O bicho

Existe esse bicho, sabe? É um escaravelho venenoso. Quando ele morde a gente e inocula o veneno na corrente sangüínea, as palavras resolvem sair voando das prateleiras do cérebro, e aí o jeito é escrever. Muita gente já foi mordida por esse bicho. Se existe algum antídoto, ninguém sabe. Até tentaram, criaram as universidades e todo o sistema que obriga as pessoas a viverem uma rotina sem sentido algum como se fosse uma coisa normal. Mas não adianta.
Como manda a seleção natural, esse escaravelho foi sofrendo mutações com os anos. Mas nada se compara a um espécime que foi encontrado na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo. Com o dobro do tamanho dos outros escaravelhos, este mal conseguia voar, tamanha era a quantidade de veneno que suas glândulas produziam. Infelizmente ele não foi capturado a tempo de salvar a vida de um pobre rapaz: Thiago Capanema, morador daquela cidade, foi mordido pelo bicho, e agora escreve feito um filho da puta e é amigo íntimo das palavras. Vão por mim, eu tive acesso a seus escritos secretos, e posso afirmar que o pobre garoto está contaminado pro resto da vida. Já declarou que não pretende fazer faculdade, nem se vender ao mercado de trabalho. Pobre menino, colhido assim, na flor de seus dezesseis anos. Pena.

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Essa palhaçada toda foi pra dizer que eu me rasgo de inveja desse tal Thiago Capanema. Filho da puta, vai escrever bem assim lá na residência do Sr. Pênis! Só não vou aí quebrar sua fuça porque você me mandou esse negócio tão legal. Let’s celebrate Jesus, Thiagão!

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