(Da série “Coisas que penso depois do almoço”)
Esse negócio todo de amor e coisa e tal é feito uma casa. Uma casa enorme, cheia de quartos, salas, saletas, corredores, escadas, rampas, passarelas, nichos, reentrâncias, portas e muitas, muitas passagens secretas. Pode ser uma casa confortável se você e fulana(o) resolverem morar nela. Vocês podem se aventurar por corredores desconhecidos, se assustar com uma estante que gira revelando uma nova sala de estar, ou passar um tempo chorando juntos no porão.
O problema é quando fulana(o) entra na casa por engano. Ia passando, a porta estava aberta. E você também é bem besta, convidou fulana(o) pra entrar mesmo sabendo dos riscos. E então você descobre que fulana(o) se sente desconfortável ali dentro, e que o desconforto é contagioso. Só que você já a(o) deixou andar demais pela casa. Gostaria de, como pessoa bem educada que é, levá-la(o) até a porta de entrada (e saída, obviamente), mas onde diabos está a porta mesmo…? Fez-se o caos: ficam você e fulana(o) andando constrangidos pelos corredores que parecem não ter fim, você diz “Acho que é por aqui”, e em vez do hall de entrada dão de cara com o banheiro, “Não, não, é ali, tenho certeza”, mas é a biblioteca, “Peraí, vamos tentar por aqui”, e saem numa sacada. Você tem vontade de atirar fulana(o) ali de cima — seria uma saída de qualquer forma — mas lá no fundo você quer sua permanência, mesmo que insuportavelmente constrangedora para ambos depois de algum tempo.
Mas chega o dia em que vocês finalmente encontram a saída. Despedem-se sem jeito e com indisfarçável alívio. Fulana(o) vai embora; você a(o) observa afastar-se, e reprime uma vontade imbecil de gritar seu nome, pedir que fique, que fique assim mesmo, que se foda o constrangimento. Porque com um habitante só essa casa volta a ser o mausoléu de sempre.
Sabe Poke, concordo com voce… só diria que ser feliz é permitir, e encontrar a pessoa que mais confortavelmente esteja nesta casa depende disto! Permita que muitos entrem e saiam… este é o segredo!
Porra Marcôrélio, 15 minutos que acho q saida, entre no JMC e esse post teu?
Hum… não
vou ver o emotionrélio 🙂
Não ponha a culpa na casa, pois não depende só dela, mas principalmente do anfitrião e (muito mais) da visita. E o melhor que tem certas visitas que fazem valer a pena todo o constrangimento, caos e a confusão de viver junto.
Amor é foda.
Quando se vive bem, tudo é transparente e lindo, agora quando começa a ficar ruim é embaçado. Os dois choram. Nenhum quer dar o braço a torcer. Puta bagulho besta.
Só quem sofre com essa coisa estranha que chamam de “amor” sabe como é que é.
Naum sei se aqui é o lugar certo, mas vou perguntar:
-Alguém de 18 anos pode se apaixonar ?? Dizer que “ama” mesmo ??
Ou é muito novo pra isso ?
E É uma casa muito engraçada, mesmo.
E às vezes não tem teto, não tem nada.
Da minha casa, a última inquilina foi “tacada” da janela.
Nunca vi tão boa explicação sobre relacionamentos! Show!
Porra, Marco, não sabia que vc tb era gente… boa explicação, dude!
Uiiii… vc é normal e tem sentimentos!!! que incrível… aí, da janela dessa casa dá pra ver?
Eu já tinha visto que você escrevia pacarai, mas agora vi que ainda é melhor que isso. Lindo e verdadeiro demais esse texto.
Corélio, lembra daquela história de tempos atrás que você queria escreve um livro? Cadê? Por que ainda não?
Você escreve muito bem. E se isso tudo veio depois dum almoço, imagina o que viria se você realmente se dedicasse a uma histõria mais complexa. Pensa nisso… BDSV
*Esses meus cometários hoje estão muito estranhos*
Cara, eu te amo.
