O nascimento de Moisés

Pois bem, como foi que Moisés se livrou de ser comida de hipopótamo?
— Hipopótamo???
— É. — ar superior — Existiam hipopótamos no Nilo naquele tempo.
— Hipopótamos são herbívoros, seu herege ignorante!
Hum. Então.
Um homem chamado Anrão, decendente de Levi (filho de Jacó, não se esqueçam), casou com uma mulher chamada Joquebede, também levita. Não, a mulher não levitava. Prestem atenção: Levita é como se chama o descendente de Levi, ok? Beleza.
Joquebede deu à luz um menino. Como já foi dito, a ordem do Faraó era para matar todos os meninos que nascessem entre os escravos hebreus. Mas Joquebede, que não era besta nem nada, não ia sair à rua com o moleque no colo, “Olha, pari um menino, cês vão querer jogar no Nilo ou faço isso eu mesma?”. Então escondeu a criança por três meses.
Uma criança recém-nascida é barulhenta, mas até dá para esconder. Agora um moleque de três meses, bem alimentado, sem chance: Era capaz de o próprio Faraó ouvir os berros do garoto lá do palácio. Não podendo esconder seu filho por mais tempo, Joquebede pegou um cesto de juncos, revestiu com piche e betume, botou o moleque dentro e o largou entre os juncos da margem do rio. Vejam só que engenhosa essa mulher: Fazendo isso, ela cumpria à risca a ordem do Faraó, pois estava de fato jogando o menino no Nilo, mas por outro lado dava uma chance de sobrevivência ao filho, chance que não teria se fosse encontrado pelos soldados. Eita mulher danada!
Tendo depositado seu filho nas águas do rio, Joquebede voltou para casa, e imagino com que peso no coração. Mas Miriam, sua filha, ficou por ali vigiando para ver o que acontecia ao cesto que continha seu irmãozinho. E aconteceu a coisa mais inusitada: A filha do Faraó veio tomar banho no rio, junto com sua comitiva. Viu de longe o cesto no meio dos juncos e mandou uma criada para ver do que se tratava.
— Eita, patroa! A senhora não vai acreditar…
— O que é? Puxa! É um garotinho hebreu. Tadinho, largado assim, chorando, no meio do rio.
— Como a senhora sabe que é hebreu, patroa?
— Olha o pinto dele, a pele cortada.
— E só por isso é hebreu?
— Ai, Osíris… Odeio falar com links, mas vou ser obrigada, a história é comprida. Você quer mesmo saber? Aqui.
— Ah…
Miriam não acreditava na cena que estava vendo. A princesa do Egito dava toda pinta de que tinha intenção de pegar seu irmão para criar. Então tomou coragem e foi falar com a filha do Faraó.
— Alteza! A senhora quer que eu vá procurar uma babá hebréia para o menino? Assim a senhora não vai ter aquela trabalheira toda.
— Hum. Boa idéia. Vai lá.
Miriam sai correndo para chamar sua mãe. Não, caro leitor. Não a sua mãe. A mãe dela.
— Mãe, a filha do Faraó vai criar nosso moleque, e a senhora vai ser babá e ama-de-leite dele.
— O QUÊ??? Cê tá doida, menina?
— Corre, mãe, que a princesa tá te esperando!
Joquebede correu para o palácio, e foi contratada para cuidar de seu próprio filho. Na boa, quantas mães não gostariam de ganhar uma grana para cuidar dos filhos?
Ah, e o moleque foi chamado Moisés, que significa tirado, por ter sido tirado das águas.
E Moisés, hein? Criado na côrte egípcia, provavelmente lado a lado com o herdeiro do trono, na maior mordomia. Vidão! Hum… Não exatamente. Quando já estava grande, aconteceu um negócio que obrigou Moisés a fugir do Egito, deixando para trás toda a pompa palaciana. Mas vou falar disso depois.

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