A construção do Tabernáculo

(Êxodo 36:8-38; 37; 38; 39)
Isso que é preguiça, hein, Chicoteia? Vai querer que a gente acredite que você vai condensar quase quatro capítulos num só?
Calma, meu povo, não é o que parece. O negócio é que, como bem disse o Saramago, não vale a pena ficar recapitulando as especificações para a construção do Tabernáculo e cada um de seus itens. Tudo isso já foi visto, seria abusar da paciência de vocês detalhar tudo outra vez. O autor do Êxodo fez isso, mas eu sou bonzinho e não o farei.
Então basta dizer que os trabalhadores, chefiados por Bezalel e Aoliabe, fizeram tudo conforme as detalhadas instruções que deus passara a Moisés: O Tabernáculo, a arca do acordo, a mesa dos pães, o candelabro, o altar de incenso, o altar de sacrifícios, a pia de bronze, o pátio, as roupas dos sacerdotes. Durante o trabalho, Moisés teve a curiosidade de saber o quanto de metais preciosos seriam usados na obra, e chamou seu irmão.
— A-Arão, cê s-sabe q-quanto o-ouro, p-prata e b-bronze e-estamos ga-gastando n-nesse ne-negócio?
— Não tenho nem idéia, Moisés. Mas você pode contratar alguém para fazer esse levantamento.
— M-mas vo-você c-conhece alguém de co-confiança?
— Bom, tem o Itamar…
— O I-I-Itamar? M-mas o m-mandato d-dele v-vai até ja-janeiro, a-acho que ele n-não vai ter t-tempo de…
— Não esse Itamar, Moisés. Tô falando do Itamar, meu filho.
— Ah, e-esse… E-ele é de co-confiança?
— Não muito. Mas podemos tirar uma porcentagem disso.
— S-sei n-não…
— Ora, que que tem, Moisés? Cê não sabe que vai sobrar coisa pra caramba dessa obra? Só estamos pegando nosso pagamento pelos serviços prestados…
— E-então tá b-bom.
Itamar foi chamado a fazer o levantamento, apresentando a Moisés quantidades impressionantes: 1 tonelada de ouro, 3,4 toneladas de prata, 2,4 toneladas de bronze. E, conforme a combinação da maracutaia entre Moisés e Arão, cada um deles pegou uma porcentagem, como sempre acontece nessas obras públicas.
Corrupção à parte, a obra correu bem e foi concluída dentro do prazo. Depois que tudo estava pronto, Moisés foi vistoriar. Tudo tinha ficado mais bonito do que ele imaginara. Reuniu os trabalhadores para um breve discurso de agradecimento:
— Vo-vocês estão de p-parabéns. I-isso a-aqui fi-ficou uma b-boniteza!
— Muito obrigado, seu Moisés. Agora só falta o senhor acertar o pagamento com a gente.
— Pa-pagamento? M-mas vo-vocês n-não fi-fizeram essa o-obra pra mim! O co-contrato de vo-vocês é com o Ja-Javé. Q-que d-deus lhes pa-pague.
— Filho da puta…
Com esse “deus lhes pague”, foi iniciado o processo de endividamento de deus, que desde então não parou mais de crescer. Aliás, andam dizendo por aí que se deus não conseguir cumprir o mais recente acordo com o FMI, é capaz dele sofrer impeachment e o diabo tomar conta da porra toda. Isso porque o diabo já é dono de 49% das ações, por isso o mundo está do jeito que está.
Mas isso não tem nada a ver com nossa história.

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