Falou TUDO e mais um pouco. Conseguiu uma definição para a situação que eu estou vivendo agora. É uma merda isso.
Marco Aurélio, eu vi vc ontem no show, arrasou com a sua roupa caqui de caçador!Pena q não tive coragem de me apresentar fica p/ próxima, escrevi um post sobre isso, vai lá no meu blog ver…
Pior é quando a fulana convida o vizinho para conhecer a casa! Aí fode tudo!
E quando a casa já está bem ocupada, mas a casa tem assombrações?
Por isso aderi ao MST e passei a ver esse tal de amor como um acontecimento nômade ou um grande vácuo cósmico, onde me deixo cair, cair, cair, até a próxima galáxia.
Belo texto, belas imagens, como sempre.
A estética dessa sua melancolia, que se oculta pelas entrelinhas, seja no cômico ou no trágico, é ainda a melhor parte.
:* Queira-me bem e não torça o nariz pro meu comentário, viu?
Também sou moradora da rua dos bobos, número zero.
Você não resiste né narcisista! Afinal, isso _I_ é um dedo médio? Pôxa, Marco… Magoei, talvez vc se lembre de mim, eu estava ao lado esquerdo da mesa de som, com um casaco japonês verde de cetim. Beijinho, continuo sua fão, vc é ótemo!
O homem desse post merece um boquete.;)
SEgundo sua definição… eu sou um humilde sem-teto que invade as casas dos outros… pena que normalmente vem um pedido judicial de despejo…
e bahhh… lah vou eu de novo…
Amor é feio… tem cheiro de mijo… jah dizia a musica… e disso a rua tá cheia…
Depende do anfitriao, mas eh falta de educaçao tocar alguem de casa… Entao esse alguem entra, faz um fundunçu na casa e depois vai embora sem explicaçao… Ja invadiram minha casa assim….. eh f*…
Humpft!!!
Mudei meu layout! hehehe…..
Era pra sair assim:
>momento de utilidade publica/momento de utilidade publica
Putz!!!! Tudo errado….. esquece……
Aiiiiii!!! Che bello, minha casinha ficou tooooda alagada. Marquito, você é simplesmente demaisss. Te quiero todo!
Belo texto!
Caramba, parece vidente. Descreveu certinho a merda toda que tá acontecendo comigo ultimamente. Mas eu ainda estou procurando a porta de saída.
Pior mesmo é quando ela abre a porta dos fundos para algum invasor de casas alheias.
Eu acho que às vezes a gente também se engana e manda embora da casa a pessoa qu edeveria ficar. Fico pensando em quanto eu seria triste se não tivesse percebido que o problema da “minha casa” não eram os habitantes dela, e sim a forma como ocupávamos cômodos errados, em horas impróprias e se saber onde o outro estava na casa.
Felizmente hj a casa reluz e é cheia de alegria.
See Ya
fiquei emocionada…. shuift :~)
Acho que vou almoçar de novo.
Que coisa mais linda!!! =)Tô emocionada tbm!!!
É, Marco… eu sei bem do que você tá falando…
:~~
Minha casa mais parece hotel com baratas, nunca fica ninguém.
o amor pode ser definido como uma casa sim, tem toda razao! Penso que essa casa nao vem pronta, e sim que é contruida aos poucos…primeiro a vontade de ambos (o puxadinho), e aos poucos, quanto mais fortalecida a uniao, a casa vai sendo levantada, paredes/os limites, tijolos/votos de confiança, alicerces/a segurança e por assim vai, ate que a casa esteja completa…ou, quando os dois nao estao em sintonia, um trabalha na casa e o outro nao, a construçao para…apodrece, cria rachaduras, goteiras…ate que um dia a casa cai…
Metáfora tá na moda, é coisa de presidente…rs
Adorei isso aqui.Amém!
A minha casa deve ser uma tapera, então.
Ninguem me tira da cabeça que no novo reclame da schincariol á menssagens sublimenares .Prestem a atenção.
porra, e no meu caso que moro numa caverna???
