O Evangelho segundo Mel Gibson

Meu primeiro contato com a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana foi aos seis anos. Eu cursava a pré-escola numa sala anexa à igreja Nossa Senhora Aparecida aqui do glorioso Jardim Três Marias. Às vésperas da formatura, a professora nos levou para conhecer a igreja. Lembro-me de ter ficado um tanto desconcertado com o que vi. Acostumado com as paredes austeras da Igreja Batista, foi um choque ver tantas imagens, tantos adornos e rococós. Mas o que mais me espantou foi ver Jesus lá na frente, grandão, dependurado na cruz e com a maior cara de sofrimento do mundo. Eu sabia toda a história da paixão e morte de Cristo, mas a imagem que tinha dele era de um barbudo sorridente que brincava com as crianças, não aquele homem esquálido, grave e moribundo.
O choque repetiu-se com maior ou menor intensidade em todas as outras vezes em que entrei numa igreja católica. Há uns anos, entrei pela primeira vez na Catedral da Sé, e me impressionou ver uma imagem do Cristo morto, deitado num esquife. Esses choques foram gerando uma pergunta dentro da minha cabeça: por que o Jesus Cristo dos católicos é um derrotado? Ou, melhor elaborada: por que o símbolo do cristianismo é a cruz, em vez da pedra removida da porta do sepulcro?
E então veio o filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson. O diretor fez questão de deixar bem explícito o sofrimento de Jesus, sempre que possível com close ups. Parece ter a necessidade de fazer Jesus sofrer muito mais do que os Evangelhos dão a entender. É tão exagerado nos suplícios que a certa altura do filme me perguntei: será que Mel Gibson, lá no fundo, não sentiu um certo prazer com isso? Quanto mais eu penso e me lembro de certas cenas, mais me convenço de que sim.
Mas o prazer inconfessável do diretor não basta para explicar o filme: seu extremo catolicismo deve ser incluído na equação. Com sua história de penitências, venda de indulgências, auto-flagelação (só as primeiras subsistem ainda), a Igreja de Roma quebrou a espinha dorsal do Cristianismo: a idéia de que o Cordeiro de Deus, tendo sido sacrificado e depois ressuscitado, tirou o pecado do mundo. Sendo assim, expressões como “estou pagando meus pecados” não fazem sentido num contexto cristão: seus pecados já foram pagos, paspalho. É curioso que Mel Gibson tenha tirado de seu contexto o trecho do livro de Isaías usado como epígrafe no filme. Tirou toda a beleza do que escreveu o velho profeta:

Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; contudo, nós o consideramos como aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

Considerar Jesus apenas um “ferido de Deus”, e mostrar detalhadamente como e o quanto ele foi ferido (de acordo com suas próprias fantasias), é botar em segundo plano toda a beleza do Cristianismo: cansado de escolher homens para salvarem seu povo, para depois da morte desses homens tudo voltar a ser como era, Deus resolve estender o título de “povo escolhido” a toda a humanidade, fazendo-se ele mesmo homem e se oferecendo como sacrifício para zerar a dívida e reconciliar-se com os homens. Para tal propósito, não importava muito como seria sua morte, mas era imprescindível que ressuscitasse. Não fosse assim, o sacrifício deveria ser repetido periodicamente, o que acabaria cansando o cara (que me corrijam John, Alecrim e Daniel, meus teólogos prediletos, se estou falando besteira nesse resumo do Plano de Redenção visto por um agnóstico).
Mel Gibson não quer saber disso, é claro. Ele precisa gritar: “ESTÃO VENDO? ESTÃO VENDO O QUE O FILHO DE DEUS SOFREU POR VOCÊS? VEJAM QUANTO SANGUE! VEJAM QUANTO SOFRIMENTO! ECCE HOMO!”. Dizem até que, no filme, o braço empunhando o martelo que finca os cravos nas mãos de Jesus é dele, Gibson. Deve ter sido o paroxismo de sua fé, e talvez de seu prazer.

