A santidade das ofertas (Levítico 22)

— Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas eu acho que cês tão numa moleza da porra. Vamos trabalhar!
— Ja-Javé, cê n-não ca-cansa de i-inventar le-leis não?
— Até canso, Moisés. Mas se eu não fizer o negócio direitinho, já viu: Cada um vai fazer o que der na telha e isso aqui…
— Vai virar uma esculhambação, que nem Canaã. Cê já falou isso.
— Eu sei que eu já falei, Arão! Tá me tirando? Eu sei tudo! Só que tenho que ficar falando direto, que é pra vocês aprenderem. Bom, vamos em frente com esse negócio. Vamos falar sobre as ofertas. Negócio seguinte: As ofertas que são trazidas aqui, tanto de animais como de cereais e tal, são coisas sagradas, e devem ser tratadas com todo respeito. Então os sacerdotes têm que prestar muita atenção: Se um deles vier aqui me apresentar sacrifícios num dia em que estiver impuro, ele não vai mais poder ser sacerdote.
— U-ué… N-não vai ma-matar n-não?
— Nah. Melhor tirar o emprego do cara. Não tem castigo pior do que perder essa mamata que é trabalhar no Tabernáculo, comer da melhor comida, usar roupas caras, ter carro oficial, verba de gabinete…
— É. P-puta ca-castigo.
— Tô te falando, eu sei das coisas. Então, Arão, fica esperto e avisa pros outros sacerdotes: Nego que tiver com lepra ou corrimento, que tiver tocado num cadáver de pessoa ou animal, ou nalguma coisa impura, ou se tiver melado a cueca…
— Hein???
— Arram… Se tiver EJACULADO. Então. Em qualquer dessas hipóteses o sacerdote estará impuro, e não poderá comer das ofertas. E aí é toda aquela aporrinhação que vocês já conhecem: Fica impuro até o pôr-do-sol, depois toma um banho. E só aí ele vai poder comer. E presta muita atenção nisso, Arão! Se um sacerdote desobedecer minhas leis, morrerá.
— Ué! Cê não ia só demitir o cara???
— Bah, mudei de idéia. Matar é melhor, sabe? Dá mais impacto. Mas vamos em frente. Nesse lance das ofertas aí tem mais um negócio: Só a família do sacerdote e seus escravos poderão comer das ofertas. Se alguém de fora da família sacerdotal comer uma oferta por engano, pagará ao sacerdote o valor da oferta mais vinte por cento de comissão. Cês tão anotando aí?
— T-tamos. A-acabou?
— Mais um pouco, peraí. Deixa eu ver aqui, tinha mais um negócio… Ah, achei! É sobre os animais sacrificados. Não podem ter defeito e tal. Cego, aleijado, sarnento, nada disso eu aceito. Tem que ser um bicho perfeito. Bom, tem mais leis aqui para sacrifícios, mas eu passo por escrito depois.
— Que foi, Javé? Cansou?
— Pois é. Muito chato isso aqui, puta que pariu.
NARRADOR: Estão vendo? Nem deus agüenta mais o Levítico…

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