Sabe uma saída boa, dar festas sempre…
Caraca, Marco! Não é nem por ESCREVER TÃO MARAVILHOSAMENTE BEM, é o jeito que vc descreve sentimentos. Conseguir colocá-los tão bem em palavras é um puta dom!
Mas ainda acho que vc tá querendo um boquete…Bela jogada, hehehehe.
Vá pra uma casa da árvre…todos gostam disso…
Beijão
Marco Aurélio,
Sem qualquer traço de falsidade, este ensaio filosófico, ou crônica, ou devaneio, como queira, é um dos mais brilhantes trabalhos que já li.
Já ficou claro que você tem uma capacidade notória de inovar no que é lugar comum, mas este pequeno texto demonstrou não só um excepcional talento criativo na concepção da idéia, como uma rara inteligência para conduzi-la até o fim, com poesia sem ficar piegas, com mordacidade sem ficar agressivo e com técnica sem ficar muito acadêmico.
Um trabalho genial como este, me dá a sórdida curiosidade (e acredite, a idéia brota de um senso de humor cruel), de saber como você se saíria com um livro. Por tudo que já vi no JMC, acredito que, na pior das hipóteses, seria algo que nos faria dar boas gargalhadas.
Abraços e parabéns
Bela analógia, meu caro. Só que não podemos esquecer que além da casa, temos que ter o principal que é o companheirismo, a cumplicidade. É saber doar sem querer retorno. Mostrar o caminho, a saída. Às vezes perceber que a ténue diferença nada mais é do que a simplicidade que teimamos em complicar. É uma troca, infelizmente! Quando percebemos que nós nada mais somos do que o complemento que esperamos, sem idealizações, seremos eternamentes felizes. Construamos nossas casas com o pensamento que não são os compartimentos e saídas, ou entradas que interessa, e sim com a base e o alicerce que a solidifica, para que nada a destrua.
Nossa, … q analogia mais perfeita … hehe
Nossa, … q analogia mais perfeita … hehe
Apenas uma palavra: -Caraio!
Não irei comentar pois me perdi apartir da 3ª frase e ainda não consegui me recuperar totalmente.
Foi tipo o mesmo efeito de quando eu começo a pensar na origem do universo, se tudo surgiu duma puta explosão (Big Bang) logo se entende que não existia nada antes, entçao porque ocorreu a explosão? Já deveria existir algo antes então? Pronto. Nó na cabeça.
vc fuma maconha depois do almoço?!
Ipi Hurra – o JMC agora é (pseudo)DEMOcrático de novo… Por quanto tempo ele aguentará?
Me lembrou isso aqui.
Mas lembre-se que é feita com muito esmero. Sempre sendo redecorada, com novos comodos.
Muito lindo o texto
Bom.. a minha casinha está com o meu lindo hóspede e a “famíliá” já até aumentou de tamanho.. realmente Marco, tenho que concordar com todos esses outros comentários.. foi perfeita a comparação com a casa!!!
AH e já respondi o teu comentário lá na Fer…
Beijos!!!
🙁
É assim mesmo.
Beijo.
Embora a minha não tenha chão, de vez em quando um doido se arrisca a entrar. Se cai? Cai e me leva junto.
Minha casa tá em reforma.
Aliás, sempre tá.
Beijo.
O bom mesmo é um apartamento… por mais que te arrombem a porta, você sempre estará mais perto das nuvens… e se cair pelo menos tem a senhora adrenalina por alguns segundos de felicidade…
baaahhhh!
É um texto muito escrito, essa sua analogia é bem feita.
Bate com tudo o que estou vivendo nesse momento…
Meu visitante foi embora e ainda me levou o aparelho de Tv, o som, meus livros e toda bebida que tinha na casa…
Não é uma das melhores analogias, mas deu pra entender perfeitamente.
Marcurélio,
E tome mais Copy & Paste!!!
Tá ficando “otimista/positivista”, Marco? E quando você ou Fulana[o] não consegue ver que tá na hora de se procurar/achar a saída e sair? Aí parece que a casa fica muito maior e mais cheia de passagens secretas, corredores, etc…