(Ainda vou falar bastante sobre esse filme. Mas acho que já deixei claro que prefiro A Vida de Brian…)

58 comments

  1. Ótimo! Agora vou ir assistir o filme. Mas nunca saquei muito bem porque Jesus sempre está deprimido e sofrendo na cruz. Não é a cruz o sinal do Cristianismo. Por isso prefiro aquele Jesus do Dogma (do filme do Kevin Smith devidamente surrado por ultraconservadores católicos da TFP)! Foi por coisas como essas que me afastei da igreja católica… não me tornei agnóstico, mas é difícil encontrar uma religião institucionalizada que reflita a beleza do cristianismo.

  2. oProfeTa!
    About the movie!! Acho que tudo vai depender muito de quem estpa assistindo e como encara tudo aquilo!! Não duvido que Jesus sofreu mais do que aquilo ali, aliás, não temos como compreender A PAIXAO por inteiro… Como um Deus pode amar tanto essas criaturinhas mediocres que somos?? Enfim… Por essas e por outras que eu prefiro O LIVRO!! Ah, o Bryan tb é foda!!! 😀

  3. Quando você fala : “Deus resolve estender o título de “povo escolhido” a toda a humanidade, fazendo-se ele mesmo homem e se oferecendo como sacrifício para zerar a dívida e reconciliar-se com os homens.”, eu penso cá com meus botões. Seria Deus o precursor da globalização? E se for, será que esta dará tão errado como a tentativa dele de paz entre os homens e blablablá?

  4. O que me parece é que a Igreja Católica é extremamente ritualística. Assim, o significado da palavra é muito menos importante do que o ritual sobre a morte e ressurreição – e isso se comprova quando percebemos que o ponto alto da celebração da missa é a eucaristia, o compartilhar o corpo de cristo ritualmente, com música, concentração etc. A missa inclui ainda ritual de oferenda, ritual de abertura, de finalização etc. A morte de Cristo é repetida anualmente na via sacra. O nascimento de Cristo, no Natal. Desta forma, é bem possível ser católico e jamais ler a bíblia ou sequer prestar atenção na homilia, já que a prática religiosa está principalmente na prática exterior de rituais.
    O protestantismo, que se opunha a isso em sua origem, através dos neopentecostais está se tornando também uma religião cheia de rituais, vendendo água para banho de descarrego, vagas no céu por dinheiro etc.
    Assim, Mel Gibson preparar um Cristo fatiado é uma reafirmação do rito de sacrifício, independentemente de qualquer significado que se possa tirar da morte de Jesus. Não tem lógica em si mesmo, não é racional.

  5. O filme é um desperdício. Nunca essa história havia sido filmada com tantos recursos e competência técnica, mas ele reduz tudo o que podia ter sido dito e mostrado a quase nada. Achei perfeito o que você falou da frase de Isaías no começo do filme e iria mais longe, o trecho usado por ele está para o versículo completo, assim como o filme está para a Paixão de Cristo.
    Li no UOL uma crítica precisa: parece que mandaram a equipe do Cidade Alerta filmar as últimas horas da vida de Cristo. “Que mané ensinamentos que nada, dá rápido um crôze ali na mão dele que vão enfiar um prego.”
    O pouco tempo que o filme “perde” passando algum conteúdo é, claramente, apenas com a função de nos fazer dar uma respirada entre uma sessão de tortura e outra.
    O exagero na pancadaria é tanto que o filme deixa de ser sobre a bondade de Jesus e passa a ser sobre a maldade dos homens. Os protagonistas são os soldados romanos, não Cristo.

  6. Eu não pude ver o filme ainda, então fico com o post e os comentários pra tentar visualizar.
    *suspiro* Inveja, muita inveja de vocês. É pecado capital, é ?

