Davi derrota os amalequitas

(I Samuel 30)
Com a decisão de Aquis de mandar Davi de volta a Ziclague, Saul e Davi se tornaram mais opostos do que nunca: um era um rei aflito, perturbado pelas tenebrosas premonições do finado Samuel, sem nada a fazer a não ser esperar a derrota de Israel e sua própria morte; o outro era um homem feliz, livre do peso de combater os seus, sem que para isso precisasse acovardar-se, liderando seus homens leais de volta à paz de sua cidade. Enquanto Saul esperava em Jezreel pelo inevitável desfecho da guerra e de sua vida, Davi chegava a Ziclague pensando apenas em descansar e ficar com suas esposas.
O descanso, porém, teria que esperar: Ziclague estava em chamas. Os amalequitas haviam invadido a cidade, incendiando-a e levando cativos todos os que nela estavam, inclusive Ainoã e Abigail, mulheres de Davi. O desespero de ignorar o que acontecera a suas famílias foi demais mesmo para homens como eles, guerreiros forjados no deserto e nas montanhas de Israel: de repente eram seiscentos marmanjos chorando entre os destroços da cidade. Alguns dos soldados começaram a falar em apedrejar Davi, tamanho era seu desespero. Naquela situação difícil, Davi precisava pensar rápido para salvar sua pele e, se possível, remediar a situação. Resolveu apelar para um poder superior:
— Abiatar! Ô, Abiatar! Cadê você, porra?
— Aqui, Davi.
— Traz lá aquele seu cachecol com o Umim e o Turim.
— Er… A estola sacerdotal, com o Urim e o Tumim?
— Tanto faz, cacete! O cachecol das pedrinhas, rápido.
— Humpf. Tá aqui.
— Muito bem. Pergunta aí pra Javé se eu devo perseguir os mequetrefes que aprontaram esse furdunço.
— Xeu ver… SIIIIIIIM!
— Hum. Mas será que a gente consegue alcançar os putos?
— SIIIIIIIM!
— ENTÃO BORA FODER COM A VIDA DELES, CAMBADA!
Animados com a chancela divina, os homens se levantaram e acompanharam Davi. Saíram em marcha acelerada no rastro do inimigo. Correram tanto que duzentos dos homens não agüentavam mais dar um passo quando chegaram ao ribeiro de Besor. Davi deixou-os por ali e seguiu em frente com os quatrocentos soldados restantes. Num campo mais adiante, os soldados encontraram um homem todo escangalhado. Pelo sotaque e pela pele tisnada, dava toda pinta de ser egípcio. Levaram-no até Davi e lhe deram pão, água, figos e passas. O homem logo recobrou ânimo, e contou que estava sem comer nem beber havia três dias. Perguntado sobre sua identidade, informou que era mesmo egípcio e escravo de um amalequita.
— O patrão me abandonou porque eu fiquei doente. Também não era pra menos, né? Eu já tenho saúde fraca, e eles ainda inventam de sair fazendo baderna por todo canto, sem descansar.
— Eles? — perguntou Davi — Quem são eles? Que baderna?
— Os amalequitas, chefe. Veja você, atacamos os queretitas, depois Judá, as terras de Calebe, botamos fogo em Ziclague…
— Ah, então foram vocês!
— Bom, modo de dizer, né? Eles, os amalequitas. Eu sou só um escravo.
— Hum. Será que você conseguiria nos guiar até onde está essa tropa?
— Até consigo. Mas só se o senhor jurar que não vai me matar nem me entregar para o patrão.
— Tudo bem, tudo bem. Não te mato, não te entrego. Agora me leve até onde eles estão.
O escravo egípcio, então, guiou Davi e seus homens até o lugar onde estavam os amalequitas. Eram muitos, seu acampamento era enorme, e eles comemoravam com muita comida, bebida e música a grande quantidade de despojos que haviam tomado das terras atacadas. Aproveitando o despreparo e embriaguez dos amalequitas, Davi desceu para atacá-los. A batalha começou ao pôr-do-sol e só foi terminar no começo da tarde do dia seguinte. Ao final, com exceção de quatrocentos rapazes que fugiram montados em camelos, todos os amalequitas estavam mortos. A vitória fora relativamente fácil: embora estivessem em muito maior número, os amalequitas eram apenas arruaceiros do deserto, que se divertiam saqueando cidades e povoados desguarnecidos. Não tinham qualquer preparo militar, e portanto não eram páreo para os bem treinados israelitas exilados na Filistia. Tudo o que haviam saqueado foi recuperado intacto, e todas as pessoas raptadas estavam a salvo. Davi pegou suas esposas e tomou o caminho de volta a Ziclague, com seus quatrocentos soldados felizes com suas famílias, e com todo o gado recuperado, além do despojo.
Quando chegaram ao ribeiro de Besor, os duzentos homens que ali haviam ficado aproximaram-se. Davi cumprimentou-os normalmente, mas alguns de seus soldados, pouco mais avarentos, começaram a confabular:
— Esses caras nem foram com a gente, não merecem o despojo da batalha.
— É verdade. Cada um que pegue sua mulher e seus filhos e vá embora.
— E lambendo os beiços!
— Isso aí!
Davi, porém, acabara de adquirir moral com a tropa, e não pretendia perdê-la tão facilmente:
— Calem a boca! Javé nos deu essa vitória. Não há como concordar com o que vocês estão dizendo. O despojo será dividido em partes iguais, e quem ficou para trás com a bagagem receberá o mesmo tanto que aqueles que foram à batalha.
Mesmo resmungando, os homens obedeceram a Davi. No futuro, o costume de dividir o despojo de guerra por igual viria a ser lei em Israel.
De volta a Ziclague, Davi teve a idéia de adquirir algum capital político com a batalha que vencera: pegou parte do despojo e enviou aos líderes das cidades de Judá que lhe eram simpáticos (de Betel, Ramá, Jatir, Aroer, Sifmote, Estemoa, Racal, Horma, Borasã, Atace, Hebrom), com uma mensagem:

Caro amigo,
Aqui vai um pequeno presente. É parte do despojo que tiramos dos inimigos de Javé, nosso Deus.
D.

Davi não era besta: sabia que sua estada na Filistia não era para sempre, e que precisaria de todo o apoio que conseguisse no dia em que tivesse que retornar a Israel. Não sabia, porém, que algo que acontecera enquanto ele derrotava os amalequitas faria com que seu retorno à terra natal se desse muito antes do que esperava.

7 comments

  1. Essa divisão igualitária de bens q Davi realizou me fez lembrar aquela parábola de Cristo, q conta sobre algumas pessoas q trabalharam um período do dia maior q as outras, contudo o patrão as pagou com a mesma quantia. Já leu?

  2. Jesus te ama !!! Acabou de ganhar um amigo que vai orar por você todos os dias. Não estranhe se você começar a perceber a mão de Deus perto de vc querendo te abraçar.
    Vc me lembra Paulo quando no passado perseguia os cristãos !!! Gostei do desafio.
    Deus te abençoe futuro pregador da palavra de Deus. Através da sua vida milhares de pessoas serão restauradas. Prepare-se !!!

  3. cara bão de tudo!!!!!!!!
    amei a sua visão sessa pasagem
    continue assim
    (so lamento não tre dado conta de copiar para acrescentar em
    meu acervo de estudos
    mas vou orar ao senhor por vc
    e pedir a ti q me envie por e-maill se possivel
    q jesus te abençoe!!!!!!!!!!!!!!!

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