O paradeiro de José

Estamos no meio do deserto. A caravana dos Ismaelitas continua sua viagem para o Egito. Dentro de uma jaula, choramingando, está nosso viadinho, José. De vez em quando ele fala com o bando:
— Pra onde vocês estão me levando, seus desalmados?
— Para o Egito, coisa fofa. Vamos ver se achamos alguma bicha velha por lá que se disponha a pagar um bom preço por você.
— Como vocês são cruéis!
— Nós? Cruéis são seus irmãos, que venderam você por vinte siclos de prata.
— Isso é coisa do Judá, aquele malvado.
— Pára de reclamar, bichinha. Canta uma música aí pra gente, que o caminho é longo e precisamos de distração.
José, que não resistia ao chamado do palco (mesmo o palco sendo uma jaula imunda), não se fez de rogado e emendou um medley de I Will Survive, Macho Man e It’s Raining Men. Os aplausos entusiasmados dos ismaelitas comoveram seu coração, e ele ficou muito triste quando teve que se separar deles. Porque haviam chegado ao Egito e o capitão da guarda do faraó, um tal Potifar, gostou muuuuuuuuuuuuuuuuito de José e pagou por ele o preço estipulado pelos comerciantes de especiarias.
Coisas in-crí-veis vão acontecer na casa de Potifar. Mas antes eu preciso contar a vocês a história de Judá e Tamar. Acho até que vou contar ainda hoje. Aguardem.

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