Voltemos à bíblia, seus hereges.
Abrão e Sarai já estavam fazendo hora extra na terra (ele com oitenta e seis, ela com setenta e seis) e não tinham filhos, pois ela era estéril. Um dia, sentada em sua cadeira de balanço fazendo crochê, Sarai olhou com atenção para Agar, sua serva egípcia. Reparou que Agar ainda dava um caldo, e que talvez fosse um divertimento bom pro véio. Resolveu então que já era hora de compensar aquele chifre que tinha botado no marido havia tantos anos (que chifre? A história do faraó, lembra? Não??? Ó, cazzo mio. Relembre! Lembrou? Então eu continuo). Chamou Abrão num canto, fez a proposta, e como velho safado que fica de olho na empregada não é coisa recente, ele prontamente aceitou. Foi lá e pegou Agar daquele jeito meio desajeitado (e deus só fazendo crescer a audiência das Pegadinhas de Jeová com essa cena patética, um ancião fazendo sexo).
Bom, esse negócio de mulher querer causar inveja nas outras também não é coisa recente: uma vez grávida do patrão, Agar começou a perder o respeito com Sarai, já de olho na pensão gorda que ia receber, sem falar na herança do filho. E, claro, Sarai foi fazer aquela choradeira na orelha do velho Abrão, que já não tinha mais saco pra essas coisas. Mas homem sempre dá um jeito de tirar o corpo fora, e isso não é de agora: “Mulher, tenho nada com isso não, tô cheio de serviço e ainda tenho que escrever uma carta pro Lot hoje. Resolve aí o que cê vai fazer com sua empregada”. Os olhos de Sarai brilharam, e ela comeu quente sua vingança. Como não ia pegar bem expulsar o filho do marido de casa (da tenda, na verdade), começou a humilhar tanto a pobre da Agar que ela enfiou o rabo entre as pernas e fugiu para o deserto.
Mas eis que um anjo passeava por ali e encontrou Agar junto a uma fonte d’água. Devia ser um anjo patrulheiro, porque foi logo perguntando: “Quem é você? De onde vem? Para onde vai?”. Agar contou a história toda (puxando a sardinha para seu lado, lógico), e o anjo mandou que ela voltasse para a tenda de Sarai e fizesse as pazes com ela. Disse ainda que os descendentes de Agar seriam inumeráveis, e que ela deveria botar no filho que ia nascer o nome de Ismael, que significa “Deus está ouvindo”. E ainda falou que Ismael seria como um jumento bravo, e seria contra todos e todos contra ele.
Levando-se em conta que Ismael é o patriarca dos povos árabes, parecia até que o anjo estava prevendo coisas como a Guerra do Golfo e o Onze de Setembro.
Curiosidade
Aliás, dois nomes muito comuns nos países árabes são Ibrahim e Ismail, que nada mais são do que Abraão e Ismael. Quando da ocupação Árabe da Península Ibérica, esses nomes se propagaram pela região. Com as mudanças que sempre acontecem nesses casos, acabaram dando origem aos nomes Joaquim e Manuel, tão comuns em Portugal.
pq toda mulher da biblia é estéril?? não tem nenhuma monu?