Revoluções

Ah, não falei pra vocês? Mas que descuido! Vejam só, ontem fui assistir ao Matrix Revolutions, mais pela obrigação de cumprir a trilogia (associada ao tédio dominical) do que por gosto mesmo. Saí do cinema com uma sensação besta, como se tivesse desperdiçado mais de duas horas da minha vida, duas horas que eu poderia ter melhor aproveitado continuando a leitura de “O Crocodilo e Notas de Inverno Sobre Impressões de Verão”, do meu nunca suficientemente louvado Fiódor Dostoiévski. Mas não, inventei de ver o filme, o tempo não volta atrás etc. Eu ia escrever sobre a outra sensação que tive, a de o filme não acrescentar nada, mas Paulo Vivan já o fez com maestria em seu excelente Chickendog, então apenas faço eco de seu post a respeito.
Sendo assim, resta-me falar sobre alguns pensamentos que me ocorreram durante o filme (as cenas de ação me dão um tédio sem fim, começo a divagar, perco diálogos, é um inferno). Eu pensava: há um grupo (eu ia dizer irmandade mas me contive) de pessoas que gostam de histórias em quadrinhos, de Star Trek, de Star Wars, de X-Files, de Lord Of The Rings etc etc etc. Não vou generalizar e nem ser preconceituoso a respeito, longe de mim. Primeiro porque muitos de meus amigos apreciam várias dessas coisas, e eu mesmo sou fã de HP Lovecraft, escritor que vive no panteão desse povo. Sei que há quem possa gostar da obra de Tolkien, por exemplo, e não se identificar com nenhum dos outros itens da minha lista. Enfim, vocês entenderam: estou falando de um grupo que se identifica com todo um conjunto de símbolos (argh, minhas aulas de Semiótica!). Tais pessoas, ao contrário de mim, não são tomadas por um ímpeto irresistível de gargalhar quando deparadas com personagens chamados O Chaveiro, O Arquiteto e, no novo filme, o nojento Maquinista. Essas pessoas levam a sério o idealismo dos habitantes de Zion. Eu não consigo, deficiência minha. Resumindo: eu gosto muito do primeiro Matrix e desprezo os outros dois filmes da série porque não me dizem nada. As pessoas de que falo conseguem extrair significado de todo aquele blablablá filosófico de Matrix Reloaded e do idealismo exacerbado de Matrix Revolutions. Ponto pra elas; eu sinto mesmo é sono.
De resto, considerações:

  • Quanto será que a Oracle pagou para ter um personagem com seu nome com importância cada vez maior no decorrer da série? Mais ainda: um personagem que é um software confiável! Esse tal de Larry Ellison é mesmo um visionário. Agora Bill Gates e outros executivos do mundo da informática vão ter que correr atrás. Não ficaram espertos, deu nisso. Acho que, com tantos personagens, ainda caberiam na trilogia de Matrix alguns outros softwares. Imagino falas como “We need to look through the Windows, ou “Step into my Office, baby”, ou ainda, “We need some Progress here!”. Este último talvez até aumentasse meu bônus.
  • Falar que Keanu Reeves é viado é verdade, mas não chega a ser exato. Existem gradações na perobagem, se vocês não sabem. E nem a heterossexual mais ferrenha e convicta tem tanto nojo de mulher quanto tem o Neo.
  • Hugo Weaving, o temível e múltiplo Agente Smith, era minha única esperança de salvação para o último filme. Decepção total: o australiano não resistiu e caiu alegremente na canastrice dominante.
  • Mostrar Monica Belucci numa cena tão curta é maldade. E claro que não me refiro ao quase silêncio do personagem: deram um jeito de mostrar a bunda do Predestinado no segundo filme, o que custava libertar os peitos de Persephone daquele decote opressor? Aliás, dava para fazer um filme todo sobre esse tema. Quem é que ia ficar preocupado em viver aprisionado no mundo das máquinas servindo como pilha, desde que tivesse os peitos de Monica Belucci, livres e soltos, para contemplar? Bom, talvez o Keanu Reeves…
  • Parece que vacinaram o Merovingian contra hidrofobia depois de Matrix Reloaded. No Revolutions ele espuma bem menos.
  • Estou feliz. Se até o Morpheus se deu bem (e com aquela dentição! (e aquela barriga!, valeu Giggio))…