  7. Marco, posso estar enganado mas vc está estendendo sua crítica ao filme de uma maneira que não é correta. Para, ele (Mel) mostar toda a “beleza” do cristianismo, ele deveria mostar a história inteira , mas ele preferiu mostar apenas o lado do sofrimento, que foi deixado de lado em muitos filmes que já foram feitos, mostrando tb a face “humana” dele, i.e., os momentos de questionamento e de dúvida.
    O filme para mim é tecnicamente prefeito, porém por se tratar de um filem que trata de uma tema complexo (religião) nunca chegaremos a um acordo.
    Se vc considerar que eu escrevi muita merda, por favor, não publique meu cometário. Em casa, nós conversamos.
    Abraços
    PS: eu terminaria o filme no momento em que Jesus está sendo retirado da Cruz.

  8. Hunf, esse Mel Gibson é um filho da puta nato, como outros arrombados por aí ele explora a religião de uma forma perniciosa, pra se gerar polêmica e ganhar dinheiro… Já ouvi falar que esse filme contém doses de anti-semitismo e por aí vai… É de se lamentar que essa merda de filme esteje com essa bilhereria monstruosa. É por esses e outros motivos que o mundo está essa palhaçada, este circo de divergências religiosas… Gente se explodindo e matando inocentes por pura religião, e religião, cá pra nós, faz mal a saúde mental. Viva o cristianismo, mas acima de tudo, viva o amor que é a semente criadora desta religião…(yumm,um pouco dramático, eu acho… Abraços minha gente… Abraços Marcurélio…)

  9. Marco Aurélio, você ainda é um crente por dentro dessa carrapaça de agnóstico, hehehe… Mas você está certíssimo: o Cristo derrotado não deveria ser o sinal do Cristianismo… não sei se você lembra, ou se já ouviu aquele corinho sobre a face de Cristo… “Não creio num Cristo Vencido/ Cheio de amarguras, semblante de dor/ eu creio num Cristo de rosto alegre/ Pois creio num Cristo que é vencedor”… mas lembre que no final do filme o Gibson mostra um Jesus ressurreto (embora seja por apenas 5 segundos); a ressurreição dele (em minhan opinião) é sua vitória sobre a morte, que ele por sua vez compartilha com todos nós. Morrer, todos morrem. Mas com a ressurreição de Cristo nós temos também a esperança de sermos ressurretos. A sua morte paga nossa dívida; a sua vida nos dá um presente adicional que nenhum de nós merece… de qualquer forma, excelente post… mas é covardia esperar que o pio Mel Gibson compita com os deuses de Monty Python, hehehe…

  10. Vocês realmente acham que foi demais o flagelo? Que foi uma tortura sem precedentes? É tapar os olhos para a realidade mesmo…Nós, homens, somos muito piores, somos capazes de deixar um criança no mundo morrer de FOME a cada 6 segundos, somos capazes de matar milhões em câmera de gazes, somos capazes de escravizar milhões e levar ao tronco por qualquer coisa…E isso tudo não aconteceu apenas a 2000 anos, foi agora a pouco, há menos de 60 e ainda acontece…
    Agora um homem para sofrer tudo isso por dizer a mensagem de amam-se uns aos outros…só Deus homem mesmo…
    Quando condenam religiões, lembrem-se que estão condenando homens…Quatro paredes não são capazes de nada, mas nossas mentes sim…

  11. Eu também nunca consegui entender porque as igrejas precisam ser tão pomposas se Jesus era um cara humilde. Nem porque o símbolo maior da igreja precisava ser justo o da cruz. Nunca fez sentido pra mim.
    Agora, A Vida de Brian é tudo. Aliás, estão relançando nos cinema dos EUA…

  12. Sobre o filme, tirando duas ou tres cenas de alto impacto, é menos chocante do que o livro Operação Cavalo de Troia. Lá sim o detalhismo com que é narrado o flagelo do messias dá nó no estomago…

  13. Jesus ressucitou coisa nenhuma. Tiraram a pedra e roubaram o corpo do homem. E era o que faltava pra diferenciá-lo de qualquer outro profeta (Brian?) que apareceu por ali.
    Pra mim, o filme passou que Jesus era só mais um Lair Ribeiro de seu tempo, nada além.
    Comentei o filme no meu blog. Bjs

