A morte de Saul e de seus filhos

(I Samuel 31)
Davi estava muito ocupado matando amalequitas quando, longe dali, os filisteus atacaram Jezreel com força total e ordem de não fazer prisioneiros. Os israelitas não resistiram por muito tempo: saíram em debandada e acabaram cercados no monte Gilboa, onde foram massacrados. Tendo matado a maior parte dos soldados, os filisteus trataram logo de identificar a família real. Primeiro mataram os três príncipes: Abinadabe, Malquisua e Jônatas, o grande amigo do exilado Davi. Voltaram então a atenção para Saul, um pelotão de flecheiros saiu no encalço do rei. Sabendo que não tinha como escapar, Saul teve um inesperado surto de lucidez, falando para seu escudeiro:
— Rápido, rapaz! Tira sua espada e me atravessa com ela, para que eu não morra nas mãos desses filisteus de pinto pelancudo.
— Queisso, majestade? Erguer a mão contra o ungido de Deus?
— Vai logo, porra!
— Sei não, sei não…
— Puta que pariu! Tem coisas que a gente tem que fazer sozinho mesmo…
Dizendo isso, Saul desembainhou sua espada e lançou-se sobre ela, morendo antes de ser alcançado pelas flechas inimigas. Vendo que seu senhor jazia morto, o escudeiro resolveu acompanhá-lo e jogou-se contra sua própria espada, suicidando-se também.
Ao ver que o exército israelita fora dizimado, e que a família real não existia mais, o povo que morava além do vale de Jezreel e a leste do Jordão abandonou suas cidades, que foram imediatamente ocupadas pelos filisteus.
No dia seguinte, voltando ao monte Gilboa para despojar os mortos, os filisteus encontraram os cadáveres de Saul e seus filhos. Cortaram, então, a cabeça do rei e o despojaram de suas armas. Enviaram, em seguida, mesangeiros a toda a Filistia para espalharem a grande notícia. Depois levaram as armas do rei morto e a expuseram no templo de Astarote, e seu corpo decapitado foi pregado nos muros da cidade de Bete-Sã.
Ao saberem dessa humilhação final, os habitantes da cidade de Jabes, em Gileade, ficaram muito indignados. Todos se lembravam de quando Saul, então um rei ainda relutante, os ajudara contra os amonitas que invadiram sua cidade. Sentiam-se em dívida para com o rei morto, e resolveram resgatar seu corpo. Naquela mesma noite, alguns dos homens mais corajosos de Jabes-Gileade foram até Bete-Sã e tiraram de seus muros os corpos de Saul e seus filhos. Carregaram os cadáveres até Jabes, onde foram queimados e enterrados sob uma tamareira. Em sinal de luto pela morte da família real, jejuaram por sete dias.
A primeira experiência de Israel com a monarquia chegava ao fim da forma mais melancólica possível: com Saul e seus filhos mortos e tristemente enterrados, não havia sequer um herdeiro para o trono de uma nação dilapidada, sem exército nem moral. É de se imaginar que alguns israelitas pensavam na anexação à Filistia como solução natural. Os que mantiveram o orgulho, porém, acabaram provando ter razão: tempos de glória esperavam pelo povo de Javé.

8 comments

  1. Caralho Marco!!!
    De onde vc tira essas coisas? e da bíblia mesmo? (Eu nunca lí a bíblia)
    Outra pergunta:
    Você é escritor, ou seja, vive disso?
    Li o balde de gelo e achei simplismente fantástico!!!

  2. Ainda havia um filho de Saul. Ele não morreu sem herdeiro. É verdade que era um filho insignificante, mas de qualquer modo um filho.

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