Tai Axé Chuan

Será possível que só eu fique impressionado com a seriedade das moças que dançam axé? Não falo das que são pagas para isso e se enfiam em shortinhos mínimos para rebolarem suas carnes a um palmo das lentes das câmeras de TV. Não: estas sorriem até terem cãibras, e dão cotoveladas umas nas outras na eterna disputa por uma capa de Playboy ou um programa infantil. Falo daquelas que, numa festa ou casa noturna, mostram sua desenvoltura bailante na pista de dança. Como são sérias, essas moças! Sábado mesmo estava numa festa de casamento e reparava (com interesse puramente sociológico, vejam bem) nas garotas que dançavam. Que compenetradas, algumas até sisudas! A letra da música dizia “Mexe a bundinha / bem devagarinho”. Elas, obedientes ao vocalista fanho, mexiam a bundinha (bem devagarinho, é claro). Mas sérias. Concentradas. Algumas, mesmo fora da pista por timidez ou fastio, reproduziam uma versão minimalista da coreografia, rebolando de leve na cadeira e levantando as mãozinhas a meia altura.
Sei não, sei não… Deve haver aí algum segredo oculto aos homens e às mulheres mais velhas. Há de existir nos ritmos baianos algo de mantra, de Om. Reparem nas meninas que dançam: com suas faces sérias (tão sérias!) e seus movimentos perfeitamente sincronizados parecem praticantes de algum tipo de Tai Chi Chuan requebrante.
Nem todas são assim, é claro. Há mulheres que riem enquanto dançam. São as que erram o passo. Reparem.

16 comments

  1. Há algo de muito sério sim. Veja vc que, no sábado, eu era uma das moças, mas acho que era uma das que riam, e veja vc, muitas vezes errei o passo por falta de prática.

    Falo por mim que, o que acontece é que a baiana que mora dentro desse corpo é muito mais peituda e corpulenta, me obrigando à força reproduzir tais passos, posto que não sou mais dona de mim mesma ao primeiro comando de “mexe a bundinha/bem devagarinho” ( trecho de A dança da Manivela ).

    Sou, pois, assumidamente sem vergonha em dizer que gosto – e muito – de seguir mantras como esses em festas e afins, com ou sem álcool. E não sei o que é mais vergonhoso: assumir tudo isso na cara dura ou assumir isso tudo na cara dura CONFESSANDO ESTAR SÓBRIA.

    É o fim dos tempos.

  2. Festa de casamento com dançarinas de axé?? Deve ter sido uma cerimônia um tanto avant la lettre pelo visto. Será que não foi uma despedida de solteiro?
    Esse negócio de dançarina séria me lembrou a mais mais de todas elas: a Zulu, aquela dançarina muda do Clube do Bolinha, que jamais sorria. Lembro até que num programa o Genival Lacerda ganhou uns tapas quando tentou se engraçar com ela, pra ver se ria um pouco.

  3. Marcurélio, queria ver você lá na cadmía onde – PASME! – tem mulé que PAGA pra… errrrr…. “aprender” a dançar estas coisas! =:O
    Elas ficam lá, requebrando mantricamente e taichichuanamente, enquanto um grupo de manés ficam observando a aula. Todos, claro, com interesse puramente sociológico…

  4. Axé… que terrível!
    Sou, infelizmente, obrigado a ouvir todo santo domingo esse som horrível. Garotas na faixa dos seus 15-16 anos “ensaiam” para alguma baladinha onde poderão balançar suas bundas gordas e moles. E claro, a caixa de som enorme fica virada de frente para meu apartamento.
    HA HA, e para fechar esse dia tão soberbo que é o domingo, rola na casa ao lado do prédio onde vivo, um churrasco com pagode!
    Tudo lindo, maravilhoso se eu não odiasse ouvir sons de pandeiros, atabaques e cavaquinhos!

  5. Dançar daquele jeito deve exigir muito esforço intelectual, compenetração, concentração e seriedade. É uma coisa difícil, ardilosa… Veja bem, um intérprete sonoro manda mensagens complicadas e engenhosas, entre códigos de Morse disfarçados e barulhos não indentificados, que devem ser decifradas e seguidas a risca com perfeição. Note só a dificuldade e o alto padrão intelectual exigido: “Mexa a bundinha… bem devagarinho…”
    Deve ser um trabalho muito difícil de se reproduzir, de se responder. Requer um alto Q.I., um grande esforço mental e uma alta habilidade motora, note: “Mexa a bundinha… bem devagarinho…”
    Muito complicado, muito complicado…

  6. Realmente ja havia reparado nisso….até cheguei a comentar, pois elas fazem cara de quem esta lá por obrigação, todas de cara amarrada…ja q não gostam pq dançam? Poupem nos!!!

  7. Eu nunca reparei se fico rindo ou fico séria… Mas acho que dou um sorrisinho de vez em quando!!!
    Carnaval tá chegando….
    Vou dançar muuuuuuuitoo!!!

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