36 comments

  1. Marco, só faço uma observação. Você juntou no mesmo saco os leitores de quadrinhos com os fãs de Star Trek. Eu leio HQs desde criança, começando pela Mônica e passando pelo Homem-Aranha. Hoje acho-os infantilóides, mas mantenho um apreço forte pelos chamados “quadrinhos para adultos”, que não são gibis pornô.
    Alguns autores como Alan Moore, Frank Miller e Neil Gaiman, escreveram obras-primas. V de Vingança, Sandman, Watchmen, Cavaleiro das Trevas, todas e muitas outras são obras que merecem atenção.
    Você pode preferir o formato livro, assim como eu prefiro o formato HQ. Ao meu ver, no segundo existe uma união da literatura com o desenho ou a pintura. O autor não pode usar palavras para descrever lugares, fisionomias ou ações porém dá espaço à outra forma de expressão.
    Se você se dispor, eu posso emprestar alguma coisa para você tentar, agora que sei que trabalha aqui perto. Não precisa gostar, só devolver. Mas por favor, não me compare com fãs do Star Trek sem conhecer.

  2. Bem, se você vai ao cinema procurando sair de lá extasiado com a mensagem que o filme passa, é bom não ir nunca mais né? Até porque aqueles filmes cabeça do “sudoeste da Hungria”, são um saco, e só passam naquelas salas nos cafundós do Judas, ou seja, Sesc Pompéia.

  3. o rubens éviado filho disse que “matrix é uma grande bobagem e deve ser tratada como tal, ou seja, nao merece ser discutida”. eu só assiti meia hora do primeiro filme. foi o suficiente para odiar as duas continuações sem nem ao menos tê-las visto.

  4. Kra, fui ver o filme hoje, e tbm fiquei bem decepcionado, em termos de roteiro/respostas o filme nao te diz nada, mas essa foi mesmo a intencao dos autores. Se vc quiser entender melhor da uma buscada pela internet, mas espere encontrar muitos conceitos orientais, vindos do budismo, taoismo e etc. Se esse tipo de coisa nao te interessa, entao deixa.

  5. Adoro gibis. Os “infantilóides”, em especial. E gostei desse final do Matrix…
    Acho que eles poderiam ter feito melhor, mas diante do que haviam feito no “Reloaded”, o “Revolutions” foi uma obra-prima da contra-argumentação ao próprio argumento (louco não sou eu, mas sim aqueles roteiristas).

  6. Cacete! Genial a crítica. Aliás toda a primeira parte. Pena que se perdeu um pouco nas abobrinhas sobre filmes inteiros sobre peitos e decotes. Risos. Tá valendo, Ninguém é perfeito. :o)
    pontodefugas.blogspot.com

  7. Realmente os dois últimos filmes da série Matrix nem se comparam com o primeiro, mas como eles mesmos falam: “tudo que tem um começo tem um fim”. Pois então, acho que raramente, mas muito raramente mesmo as continuações superam seus antecessores. Vou dar apenas um exemplo: O Poderoso Chefão. Todos são bons. Ah, tem também American Pie, eu achei o 2 muito mais engraçado, mas comparar O Poderoso Chefão com American Pie é sacanagem…
    Bem, o que eu acho mesmo é que os irmãos Wanão-sei-o-que queriam mesmo é ganhar dinheiro. O primeiro foi ótimo, os outros dois foda-se! Acho até que deixaram uma chance de um quarto filme, o que chamo de Matrix Ressurrection! Ninguém achou isso? Quando o Oráculo no final conversa com o Arquiteto, e o Neo que não morreu, pois mostra rapidamente ele abrindo os olhos, e mesmo Matrix que não foi destruída… Sei lá, todo mundo me fala que eu estou viajando, mas eu acho bem provável lançarem o quarto daqui alguns anos…

  8. Achei um tanto quanto rídicula essa colocação sobre a Oracle.
    Acho que a idéia do oráculo vem do Oraculo de Delfos, uma construção onde vivia uma representação terrena do deus Delfos, o Deus do destino, e respondia questões de viajantes que conseguissem chegar la.

