Minha tia Adalgisa me mandou um áudio ontem perguntando se eu tinha conseguido descobrir como o nosso povo chegou à Silgueira (o povo daqui fala “Siligueira”, como chama minha avó de “Siluvana”), o povoado onde ela, meu pai, os outros 7 irmãos, meus avós e bisavós nasceram. A história que ela conhece é a história de muitos lugares do interior do Brasil: “não tinha ninguém, o povo foi chegando, se apossando e ficando lá”. Ela contou que o Luiz, irmão mais velho do meu pai, tem o sonho de saber quem foi primeiro morar lá, quem descobriu o lugar. “Ele se arrepende muito de não ter perguntado a quem sabia, ao papai Mané”. Papai Mané era Manuel, o bisavô do meu pai, meu trisavô. Depois de contar essas coisas, Adalgisa deu uma dica: “Vê se você descobre onde o Godô tá. Ele é irmão da Emília, ex-namorada do seu pai. Ele mora no Monte Santo, procure por ele”.
Então fui caçar o Godô. Perguntei a Romana e bingo: Godô é padrinho da filha dela. Ela me mandou o contato do Modesto, filho dele. Falei com o Modesto, nos encontramos na porta da casa dele, e ficamos, feito Estragon e Vladimir, esperando Godô.
Lá pelas tantas, chega um motoqueiro de tipo raríssimo em Monte Santo: de capacete. Parou a moto, desceu, tirou o capacete, levantou a camisa para pegar um boné, que ele logo pôs na cabeça. Era Godofredo, o Godô, um velho miudinho, de óculos e estrábico — e eu só menciono esse detalhe porque vai ser importante em uma das muitas histórias do Godô; não tinha reparado até ele me dizer, acho que porque ficamos sentados lado a lado na calçada e eu quase só o vi de perfil.
Godô tem 83 anos, mesma idade do Luiz, irmão do meu pai. “Luiz nasceu dia 15 de agosto de 41, eu nasci três meses depois, em 9 de novembro”. Fica logo claro que ele tem uma memória prodigiosa para datas e fatos. Pergunto logo se ele sabe como as pessoas foram parar na Silgueira, onde ele também nasceu. Ele não sabe. Diz que quem sabia já morreu.
Godô conta que conheceu Mané, avô do meu avô. Já centenário, ainda caminhava muito pela Silgueira, sempre apoiado num bastão. Era magrinho e miúdo. Pergunto se ele lembra da aparência dele. “Era… Era meio claro, não era negro”. Era branco? “Também não”. Era como eu? “Isso, mulato”. A mulher do Mané se chamava Mameda, um nome que ouvíamos de vez em quando em casa, e nosa fazia rir. “Sua bisavó chamava ma merda, pai?”. Meu tio José encafifou que o nome tinha origem árabe. Sabe Deus.
Pergunto ao Godô se Mané foi o que viveu até os 100 anos. “Sim, morreu em 1960, com 100 anos, 1 mês e 20 dias”. FIco espantado com a precisão, e ele diz: “Por isso que tem que tomar cuidado com o que fala perto de criança. Isidoro, irmão mais velho de seu avô, comentou isso com alguém no velório do Mané, ‘meu avô viveu 100 anos, 1 mês e 20 dias’, e eu nunca esqueci”. Em 1960, Godô tinha 19 anos, estava longe de ser criança, mas deixei passar. Ele lembra porque lembra mesmo, a memória dele é impressionante.
Quando conta histórias, Godô encena: gesticula, se levanta, faz as vozes. Em trechos mais saborosos, os olhos brilham, a boca sorri de canto. É uma maravilha escutar Godô falando.
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Uma breve história de amor
Claro que eu quero saber da irmã dele, ex do meu pai. Sei que os dois chegaram a ficar noivos.
(Uma vez meu amigo Leandro, que estava de casamento marcado, comigo de padrinho e tudo, desmanchou o noivado. Fiquei brabo com ele. Quando ele foi em casa, fiz questão de contar pro meu pai, pra ver se ele dava bronca no Leandro. “Fez certo”, ele disse. Contou que tinha ficado noivo em Monte Santo, e um dia resolveu terminar com a moça. Seu Júlio, meu avô, foi reclamar com ele. Disse que era um vexame, estava todo mundo esperando o casamento, o que iam dizer. “Então eu perguntei a ele: papai, se eu me casar… você vai dormir com ela?”. Meu avô ficou sem resposta, e nunca mais tocou no assunto.)
Perguntei da Emília e disse que sabia que ela tinha sido namorada do meu pai. Godô deu um sorriso de canto de boca, o olho já brilhando. “E você sabe disso, é?!”. Ernesto, que era primo do meu pai, namorou a Emília, os dois tiveram um filho, o Josué, que nasceu em São Paulo em 1968. “Mas a grande paixão de minha irmã foi o Lindauro”, ele confidencia.
