nos rendeu boas risadas.
    E, Polzonoff que me perdoe, mas gostei mais do Balde do que do Cabotino!! 😉
    Você e a Daniela estão de parabéns!!!
    Beijinhos e muito sucesso pra vocês.

  8. Marco meu querido, você deveria rever a idéia da terapia. Entendo que você respeite e queira a aprovação de algumas pessoas, mas dar essa importância a uma única opinião é piração. Principalmente porque você tem muita gente aplaudindo o que você escreve.
    Sobre a tristeza do Paulo de não ver os livros em destaque nas livrarias (à venda, por exemplo, na Saraiva e na Siciliano – redes de livrarias que raríssimas pequenas editoras conseguem entrar e que as grandes precisam pagar para ter exposição) e na mídia (Revista Multishow, Portal Vírgula, Capa do Caderno de Cultura de Jornal Estado de Minas e Super Interessante), o Paulo, acompanhando o funcionamento da Candide como acompanha, deveria saber como essas coisas funcionam e não desistir delas. Basta as pessoas se perguntarem em que livrarias estão ou ficaram expostos os livros dos nossos conhecidos publicados pela Conrad, Agir, Churros, Candide etc. Vou ligar pra ele dia desses e explicar. 🙂

Deixe uma resposta