Há gente que aprende russo para ler Dostoiévski no original. Eu, mais humilde, aprendi inglês para ler as obras originais de meu grande mestre Stephen King.
Posso ver alguns leitores torcendo o nariz diante dessa declaração. Não disfarce, seu filho-da-puta, você fez careta. “Mas Marcurélio! Stephen King?”. Muita gente fica decepcionada comigo quando me vê andando por aí com um dos livros do mestre do terror. Lembro-me do Marco Antônio, na época professor e coordenador de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, que expressou de forma particularmente desagradável essa decepção. Tinha me visto uma semana antes lendo “Os Irmãos Karamazóvi” no bar, e duas semanas antes daquela tinha sido “Cem Anos de Solidão”. Ao me ver empunhando “Trocas Macabras” (Needful Things), disse: “Eu esperaria isso de qualquer um, menos de você”, num tom de marido traído. E esse foi um dentre tantos fatores que me fizeram desistir da faculdade: um lugar onde os professores se sentem no direito de patrulhar o que você lê não pode fazer bem a ninguém.
Porque, acreditem vocês ou não (e eu quero que se foda), Stephen King é um escritor de verdade. Na edição de 1999 do Guinness Book of Records, ele constava como o escritor mais rico do mundo. No entanto, não possui jatinhos nem times de basquete, não faz aparições públicas estrondosas, enfim, não é um super astro: um escritor como outro qualquer, exceto pelo fato de não ter que se preocupar com o aluguel. E isso hoje em dia: ele escreveu Carrie, seu primeiro romance, equilibrando a máquina de escrever sobre os joelhos sentado num caixote atrás da caldeira do trailer onde morava com a esposa e o primeiro filho. É um cara de hábitos simples, que gosta mesmo de ler muito (enquanto pode, já que uma doença degenerativa acaba com sua visão aos poucos) e escrever. Foi atropelado enquanto fazia uma caminhada lendo um livro, coisa que eu pensava que só babacas como eu fizessem.
Bom, acho que já deixei claro o quanto gosto do Sr. Stephen Edwin King. Pois bem, esta semana resolvi que ia comprar From a Buick 8, único romance que me faltava. Entrei na livraria disposto a adquirir o pocket book, mas vi que a tradução já havia sido lançada. A preguiça é minha característica mais forte, então comprei o livro em português. Só o fato de não terem tentado fazer gracinha com o título (que ficou Buick 8), me deu a esperança de estar lidando, finalmente, com uma tradução decente da obra de Stephen King, diferente das publicadas nos anos 80 e 90 pela Editora Francisco Alves. Para vocês terem uma idéia: há em O Iluminado um trecho em que é descrita uma festa no Overlook Hotel. Entre outras bebidas, os convidados tomavam Hi-Fis. Pois bem, na tradução da Francisco Alves diz-se que eles estavam tomando Altas Fidelidades… Só por aí já se justifica meu medo das traduções; mesmo assim resolvi arriscar. Foi um erro: a tradução, feita por uma tal Adalgisa Campos da Silva, comete pecados que nem um aluno do nível básico do Fisk cometeria, como traduzir actually para atualmente, ou to pretend para pretender. Lamentável.
Nem tudo pode ser imputado à tradutora, porém. Eu vinha relutando em admitir o óbvio, mas Buick 8 não deixa escolha: atualmente (argh!), Stephen King vem perdendo a pegada de uns tempos para cá em seus romances. Talvez na ânsia de ser mais e mais assustador, acaba cometendo o mesmo equívoco de seu pai literário H. P. Lovecraft: escorregar para o ridículo com suas tentativas de chegar ao horror absoluto. É uma pena. Bom, pelo menos os contos continuam excelentes, como se pode comprovar na recente coletânea Everything’s Eventual. Fora isso, ele surpreendeu em On Writing, livro que escreveu durante a recuperação pós-acidente, e no qual trata do ato de escrever, dando dicas e macetes que nenhum professor da faculdade de jornalismo jamais me deu.
De forma que fica aqui minha dica: se você ainda não conhece Stephen King, trate de conhecer. Leia Carrie ou O Iluminado. Se a preguiça for demais, comece por um livro de contos (Tripulação de Esqueletos, Pesadelos e Paisagens Noturnas). Se o seu problema é preconceito, você é um leitor dos clássicos e não se rebaixaria a ler um autor de best-sellers, aconselho-o a assistir três filmes: Conta Comigo (Stand By Me), Um Sonho de Liberdade (Shawshawk Shawshank Redemption) e À Espera de Um Milagre (The Green Mile). Se você ainda assim não se convencer que o autor de histórias como essas é um escritor de verdade, pode ir tomar no cu, que eu não tô aqui pra paparicar gente ignorante. Oras bolas.