  14. O filme é bom porque não se propôs a mostrar a mensagem do cristianismo. Desde o titulo isso fica claro !
    É um filme que retrata bem o trecho que foi citado de Isaias.
    Claro que tudo depende da ótica para dizer se o filme é bom ou não !
    Violento ? Não achei violento ao extremo porque sei que os soldados romanos eram tão ou mais brutais como o retratado. A história nos mostra isso. E os evangelhos não foram escritos como documentos históricos para detalhar as cenas de tortura.
    É um filme que retrata os sofrimentos de Jesus na mão de um povo semi-primitivo para cumprir a sua missão de redenção. As minhas opiniões sobre a moral e o comportamento do Mel Gibson são quase opostos a minha opinião sobre o filme. Mas ele fez um trabalho que me agradou (e parece que eu não fui o único) então que faço ? Vou esculhambar com um filme que eu gostei só porque não tenho as mesmas opiniões sobre o seu autor ? Não, isso não seria justo comigo mesmo.
    Talvez se os outros filmes que foram feitos sobre Jesus não tivessem sido tão água com açucar nessa parte; a Paixão de Cristo não seria esse sucesso todo.

  15. O filme é bom, só q. o q. dá raiva e q. as pessoas xoram no filme e a maioria xaram por causa do sofrimento de Jesus e não pelo fato de que será q. eu estou levando uma vida descente p/ reconhecer a morte de Jesus por mim?
    A galera ta vendo Jesus como um coitadinho, se liga meu, coitadinho é satanaz akele falido sem vergonha, ninguém matou Jesus pq ele nunca perdeu uma treta, Jesus q. volutariamente entregou sua vida e ficou c/ autoridade p/ pegar de volta e redimir todos os nossos pecados, uuuuffffff!!!! Graça a Deus se não eu tava ferrado.

  16. Em alemão tem uma palavra para isso, “schadenfreude”, que consiste no secreto prazer disfarçado de culpa que o indivíduo sente diante do martírio alheio. É a lógica do cinema de ação, agora com contexto bíblico.

  17. CÂMERA DE GAZES!
    HAHASLKHDALSKHDLASKHDOQIWHODIHAHAHAHA

    Ok, ok, chega.
    John, eu ia justamente escrever isso, que a ressurreição de Cristo serviu para abrir um precedente. Não que eu acredite, claro.
    Petty, esse seu discurso crente-moderninho-semi-analfabeto-viva-Bispa-Sônia me dá nos nervos.

  18. Porra Marco Aurélio, não fala esse nome! Toda vez que eu ouço alguem falar da Bispa Sônia eu sinto menos saudade do Brasil, hehehe… pelo menos até eu abrir qualquer jornal ou revista e ver a cara abismada do George W. me encarando…

  19. Seu argumento é interessante, mas não concordo com ele. Gostei do filme. Por mais paradoxal que possa parecer, é importante entender a dimensão do sacrifício de Jesus – Cordeiro de Deus – porque este sacrifício siginifica a nossa vitória e nossa redenção. Achei ainda o final do filme magnífico.

  20. Vivan, eu só posso falar mesmo por mim: não escrevo sobre BBB porque não assisto e não me interessa; escrevo sobre A Paixão de Cristo porque Jesus é o personagem que mais me fascina na História. Não vou deixar de falar sobre o filme só porque todo mundo está falando (para ser alternativo), assim como não vou falar de BBB só porque todo mundo está falando (para ser enturmadinho).
    E assunto batido por assunto batido, eu faço sátira da Bíblia, o livro mais virado e revirado do mundo.

  21. Marco, obrigado por você ter postado este têxto hoje, lendo-o pude compreender o Marco humorista, sarcástico, inteligente e poraí vai que eu não quero ficar aquí puxando o teu saco; e o Marco crítico responsável e equilibrado (vide a grafia de Deus e Jesus Cristo com letra maiúscula). Eu que frequento raramente uma igreja evangélica, não conseguí terminar a leitura sem um nozinho na garganta, e uma gotinha querendo cair no teclado. Portanto liga não meu velho praqueles caras que tentaram te crucificar no começo desta semana.