Lembro do meu pai dizendo que um dos motivos para terminar o namoro foi porque ele não queria casar com uma prima. Sempre achei que era prima em primeiro grau, que é coisa comum por aqui. Mas Godô me explicou: Salu, meu bisavô, tinha uma irmã chamada Liadóra (poético demais), que era mãe de Amaro, pai de Godô e Emília. Quer dizer: a ex do meu pai era prima em segundo grau. Sei lá, acho que ele fez foi arrumar uma desculpa qualquer pra dar um pé na bunda da moça, coitada.
(Maria, mãe do Godô, era prima em primeiro grau — ou “prima carnal”, como dizem aqui — da minha avó Silvana. As árvores genealógicas da zona rural de Monte Santo são um cipoal embaraçado)
Emília mora em Osasco. Godô sabe de cor a rua, o número, o bairro. Claro que sabe. Dia desses vou lá visitar a ex de Seu Lindauro.
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O mais bonito em sabedoria
Ontem, conversando com o Leôncio, fiquei sabendo de uma novidade: que meu pai foi professor das crianças da Silgueira. Eu nunca tinha ouvido falar nisso e perguntei ao Godô se era verdade que meu pai ensinava. Ele confirmou. Mas ensinava a quem? “Todos nós, que sabia menos que ele. Lindauro era o mais bonito na história da sabedoria”. E sim, ensinava as crianças. O lugar onde hoje fica uma borracharia na Silgueira era uma escolinha. Os pais da região pagavam o único professor para ensinar os filhos a ler e fazer contas. O professor morreu, ou foi embora, e meu pai, o mais bonito em sabedoria, ficou de substituto. Ele devia ter uns 16 anos.
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Fofoca atrasada
Godô também tem fofocas quentinhas sobre a família. Conta que minha avó Silvana falava assim de um agregado da família: “Que pedaço de homem enganoso…”. Era um sujeito grandão, fortão, mas que não valia nada. Falou dos irmãos do meu avô, fez uma pausa e disse, com o olhinho já brilhando: “E tinha a Tomásia, mas essa era filha particular…”. Pergunto o que é filha particular, ele finge que não quer contar, mas conta.
Uma tal Maria do Jorge foi trabalhar na casa da minha bisavó, Ana. O irmão mais velho do meu avô gostou da moça, coisa e tal, acabou que ela engravidou. “Foi um pãozinho fora do forno”, diz Godô, o olhinho brilhando mais, sorrisinho no rosto. Nasceu a menina, Isidoro era muito jovem, então Tomásia foi criada pelos meus bisavós, Ana e Salustiano, o Salu. Cresceu como filha deles, não sei se depois soube que os pais eram na verdade seus avós.
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Longe do limbo
Godô conta que, da geração dele, foi o único a ficar na cidade. Assim como meu pai e os irmãos dele, todos os irmãos de Godofredo se picaram para São Paulo. Só que ele tinha um emprego: era espichador de pele de bode, e trabalhava para o Laurentino da Silva, um empresário da cidade que ajudou muita gente e tem até estátua em uma praça no centro (vejo agora que ele também é nome de escola na Tapera, outro povoado, e foi prefeito da cidade por dois mandatos na década de 1950, pela UDN). “Maior homem que existiu em Monte Santo”, diz Godô. Emprestava dinheiro para o povo ir a São Paulo (dinheiro que pagavam de volta assim que arrumavam um emprego), dava comida a quem não tinha. Tratava de negócios sempre perto de onde Godô estava agachado (ele diz “acocado”, de cócoras) esticando as peles de bode, então ele escutava tudo. Godô é muito bom ouvinte.
Laurentino nasceu em outubro de 1908 e morreu no dia 9 de abril de 1992. Não tenho como confirmar nada disso, as datas simplesmente vão saindo da boca de Godô.
Godô não precisou ir para São Paulo porque arrumou esse trabalho em 1956. Viajava toda a região (Monte Santo, Euclides da Cunha, Cansanção) para as feiras onde Laurentino comprava e vendia todo tipo de produto. Mas ele também não foi porque não gosta de São Paulo. “Meu limite é duas semanas, não gosto”.
Em uma certa época, ele ficou em dúvida se deveria ir para São Paulo. Afinal, todos tinham ido, será que só ele era errado? Escreveu uma carta a um dos irmãos perguntando se o aconselhava a ir. A resposta do irmão: “Se você quiser vir para ficar como eu, que depois de muito anos ainda não sei onde vou morar, se aqui ou na Bahia, venha”. Foi o que bastou: Godô não queria o limbo, escolheu Monte Santo.