Aí, se esse tal de ESTEFANI KING é escritor, por que o cara tá tocando guitarra?
Não tá confundindo com o Lou Reed não?
Me sinto traído Marco. Não esperava isso de você.
Deu mole, devia ter comprado o livro de bolso no original mermo.
Bom, pra não falar de Carrie ou do Iluminado:
Um Sonho De Liberdade é um dos melhores filmes que já vi. E boa parte disso se deve ao roteiro…
Pra ser rápido: preconceito é uma merda… 🙂
PS: Caramba, hein? Essas traduções me deixam com vergonha… até minh vovó manda melhor nisso…
Curto King, apesar de ter ficado de saco cheio das manias e idiossincrasias narrativas dele.
Stephen King é muito bom, prefiro praticamente qualquer conto dele ao LengaLengaQueNãoTerminaNunca do Cem Anos de Solidão (ops, não me chicoteia).
Sobre erros de tradução, uma lembraça Nerd minha é de uma versão antiiiiga do scandisk que traduzia Unused como Inutilizado.
Esse deu professor é um frankfurtiano!!!!!!
Bastardo!
Hum. Eu já li Desespero e Angustia do Stephen King. Gostei dos dois, em especial de Desespero que me fez ficar pensando sobre Deus e tal. Recomendo
Engraçado. no http://www.uol.com.br/babylon, encontramos as traduções para actually e pretend, respectivamente:
– ATUALMENTE; realmente
– PRETENDER; simular; pretextar; aparentar; fingir
Meu preferido é “Saco de Ossos”. É grande, mas é ótimo. O cara é bom e enquanto não chega logo o fim eu não largo o livro
Veja bem, nem tenho esse preconceito contra o Stephen King, até porque nunca li nada dele, mas “A espera de um milagre” é uma merda de filme, se esta é a referência, comecamos mal…
Marco, onde esta “Shawshawk Redemption”, leia-se “Shawshank Redemption”. Obviamente um erro de digitacao, que fez com que o nome ficasse parecendo com alguma coisa como “A Redencao da Xoxota”. 🙂
Eu curto Stephen King. Sobre as traduções, cá em Portugal qualquer um pode ser tradutor, basta saber dizer umas palavrinhas em Inglês e já estão aptos a traduzir um livro. E depois temos as barbaridades que se vêm nos livros.
Nessa foto o sr King está parecendo uma versão atropelada do Neil Young . . . E quer pior do que tradução de nomes de filmes ??
– João Carlos, você entendeu: a tradução para atualmente ou pretender não faz sentido no contexto. Pelamordedeus, eu não vou ficar explicando tudo pra vocês.
– Shawshank, ok. Preguiça de esticar o braço e conferir o nome no livro. Obrigado, Renato.
– Thiagão, atomanocu.
King é o Cara!! O 1º livro que li dele foi Desespero, um dos meus preferidos até hoje! Mas não posso deixar de citar “Stand” (A dança da morte), “Misery” e o óbvio Green Mile, meu preferido desde muito antes do filme. (quando era uma série de 6 pocket books!)
Considero “O Iluminado” um dos títulos indispensáveis da minha biblioteca. Mas ninguém mencionou outro clásssico (será que só eu li?): “Christine”.
sou fã do Stephen King! acho que meus preferidos são A Coisa e Os Olhos do Dragão. Além do O Talismã que ele escreveu com o Peter Straub! Ah e o título original do Sonho de Liberdade é Rita Hayworth and the Shawshank Redemption
Não, Marcio. Esse é o título original do conto. O título do filme é apenas Shawshank Redemption, como você pode ver aqui.
Tenho um livro dele aqui, bem grossinho, e ainda estou no começo!
Você me “apresentou” a Stephen King e me tornei fã!
Marco Aurélio, eu tb sou muito fã do SK, já li vários livros dele (se quiser algum emprestado…). O livro que tem Um Sonho de Liberdade é o Quatro Estações. É um dos melhores contos do SK que eu já li (depois de O Método Respiratório, que tb é fantástico). Dizem que A Dança da Morte é o melhor livro dele, mas eu estou começando a ler agora e ainda não achei tudo isso não… sou mais O Cemitério.
Primero: Gunno, vai tomar no meio do seu cu.
Pronto. Agora vai eu não sei porque ninguém ainda citou o ótimo “Christine o carro assassino”. Puta filmão.
