O nascimento de Samuel

(I Samuel 1)

O primeiro livro de Samuel trata da transição entre o tempo dos Juízes e a monarquia israelita. Nada melhor para começar, portanto, do que contando como foi o nascimento de Samuel. Vamos a ele.
Havia na cidade de Ramataim-Zofim (que mais tarde veio a receber o nome grego de Arimatéia, cidade natal daquele José que cedeu o túmulo a Jesus Cristo) um homem chamado Elcana. Ele tinha duas mulheres: Penina, com quem tinha filhos, e Ana, que aparentemente era estéril (mais uma…). Elcana tinha o costume de ir uma vez por ano a Siló, onde então ficava o Tabernáculo, para ali oferecer sacrifícios. Hofni e Finéias, filhos de Eli, eram sacerdotes na época. Cada vez que Elcana oferecia sacrifícios, dividia com as duas esposas e os filhos a parte da oferta destinada aos ofertantes. Sendo Ana a esposa que ele amava de verdade, dava a ela porção dobrada. Não adiantava nada, porém, porque Penina provocava Ana nessas ocasiões, irritando-a demais e deixando-a deprimida e sem apetite. Elcana ficava desesperado:
— Anita, meu amor, por que você chora? Por que não come? Por que está sempre triste?
— …
— É por causa dessas provocações da Penina. Oras, deixe isso pra lá! Por acaso eu não sou melhor para você do que dez filhos? Hein? Hein? Hein?
— …
— ARGH!
A história se repetia ano após ano. Quando Elcana anunciava à família que chegara o tempo de ir a Siló, todos comemoravam, menos Ana, que já se preparava para ser mais uma vez infernizada por sua rival. Até que um dia ela se cansou: estando mais uma vez a família reunida em Siló, ela foi até a Tenda Sagrada logo depois da refeição. Lá chegando, começou a chorar e falar com Javé:
— Ó, Deus! Assim não dá mais não. Olhe para mim, por favor, uma vez só! Veja a minha aflição. Javé, se você me der um filho, eu juro que ele será dedicado ao seu serviço por toda a vida, e que nunca cortará o cabelo.
A promessa de não cortar o cabelo, como já vimos na história de Sansão, significava que a criança seria um nazireu. Pois bem, Ana continuou sua oração. Suplicava em silêncio, e seus lábios apenas se mexiam, sem som. Ficou tanto tempo ali que o sacerdote Eli, que estava sentado numa cadeira junto a um pilar, notou sua presença. Vendo aquela mulher chorando e mexendo os lábios sem dizer nada, precipitou-se em suas conclusões:
— Mas que vergonha!
— Hum… Como, senhor?
— Come, não. Bebe! Cachaceira sem-vergonha! Vê se te emenda! Onde já se viu, vir à Casa de Deus com o rabo cheio de manguaça?
— Senhor, não me julgue mal. Juro que não bebi nada, nem uma cervejinha. Mal comi, na verdade, porque vivo angustiada. Por isso vim até aqui, para contar a Javé as razões de minha angústia e pedir a ele que olhe para mim e me ajude. Se orava de um jeito estranho é porque sou uma mulher muito infeliz e sofredora.
— Er… Ahn… Aham… Sim, sim, claro. Desculpe o mau jeito, viu? Vá em paz, e que Javé lhe conceda o que você pediu.
— Muito obrigada, senhor.
Então Ana voltou para junto da família. Estava até mais feliz, tanto que chegou a comer um pouco. Na manhã seguinte, Elcana e sua família acordaram cedo e foram mais uma vez adorar a Javé, depois do que pegaram a estrada para Ramá. Lá chegando, Elcana “conheceu” a sua esposa, ou seja, teve relações sexuais com ela. Sabem como é, deu uns futucos. Passou-lhe a vara. Deu um tapa na periquita. Molhou o biscoito, afogou o ganso, decalcou a araponga. Bah, vocês entenderam: finalmente Elcana percebeu que esse negócio de amor sublimado não estava com nada. Como resultado, aprendeu de onde é que vêm os bebês: nove meses depois, Ana teve um menino e botou nele o nome de Samuel, que significa “pedir a Deus”.
Quando o menino estava com três meses de vida, chegou novamente o tempo de Elcana ir a Siló. Ana, porém, resolveu ficar em Ramá:
— Não vou agora, vão vocês. Quando o menino for desmamado, eu mesma o levarei para que fique lá por toda a vida.
— Hum. Acho melhor você não ir a Siló. Quando Samuel for desmamado, você o leva para que ele fique por lá.
— Excelente idéia, Elcana!
— Bondade sua, minha querida.
Então Ana ficou em casa enquanto a família ia a Siló oferecer sacrifícios. Meses depois, quando Samuel enfim foi desmamado, ela e Elcana o levaram a Siló, juntamente com um novilho de três anos, dez quilos de farinha e um odre de vinho como ofertas. Apresentaram-se a Eli, e Ana disse:
— Seu Eli, eu sou aquela mulher que o senhor achou que estivesse bêbada no Tabernáculo uma vez, está lembrado?
— Vagamente.
— Pois então: eu estava daquele jeito porque não tinha filhos. Mas Javé ouviu minha prece e me deu um filho.
— Com a minha colaboração, é claro…
— Ah, sim: com a colaboração do meu marido aqui, é claro. Então hoje nós viemos aqui para lhe entregar esse menino, Samuel, para que seja dedicado ao serviço de Javé.
— Peraí, eu já sou muito velho para cuidar de um pirralho. Ei!
Mas o casal já havia saído para adorar a Deus. Não tendo outro remédio, Eli começou a cuidar do moleque. Deixemos o velho entretido com as fraldas sujas do menino; voltaremos à história depois. Esse Samuel ainda vai dar muito o que falar.