  9. Zé Fábio, obrigada por transbordar essa caixa de comentários com tanta sabedoria. ¬¬
    Marco, nunca esqueça que você sempre tem que explicar o que é ironia, o que é piada, o que é verdade…

  10. Porra, Marco Aurélio, eu gostei desse último Matrix, principalmente das cenas cômicas não propositais (tipo aquele soco em câmera lenta do Neo na cara do Smith). Ri muito nessa hora.

  11. Oi… gostei do seu blog… Apesar de fazer parte dos fãs (mas não aficcionados) por quase tudo o que vc citou, desde tolkien até matrix, achei que o final estragou a trilogia inteira… Que predestinado é esse que não liberta a humanidade e não destrói a matrix? Realmente, Keanu Reeves nunca me pareceu um herói copnfiável. Ah, ah observação sobre a Oracle é brilhante. É bom ver que ainda existe vida inteligente na internet.

  12. Oi… gostei do seu blog… Apesar de fazer parte dos fãs (mas não aficcionados) por quase tudo o que vc citou, desde tolkien até matrix, achei que o final estragou a trilogia inteira… Que predestinado é esse que não liberta a humanidade e não destrói a matrix? Realmente, Keanu Reeves nunca me pareceu um herói copnfiável. Ah, ah observação sobre a Oracle é brilhante. É bom ver que ainda existe vida inteligente na internet.

  13. Eu trabalho na Oracle.
    E Matrix Revolutions me deixou revolutions mesmo de raiva pelo desperdício..
    E quem disse que a Trinity é mulher?
    “Mostrar Monica Belucci numa cena tão curta é maldade. E claro que não me refiro ao quase silêncio do personagem: deram um jeito de mostrar a bunda do Predestinado no segundo filme, o que custava libertar os peitos de Persephone daquele decote opressor? Aliás, dava para fazer um filme todo sobre esse tema. Quem é que ia ficar preocupado em viver aprisionado no mundo das máquinas servindo como pilha, desde que tivesse os peitos de Monica Belucci, livres e soltos, para contemplar? Bom, talvez o Keanu Reeves…”
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  14. Marco, meu velho.
    Eu gostei dos filmes. a gosto de algumas coisas que vc citou tbem. Mas concordo com o fato da comercialização ter tornado o filme banal.
    Mas como diz a minha avó, gosto é que nem BUNDA. Cada um tem o seu, mas tá todo mundo sempre de olho no do vizinho. . .

  15. Beleza, funcionou. Pelo menos aqui do trabalho possa comentar, já que um gordo careca bloqueou meu ip de casa por engano e não sabe como desbloquear!
    Matrix: tenho a honra de dizer que só assisti ao 1º (e, na minha opinião, único). O “resto” da trilogia fiz questão de ignorar solenemente.
    Pronto, falei.
     

  16. O que existe é uma matrix dentro da outra. O que parece ser o mundo real é na verdade uma outra matrix criada para “enganar” a parcela de 1% de homens que rejeitam a sistema e acabam se libertando. Desse modo, as máquinas dominam tudo. Fica claro, então, como Neo conseguiu usar seus poderes nesse “mundo real”. Outro fato é que tudo é baseado em ciclos, ou seja, como o Arquiteto falou, houveram 5 predestindados antes, Zion foi destruída e blá blá blá. O que eu quero dizer é que Zion funciona como uma lixeira, quando ela enche demais, precisa ser “esvaziada”, daí o motivo das guerras. Simples, mas não tão surpreendente quanto o primeiro filme!

  17. Filme de bosta! Se perdeu ao longo do caminho… Acho que muito do que foi dito, especulado, discutido, anagramas e referências cruzadas nunca nem passou pela cabeça dos Wachovski.
    Depois de Revolutions, fiquei com a nítida sensação que discutir “Matrix” é tão útil quanto discutir o formato das nuvens no céu.

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