E Marcurélio. Sei lá se você vai me xingar. Mas eu curto mesmo Michael Crichton. Esse cara é foda.
Perdão!!!!!!!!!!!!!
li o comentário à modã”vamo simbora” e achei que se falava do conto!
e Pet Sematary?
Eu gosto muito do King, mas parece que ele é ainda melhor nos livros sem – ou com muito pouco – sobrenatural, o que mostra como o cara é realmente um grande contador de estórias. Os Livros de Bachman, Jogo Perigoso , Eclipse, os contos que viraram os filmes Conta Comigo, Shawshank Redemption e O Aprendiz (o filme é uma bosta, mas o conto é dugranduca) são sensacionais, bem melhores que os mais recentes de horror – e olha que eu li quase todos…
Olá Marcurélio!! (que intimidade, a minha…rss..)
O primeiro filme se Stephen King que eu vi foi Pet Semetary…e gostei muuutio. Depois, veio It, Carrie entre outros…mas nunca li nenhum. Vou dar um jeito nessa deficiência.
Não sabia que Green Mile era dele. Palmas pro Stephen King, e quem discordar que vá pro inferno! ;o)
Marcurélio, dez o post – só com uma ressalva: na minha opinião o Kubrick deu um upgrade do caralho no “Iluminado”, e fez um filme muito melhor do que a história original.
Amplexos.
Sabe q eu poderia dizer exatamente as mesmas coisas de um dos meus escritores preferidos, o Rubem Fonseca? Nego torce o nariz, acham q é bom, mas não é tanto assim, pq é muito fácil de ler… E o último romance dele tb é uma decepção.
Qto à indicação, acho q vou preferir tomar no cu, terror não é muito a minha praia não.
O melhor livro de contos do Stephen King é, de longe, Sombras da Noite (“Night Shift”). Você já leu, Marco?!
Puts, Stephen King mata a pau, lembro que chorei horrores lendo a espera de um milagre…
eu to aprendendo russo! mas naum eh pra ler dostoievski, naum me sobra tempo e nem so mt chegado em ler, entaum marcurélio se um russo te xingar diga a ele:
ëb tvoju mat!
oblyudok!
suka! (mulher)
tebja malenki chui (homem)
sukin syn!
na verdade naum eh assim que escreve
eh que eu naum sei como escreve letras russas em teclados normais mas eh assim que pronuncia
Concordo com quase tudo que vc disse. Só discordo quanto à sua opinião sobre o livro. Peguei Buick 8 e li de uma sentada só (sem trocadilho, por favor). O livro é muito bom.
Espera um pouquinho aí…Você é fugitivo da Cásper Líbero? Olha só as coisas que a gente descobre…
Sou formada por lá. Marco Antonio, o “Vampiro”, foi meu orientador no TCC (projeto experimental, como queiram). E essa “reação de marido traído” é bem típica dele. Ó mundo pequeno…
A propósito, “Carrie” me deixou sem dormir umas duas semanas. Ô livro!
Essa reação do seu ex-professor é típica de toda uma corja que se considera superior por ler e entender a fundo sobre coisas que poucos – ou mesmo ninguém – quer saber.
Mais ou menos o que acontece com quem fica torcendo o nariz pra carnaval, mas quando sobra uma grana, tá lá, de mortalha, em plena Salvador, atrás do Chiclete com Banana.
pouts .. espera d um milagre e O ILUMINADO saum demasssssss
mas aproveitando o ganho .. sabe quem é a escritora + rica agora ??????
J.K. Rowling .. a do Harry Potter …
Viva Sthephen King e Viva J.K. Rowling
Normal, na minha época de faculdade os professores queriam dizer até que tipo de música a gente podia ouvir…
E falando em Stephen King, tu já leu “A Casa Negra”? Ainda não comprei, o money tá curto…
Stephen King é ducaralho! E ponto final. Sem frescuras, como ele mesmo gosta de se sentir. O único livro que li foi “O iluminado”, no português mesmo e emprestado de um amigo. Daí para idolatrá-lo no cinema foi um pulo!
E outra coisa: vc teve aula com o puto do Marco Antônio? Ele tb foi meu professor na mesma boa e velha Cásper! Ele é cretino em diversos comentários que faz – além de nos ter obrigado a ler “Chatô”, o livro mais mala que existe -, mas num buteco o cara é foda!
Abço!
O CEMITÉRIO é muito bom ! E você se esqueceu!