  22. Mel Gibson é sado-masoquista. Não um filme dele em que ele não tenha alcançado as alturas (entenda aí todos os sentidos possíveis) sem ter levado porrada, tiro, navalhada, tabefe, dedada no olho… Mania de católico achar que vai alcançar a graça fazendo jejum, praticando abstinência, auto-flagelamento, fazêoquê. Só sei que vi o filme me lembrando MUITO dos delírios bíblicos de meu querido Alexander DeLarge. Se virem Mel Gibson cantando “dançando na chuva”, corram. CORRAM!

  23. Certa vez passou aqui por Curitiba uma mostra de instrumentos medievais de tortura, utilizados na inquisição, quem pode ver essa exposição não condenaria tanto a violência utilizada no filme, a realidade as vezes pode ser muito mais cruel. Abraços a Todos…

  24. Curioso. Eu nasci numa família 1/2 evangélica, 1/2 católica. A parte evangélica me levava para a escola dominical (presbiteriana)onde, mais tarde me falaram muito da ressurreição. Antes porém ouvi muitas histórias sobre a vida ( eu disse a vida) de cristo. Já quando entrei numa igreja católica pela primeira vez(minha avó católica me levou durante a semana. Achei estranho a igreja aberta sem ninguém dentro, mas tudo bem). A primeira coisa que ela fez foi me levar de quadro em quadro pela via sacra. Me contou todo o sofrimento de Jesus ( ilustrado com quadrinhos em volta da igreja) até chegar na crucificação. Depois apontou para a grande imagem do cristo crucificado. Brrr! Olhe que eu lembro dessa visita até hoje.

  25. Sinceramente, eu acho que você gostaria que o JMC, que faz uma versão, digamos, diferente da Biblia, tivessão a mesma repercussão que o filme do Mel Gibson. Ele mostrou uma coisa que outros filmes sobre a vida Cristo ainda não tinham mostrado, não com tanta enfase. O Filme dele á diferente, e só isso. E se não me engano, os ferimentos de Cristo não foram “fantasias” do Gibson. Mais eu posso estar enganado.

  26. Falei que o filme era foda uns dias atras aqui e reafirmo, apesar do que todos voces venham dizer. Teve sangue, tortura, foi filmado pelo Cidade Alerta, oras, nao me interessa. Acho que o cara deve ter sofrido pra caralho mesmo e esse foi um filme que se dispos a mostrar as coisas como podem ter sido. Se o Mel Gibson bateu uma punheta enquanto filmava isso eh problema dele, nao sou ninguem pra dizer o que eh certo ou errado.
    Vou dizer que uma das unicas coisas que nao gostei foram as aparicoes do demonio, andei lendo os evangelhos e nao encontrei nada mencioando-o. E na minha opiniao essa historia de “Pai, porque me abandonaste” e de Jesus pedindo pro pai lhe aliviar sao um puta papo furado. O cara sabia o que ia passar e podia ter saido fora quando quis, mas nao saiu. Bolas pra caralho.
    Tambem odiei a perseguicao ridicula e fetichista em cima de Judas, que alias continua ate hoje. O coitado se arrepende, mas para o Deus vingativo dos catolicos ele nao tem mais volta e passa a ser atormentado pelo demonio (ele de novo).
    Deixa quieto, o diretor nao era eu, o filme nao eh meu, mas tem sim seus pontos positivos. Fazer filme com os ensinamentos de Jesus todo mundo ja fez e esse nao era o proposito. Falar que o cara nao mostrou esse ou aquele ensinamento eh besteira, nao eh o proposito.
    Tem seus meritos e seus problemas, como tudo na vida.