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Dia de pedinte
“Vou te contar uma história que poucas vezes eu contei, porque o povo não acredita”. Já fico de orelha em pé pra escutar a história.
Numa dessas viagens pelas feiras, Godô estava em Cansanção, em frente à agência dos correios. Era 1963, ano de uma seca braba, ano em que meu pai foi para São Paulo. Muita gente passando fome, uma tragédia. Pois lá estava Godô, empregado, e viu vir subindo um velhinho magro. Godô se levanta para demonstrar a reação dele. O velho vindo, ele olhando. “Mas que velho tão magro é esse?”, ele se perguntava na época, e repete a pergunta agora. O velho vinha vindo olhando pra ele, e ele olhando pro velho. Mais de perto, a magreza do velho impressionava mais ainda. O braço era só o osso (“só a cana”, diz o Godô) Quando chegou, Godô disse:
— Ô, meu véinho, que magrice toda é essa?
E o velho:
— Meu filho, me dê uma esmola. Casei com uma mulher nova, deixei ela com 7 filhos em casa, sem nada pra comer. Também não trouxe nada comigo, nem tenho como levar.
— Eu não tenho dinheiro, não. Topa pedir?
— Topo.
A região em frente ao Correio era movimentada. O velho ficou sentado no chão enquanto Godô clamava aos passantes:
— Olha o estado desse véinho! Como está magro! Tá passando fome, tem 7 filhos! Ele não merece uma esmolinha.
Foi se formando uma roda, o povo dando dinheiro. Gente que estava mais longe via a roda e vinha para ver o que era (“pra curiar“, diz o Godô, usando um verbo que eu não conhecia, mas faz todo o sentido: curiar é a atividade do curioso). A rodinha aumentava, mais gente dava dinheiro, até que uma hora o velho se levantou, contou o dinheiro e disse:
— Deus que pague a vocês. Mais do que isso é comércio.
O povo começou a debandar, e o Godô chateado. Ele estava planejando arrumar dinheiro pro velho e a família não passarem fome por 6 meses, e ele dava uma dessa? Godô lembra que o velho comentou que o dinheiro dava para 3 pratos de farinha. Um prato são 4 quilos, então são 12 quilos de farinha. Godô diz que um prato de farinha na época custava 30 mil réis, então eles tinham arrecadado 90 mil réis.
(Fui conferir agora, e a moeda em 1963 era o cruzeiro. Mas eu conheci gente na década de 80 que ainda falava em mil réis, então imaginem em 1963. Tentei usar a calculadora do BC para descobrir quanto valeriam 30 mil cruzeiros de 1963 hoje, mas muda muito: pode ser qualquer valor entre 600 e 2 mil reais. Usando o índice Farinha de Mandioca, e considerando que hoje um quilo custe 5 reais, então o que eles arrecadaram no dia daria 180 reais)
Enquanto o povo dispersava, Godô ficava pensando que ia esperar para perguntar ao velho por que tinha parado de aceitar as esmolas. “Pois foi como se eu tivesse dormido em pé”. Assim que o lugar se esvaziou, ele se virou para falar com o velho e… cadê o velho? “Ficou essa pergunta no ar”, ele diz. O velho sumiu de repente, não tinha como ele ter saído dali tão rápido. “Não sei o que foi, mas sei que não foi coisa ruim. Foi coisa boa, coisa de bença”.
Godô herdou um certo misticismo do pai, que lia as profecias de Nostradamus e às vezes falava do futuro. “Vai chegar um dia em que as pessoas vão comprar farinha na prateleira”, ele dizia, e ninguém dava atenção. Quando apareceram os primeiros supermercados, Godô lembrou do velho Amaro.
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Quando o filho ensina o pai
Amaro gostava de beber. Godô faz rodeios para contar isso. “Meu pai às vezes chegava… meio escorregando. Gostava de umas. Tá entendendo, né?” Num dia em que o pai chegou melado demais, Dona Maria chamou o filho: “Godô, você regule seu pai”. Mas ele não tinha coragem de dizer ao pai o que fazer. Ficou pensando nisso e teve uma ideia. No dia seguinte, falou para a mãe: “Mamãe, posso lhe contar um segredo?”.
Antes do segredo: Cecílio, irmão do meu avô, saiu do padrão da família. Em vez de São Paulo, resolveu migrar para Londrina, no Paraná. Cecílio e o primo Amaro, pai de Godô, escreviam cartas um ao outro.
Voltando.
“Mamãe, posso lhe contar um segredo? Eu não me atrevo a querer controlar papai, não. Mas vou escrever uma carta a ele”. Dona Maria, ao contrário do marido, não sabia ler. E era isso que Godô queria explorar.