Também sou viciada em Stephen King. Meus favoritos são Jogo Perigoso e Christine. A propósito, vi um comment de alguém aí elogiando o filme Christine. Fala sério, amigo… Esse filme foi uma MERDA! O livro foi totalmente alterado!! Se eu fosse o Stephen King, processava os diretores e roteiristas… Acho que o melhor filme baseado em um livro dele foi O Iluminado…
Stephen King??? Puta merda… E Paulo Coelho? Vocês também gostam?!? Putz…
Stephen é genial. Meu favorito é o livro “As Quatro Estações”. Quatro contos maravilhosos.
Mestre da criatividade. Sabe tudo o cara, e não é punheteirinho que se acha talentoso só porque não vende.
Ja li o On Writing quatro vezes (as duas primeiras sentada no aeroporto de Atlanta sem ter o que fazer, rs). Fo-da.
Beijo.
Eu só precisei ler uma página de um daqueles livros que ele lançou em onze a uns anos atrás para descobrir que Stephen King é muito bom. Bem, eu não gosto de Paulo Coelho, e não vejo nem como comparar. Talvez a semelhança seja que ambos sejam escritores? Eu tenho minhas dúvidas.. Pois bem, finalmente, concordo contigo. Stephen King é bom..e ponto.
PODE CRER que Stephen comanda! Vc já contou quantos filmes baseados nos livros dele tem? Eu parei de contar no 40…. sem paciência!
O cara manja muito e eu adoro ele!
E me diz…. ele tá tocando RAMONES aí nessa foto?(RAMONES domina!)
Os contos de Bachman são 4 histórias à frente do seu tempo. Nestes livros ele antecipa em algumas décadas (duas, pelo menos) a febre dos reality-shows – em “A Longa Marcha” e “O Sobrevivente”. Outro sensacional é “the Stand” (Dança da Morte). Também são bons A Metade Negra (primeiro que li), It, o unânime O Iluminado, e uma pilha de outros que tenho. Pra terminar, uma frase do mestre (corrijam-me se lembrei errado): “Somente quando se tem 12 anos é que se tem amigos de verdade”
Poxa.. fiquei feliz de ver tanta gente q gosta do cara q nem eu… eu jah li a casa negra… tah bom, mas não enquadra no perfil dele… e pra mim, os livros de contos saum OS MELHORES apesar dos romances não ficarem muito atrás… Não gosto dos filmes… na verdade, acho que tem 3 ou 4 que escapam… q ficaram BONS MESMO ( e o apanhador de sonhos DEFINITIVAMENTE não é um deles), mas o cara eh o meu heroi…. gostei da dica sobre o Buick (tem meio cara de continuação de Christine, neh?) e vou ver c pego emprestado antes de comprar… Mas ele mandou muito bem nos contos de um livro q eu jah esqueci o nome, mas lembro dos contos. (ex-fumantes ltda. e Campo de batalha, saum os melhores). Parabens, Marcurelio, vc virou meu heroi mais ainda depois dessa.
EU AMUUUU U KING!!! *______________*
Carrie e o Iluminado saum meus livros de cabeceira!! muito bom mesmu!!!
O Talismã, Apanhador de Sonhos, Carrie, O Cemitério…. eta livro bão danado!!!!
O Dreamcatcher, livro e filme, muito ruinzinhos. O que confirma a fase ruim. Mas parece que ele vai lançar um policial – na Amazon já estão pré-vendendo.
Obrigado pela visita lá em casa.
Abraço,
Mauro
Olá,
a matéria que você escreveu ficou fantástica.
Eu, como um fã, adorei.
Gosto tanto do estilo de King, que até escrevi um livro em seu estilo.
No meu livro “Abençoado?”, conta a história de Mateus, um menino iluminado com poderes de cura, ele é muito ligado a Deus,porém quanto mais próximo da luz estamos, mais as trevas tentam nos dominar, neste livro eu conto a batalha apocalíptica entre Deus e o dêmonio. É uma história empolgante. Estou vendendo o livro por apenas 20 reais, o livro possue 238 páginas. Fiz 400 exemplares, dos quais vendi uns 230. Preciso muito vender o restante. Por favor ajude a literatura nacional, garanto que o livro é bom e se vc gosta mesmo de King, Lovecraft ou Edgar Poe, vc não vai se arrepender. Peço sua ajuda, o livro é barato.
Caso vc ou algum amigo esteja interessado, me mande um e-mail de resposta.
Agradecido
Juliano Cézar Sasseron
PO CARA AGORA TO SEM TEMPO PARA ESCREVER MAS EU TAMBEM SO FA DE STEPHEN KING E QUERIA TROCAR UMAS IDEIAS CONTIGO ENTAO SE PUDER ENTRE EM CONTATO FALO ABRAÇO