  27. “A letra mata, mas o espírito vivifica…” Tem coisas que não dá pra entender simplesmente com a razão. Por isso que eu gosto de Deus, Sua sabedora é loucura para o mundo, confusão para os sábios.
    O filme é coerente para o que foi proposto, mas incompleto quanto o porquê daquilo tudo! Nesse caso, também prefiro o filme de Brian.

  28. Tem gente por aqui (Não o Marco) que assiste o filme sem ao menos ler o titulo !! Porra o que vocês queriam do filme ? 6 horas dentro do cinema indo desde o batismo até as aparições depois da ressureição; passando por cada um dos milagres, sermão da montanha e etc.
    É como o Giggio muito bem falou, o filme é como tudo na vida, tem seus meritos e seus problemas. Mais é um bom filme ! Querer ficar comparando também não acho prudente, você assiste o filme e diz o que gostou o que não gostou e a sua conclusão pessoal. Eu por exemplo não gostei da imagem de coitadinho que passa de Pilatos que era um louco depravado (vide os livros de história).
    Com relação ao prazer do Mel Gibson; sei lá, não fiquei com essa impressão não, mas é claro que essa é só a minha opinião !!

  29. Eu não assisti o filme. Nem acho que o farei. Mas o que vc falou sobre a Igreja e tal eu achei muito pertinente. Te mandei um e-mail falando sobre.
    Até mais.

  30. Existem coisas na mente humana que estão entranhadas nela desde… sempre. Uma delas possivelmente é o marketing. Há dois mil anos, Marco, alguém lá nas catacumbas olhou para os peixinhos de Pedro (o primeiro símbolo do Cristianismo) e disse:
    – Porra, isso não vai vender a nossa religião!
    Então, sob os archotes que iluminavam parcamente aquele ossuário, algum proto-publicitário cabeludo (sim, os cabeludos já existiam naquele tempo, embora ainda não existisse a Avenida Paulista), teve uma grande idéia:
    – É isso mesmo! Vamos utilizar um outro símbolo! Que tal a cruz?
    – Isso é anti-ético! A cruz é um instrumento de tortura! – algum cristão mais à esquerda deve ter atalhado.
    – E daí? Você quer algo melhor do que isso pra chamar a atenção? A cruz remete à dor, sangue, todo mundo vai se sentir culpado, com pena de Jesus! Além do mais, é mais fácil de desenhar, dá pra fazer com os dedos e os pagãos já usam como símbolo de fertilidade! Vai ser mais fácil convertê-los! O que acham?
    Silêncio. Todos se entreolharam. E como se tivessem combinado, aplaudiram ao mesmo tempo, rejubilantes:
    – Genial! Genial! Parabéns, Nizan*!
    * Nome de um mês do calendário judaico. Talvez alguém que se chamasse assim estivesse de bobeira em Roma depois da diáspora. Viram? Coincidências não existem, segundo Kardec… Xi… melhor parar por aqui…

  31. Até que enfim ouço um cristão dizer que não aceita a idéia de Jesus ter perdoado nossos pecados, acho que é por essas e outras que o mundo está do jeito que está. Tudo está perdoado pra que se sacrificar não é verdade? Antes de me tornar este comentário uma pregação religiosa gostaria de adicionar só mais uma coisa. Este filme me fez ter mais certeza que Jesus jamais foi Deus, pois somente um homem teoricamente teria sofrido tanto apesar de achar que há muito exagero nesta história. But anyway, parabéns pelo post, muito bom.

  32. Concordo com vc sobre o filme. Me irritou muito! E, pra mim, junto com A Vida de Brian está O Evangelho Segundo Jesus Cristo, do Saramago, bom PRA CARALHO, vc já deve ter lido…

  33. Plagiando Gregório de Matos, é aquele esquema: “Deus” só é bom porque perdoa, e só perdoa porque nós somos maus e pecamos…
    Essa visão limitada de Jesus vai se perpetuar de maneira ou outra…
    Jesus (e o Mel Gibson) só é bom porque sofreu e só sofreu porque os judeus comedores de criancinhas são maus, muito maus…
    Paciência.

