Jacó encontra Raquel

Jacó continuou sua viagem e chegou às vizinhanças de Harã, onde havia um poço. Três pastores conversavam por ali, e traziam com eles suas ovelhas e cabras. Este poço era tapado por uma pedra grande; quando todos os pastores chegavam ali, tiravam a pedra, davam de beber aos rebanhos e tapavam o poço novamente. Jacó foi falar com os pastores:
— Tarde.
— Tarde.
— Cês são aqui de perto?
— Somos sim, de Harã.
— Hum… Vocês conhecem o Labão?
— Lobão??
— [suspiro]. Não. Labão. Filho de Naor.
— Ah, conhecemos sim!
— E ele vai bem?
— Ah, muito bem. Olha, espia ali, é Raquel, filha dele.
Jacó olhou para onde eles apontavam e quem estava vindo, apascentando umas ovelhas, era a mulher mais linda que ele já vira. Ficou embasbacado, aquela família de sua mãe era pródiga em mulheres bonitas, até Rebeca, apesar de já ter uma certa idade, conservava sua beleza. Jacó quis dar um jeito de ficar sozinho com a moça, e disse aos pastores:
— Mas, meus amigos, ainda é cedo para recolher o rebanho! Por que vocês não dão de beber às ovelhas e depois as levam de volta ao pasto, em vez de ficarem aqui jogando conversa fora?
— Ah, não podemos fazer isso não. Temos que esperar que todos os pastores e suas ovelhas e cabras estejam aqui, para que a pedra seja retirada. Aí sim daremos água aos animais.
— Ô, merda…
O plano de afastar os pastores não dera certo, e Raquel (que era pastora de ovelhas, como já devem ter percebido) já havia chegado com o rebanho de seu pai. Jacó partiu para o plano B: Impressionar a moça. Correu para tirar a pedra do poço (o que deve ter rendido uma hérnia ao pobre coitado) e deu de beber aos animais. Depois disso, beijou Raquel e começou a chorar (é sempre bom demonstrar sensibilidade e esse blá-blá-blá todo, mas acho que Jacó forçou a mão nessa).
— Raquel, eu sou sobrinho do seu pai! Sou filho de Rebeca!
Mas Raquel não se deixou levar pelas lágrimas de Jacó: ela sabia que tinha primos morando em Canaã, mas nada garantia que aquele chorão ali fosse um deles. Então voltou correndo para casa e contou a Labão o que havia acontecido. Ele ouviu com atenção e foi ao encontro de Jacó, o cumprimentou e o levou para casa. Lá Jacó contou o que o levava ali e tudo o que ocorrera no caminho, incluindo a impressionante visão da escada para o céu.
— Essa eu conheço, Jacó — disse Raquel. — É do Led Zeppelin!
— Liga pra minha filha não, Jacó, é meio tapadinha. Por essas malandragens que você andou aprontando, só pode mesmo ser meu sobrinho! E esse tal deus maluco, chegado nuns efeitos especiais, tenho certeza que é o deus de Abraão. Seja bem-vindo, Jacó!
Jacó foi ficando, ajudando com os rebanhos (desculpinha esfarrapada pra ficar perto de Raquel). Ele já estava morando com Labão fazia um mês quando o tio veio falar com ele:
— Jacó, não é porque você é parente que vai ficar aqui trabalhando de graça, não é justo. Fala aí quanto você quer ganhar, e a gente negocia.
Jacó pensou bem. Não precisava de dinheiro, tinha uma gorda herança esperando por ele, principalmente depois de ter se tornado o primogênito. Ali na casa de Labão ele era tratado como um filho, não precisava comprar comida nem pagar aluguel. Então pensou numa forma de pagamento bastante original, da qual falaremos no próximo capítulo.

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