Ele escreveu a carta com um apelo ao pai: que ele já estava velho, precisava se cuidar, ter mais juízo, não beber tanto. Colocou o nome do pai no destinatário, e o dele próprio no remetente. Entregou a carta à Dona Maria, para que ela entregasse ao marido.
Quando Amaro chegou da roça, Maria avisou:
— Amaro, chegou uma carta aqui. Veja de quem é.
Ele olhou, fez cara de espanto, a mulher voltou a perguntar de quem era.
— É do Cecílio, lá no Paraná — mentiu ele, desconcertado.
— Pois leia pra mim.
Depois de já ter lido a carta em silêncio umas duas ou três vezes, Amaro foi inventando em voz alta uma carta do primo. Estava claramente envergonhado de receber um sermão fo filho. Mas, depois daquele dia, nunca mais bebeu nem fumou.
— Às vezes o filho ensina ao pai — eu digo ao Godô.
—É isso! — ele concorda, empolgado — Às vezes o filho ensina ao pai!
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Godô investigador: parte 1
— Se eu me metesse a ser investigador, ia ser muito bom — diz o Godô. — Eu presto muita atenção, escuto tudo, vejo tudo. Vou lhe contar uma história.
Ele conta que trabalhava com um amigo chamado Celé. Quando iam para Cansanção, o caminhão parava em Jenipapo e Celé descia para tomar uma cachaça. Uma vez lá em Cansanção, Celé comprou um peixe, botou sobre outras coisas que levaria num saco e deu um nó. O caminhão voltou para Monte Santo com umas vinte pessoas na carroceria. Quando parou e Celé foi tomar sua cachaça em Jenipapo, alguém desatou o nó e furtou o peixe.
Celé ficou injuriado no caminho de volta. Então Godô teve uma ideia:
— Compadre Celé, não ligue não. Eu vi quem tirou seu peixe. Ele tá é brincando com você. Se ele não devolver até a ponte, não se preocupe, porque eu vi quem foi.
A viagem seguiu em silêncio por um tempo. Dali a pouco um gritou:
— Celé, olha aqui seu peixe! Era brincadeira, rapaz!
E ficou tudo bem.
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Godô investigador: parte 2
Eu já precisava ir embora, tinha marcado de passar na casa da Romana para pegar as encomendas para São Paulo — farofa de galinha, marmelada, licuri, doce de leite. Fui me despedindo do Godô e ele:
— Você tá com muita pressa? Dá tempo de contar mais uma?
Claro que dava.
Nessas viagens às feiras da região ia às vezes a esmoler Anastácia. “Toda esfarrapada, tadinha, cheirando a mijo, sempre carregando um saquinho onde guardava o dinheiro da esmola”. Na volta para Monte Santo uma vez, no caminhão, Anastácia percebeu que lhe tinham roubado o saquinho. Começou a chorar e lamentar a esmola perdida.
— Eu sou estrábico, né? — diz o Godô, e só agora reparo nos olhos que são como irmãos que não se dão, cara um para um lado. — Então levantei, fui até a frente do caminhão, me virei, levantei a blusa pra mostrar a faca e falei: “Devolve o dinheiro da Anastácia, senão te dou uma facada!”. Ninguém sabia para quem eu tava olhando, podia ser qualquer um. Aí claro que o culpado se entregou. “Tá aqui, Anastácia, era brincadeira!”.
E ficou tudo bem.
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Me despeço de Godô, mas ele quer me levar para ver a casa. Um menino de cadeira de rodas assiste TV parece ter algum tipo de paralisia cerebral. Uma moça vem lá de dentro e Godô começa a explicar muito lentamente quem eu sou. Depois esclarece: “ela é muda”. Eu pego o caderno onde estava anotando as histórias todas e escrevo: “Emília foi noiva do meu pai”. Ela lê e leva a mão à boca, depois ri. Faz sinal de quem alguém dormindo na casa, então saímos.
Na calçada, Godô se despede de novo. Diz que foi uma satisfação, uma das grandes alegrias da vida dele me encontrar.
— Não é sempre que eu acho que tenha paciência pra me escutar.
Pois eu ficaria escutando por muito tempo ainda. Obrigado, Godô. Valeu a pena te esperar.
Tem gente tão boa de contar história que nem se for tudo mentira a gente gosta de ouvir! Teu primo é um desses. Você está aprendendo bem…
Entendo demais isso de ficar no limbo sem saber de onde se é. Até queria não ser assim, mas acho que é maldição de família de imigrantes, caixeiros-viajantes e aventureiros. Antes de chegar à vida adulta já tinha pegado o bicho-carpinteiro de ficar de mudança.