  34. Entrei no cinema pra assistir um filme e ao sair tive a impressão de estar saindo de uma Igreja, tamanha foi a experiência religiosa que ele proporcionou a mim a tantos outros ali. Quanto a questão do sofrimento, é preciso entender qual a visão que o catolicismo tem sobre isto antes de falar de “sadismo”, de “Jesus derrotado dos católicos”… É importante lembrarmos que foi pela Cruz, pelo sacrifício no Calvário que Jesus venceu o mal, nos libertou do pecado. Portanto, a cruz – para o cristão – é sinal de vitória, pois ali quando Jesus parecia mais fraco é que ele estava mais forte. Nem todos entendem desta forma, paciência… Mas já que o lance é citar versículos, aí vai o que Paulo já dizia há muito tempo sobre aqueles que não entendem a mensagem da cruz: “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos;24 mas, para os eleitos – quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus. 25 Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” I Coríntios 1,23-25. O filme do Mel Gibson traz, para aqueles que conhecem o sentido da cruz, o ápice da mensagem cristã: o amor gratuito de um Deus que não poupou esforços para salvar seus filhos do pecado. Assisti, gostei e vou ver de novo!

  35. Eu não vi o filme do Mel Gibson, mas prefiro “A vida de Brian”, porque sempre vou preferir os humoristas britânicos.
    Sobre o sofrimento de Cristo, acho que é só uma prova de que sempre vão matar em nome de Deus, até o próprio.

  36. Então, se fossemos fazer uma leitura mais precisa, necessitariamos dizer que a morte e ressurreição de Cristo saí do plano histórico como marco e passa a ser vivencial para cada um de nós, ou seja, é preciso que morramos e revivamos a cada dia, deixando de lado o pecado e a maldade humana para a busca de uma vida de amor e esperança, sacou? Deus não quer que nos sacrifiquemos, quer que busquemo o amor e a esperança entre todos, isso tudo só foi possível depois de muito sofrimento de Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Sacou?

  37. Marco Aurélio, como disse o John, “você
    ainda é um crente por dentro dessa carrapaça de agnóstico…”. Acrescento eu: só precisa de um papo pessoal com ele, fazer as pazes (ou de umas boas chicotadas). Oremos.
    Voce parece entender bem melhor o propósito da vinda de Cristo e de sua mensagem do que o malfadado Nietzche.
    Você é mesmo agnóstico?

  38. Eu adoro a história de Jesus Cristo e costumo ler o que aparece por aí sobre novos evangelhos e tal. Vi o filme logo na estréia e achei bom, bem feito, porém muito violento, mas diferente da grande maioria dos filmes que há por aí.
    Concordo com vc sobre a cruz e as imagens e pinturas com Jesus sempre triste e em sofrimento. Não acredito que isso seja do cristianismo. Eu sou espírita hoje e nos centros kardecistas sempre há quadros com Cristo sorrindo ou com uma expressão serena ou mesmo perto de pessoas. Acho que a igreja católica e suas “criações” criaram isso, o que para mim é triste.
    Acho interessante o que vc escreve e eu realmente gostaria de ter mais tempo para ler sobre a vida de Jesus.
    Andreia

  39. Olá Marco.
    Verdadeiramente Cristo não é um derrotado e a fé cristã não é nada sem a ressurreição. Contudo eu vi o filme de uma outra perspectiva. Todo o sofrimento físico, psicológico e espiritual de Cristo realmente tiveram as proporções relatadas no filme de Gibson. Mas o que mais me impressionou foi que nesse filme, Jesus ao dizer: “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o q fazem”, trouxe-me a mente a magnitude do Amor Dele por nós. Vi toda a natureza humana, em sua iniquidade, estampada nos rostos daqueles que o escarneciam e simultaneamente percebi nas pessoas q tiveram compaixão pelo Cristo q mesmo em pecado ainda somos imagem e semelhança de Deus.

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