22 comments

  1. U-hul! Primeiro! Bah… Peraê, deixa ver se eu entendi: o Elcana já tinha até filhos com a Penina, mas ainda não tinha dado umas “bimbadas” na Ana? Como essa tal dessa Bíblia é complicada…

  2. aff.. eu naum sei pq ainda leio isso tudo… e naumsei pq mesmo assim eu gosto e continuo lendo…
    como vc mesmo me disse no dia da festa: “vc me lê!? Vc é loko assim!?”
    respondo agora:
    Acho que sim….=/

  3. Escreveste “desmado” ao invés de “desmamado”. A frase “depois do que pegaram a estrada para Ramá.” ficou estranha. Faltou alguma palavra ou eu que não entendi? Faltou também a palavra “com” no trecho “juntamente um novilho de três anos”.

    É o Batata contribuindo para o ISO9000 dos PDFs e garantindo seu lugar no inferno, com tanta gente legal.

  4. Vai ver que o pai do Samuel era o velho Eli, ele ficou com vergonha de dizer que tinha posto uns chifres no Elcana, e vieram com essa história besta pra justificar tudo isso… É o que eu acho.

  5. Marco Aurélio, responda com seus conhecimentos novelisticos. Se o Marcelo D2 estava na festa da novela Celebridade e o Lineu foi assassinado. Então seria o D2 suspeito do crime???? Eu fico imaginando que motivos ele teria para assassinar o Lineu? Será que a Maria Clara vai não queria promover algum show dele?

  6. Marco Aurélio, responda com seus conhecimentos novelisticos. Se o Marcelo D2 estava na festa da novela Celebridade e o Lineu foi assassinado. Então seria o D2 suspeito do crime???? Eu fico imaginando que motivos ele teria para assassinar o Lineu? Será que a Maria Clara vai não queria promover algum show dele?

  7. Então Samuel cresceu, começou a fumar maconha de montão, fundou uma banda chamada Skank, fez muito sucesso, ficou rico e todos foram felizes para sempre.

  8. Comentário atrasado, mas é que eu sou meio lerda mesmo…rs
    Marcurelhinho funciona mesmo! O santo é forte! Apenas pensei em colocar e já sai no BON e ainda consegui ser eu mesma a visitante 2000 do meu blog!!!
    Isso tudo além da festa ter sido incrivelmente legal :))
    Marco, muitos beijos pro cê.

  9. Ahn, e na frase à qual o Rafael refere-se, o que faltou foi uma vírgula. Logo depois do “do que”…
    (aquelas coisas que fazem mais sentido escritas que faladas, mas tá beleza…)

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