Este é o título de um filme alemão protagonizado por Franka Potente, a mesma de Corra, Lola, Corra. Ela é uma estudante de medicina que se destaca e vai para Heideberg. Lá ela descobre uma sociedade secreta que faz pesquisa dissecando pessoas vivas. É muito legal (apesar da maquiagem tosca: um cara que sofreu três cortes no rosto na cena anterior aparece em close. Dá pra ver claramente que os cortes são aqueles adesivos que qualquer um pode comprar nas lojas de fantasia da Ladeira Porto Geral). Bom, esse negócio de falar de filme eu deixo pra Bárbara. Quero falar de outra coisa: Eu sei que existe o idioma alemão. Mas mesmo assim é impressionante ver as pessoas falando alemão em casa, na rua, no boteco. Porra, tá bom, é a Alemanha, mas pra que tamanha tortura? Por que eles não falam alguma coisa mais simples no dia-a-dia e deixam o alemão para os filósofos? Dá dó de ver o cara se esfalfando de tanto falar, e a legenda com duas, três palavras.

Muita gente me pergunta em que eu acredito. Pois bem, eu acredito em coisas como esse bilhete aí embaixo. O rapaz de 23 anos que o escreveu em 1967 não sabia se a menina de 16 anos iria aceitar ou não namorar com ele. E não tinha como saber que ela não só aceitaria como ficariam noivos no ano seguinte. E nem imaginava que iria se casar com ela em janeiro de 1974 e que teriam três filhos e que estariam juntos ainda no longínquo ano de 2002. Não passava pela cabeça de ninguém, nem dos mais ardorosos fãs de ficção científica, coisas como a Internet. Portanto, esse rapaz nunca ia imaginar que seu filho mais velho seria autor de uma coisa chamada blog, e que um dia teria a idéia de publicar o bilhete que juntou seus pais. Ah, e hoje meu pai é um ferrenho defensor da língua portuguesa, o que ele não era nem pensava em ser em 1967.
Eu acredito nisso: na força do que tem que ser.

Quem me conhece sabe que eu nunca fui crédulo, e o sou cada vez menos. Mas hoje, saindo para o almoço, deparei-me com um tocador de realejo. Há tempos não via um, e fui encontrá-lo justo aqui, no Vale do Silício paulistano, o Olimpo da Tecnologia. Não resisti ao contraste e paguei ao cara os R$ 1,50 que ele cobra pelo serviço do periquito (sim, porque o serviço dele é só girar uma manivela). A inteligência das aves não pára de me surpreender, e defendo que os tocadores de realejo dividam os lucros de igual para igual com seus periquitos, ainda mais porque sempre parece que o periquito é o mais inteligente da dupla.
Outra razão para eu gastar meu dinheiro com tamanha bobagem foi que eu me lembrei de uma ocasião, meu irmão devia ter pouco mais de um ano de idade, quando minha mãe também tirou a sorte para ele no realejo. Ela não se lembra disso, e claro que ele também não lembra. Mas o bilhete ficou muitos anos guardado, e dizia que o menino era a alegria dos pais e dos irmãos, o que ele de fato era, e continua sendo aos 22 anos de idade.
Mas eis meu bilhetinho:

Permitam que eu explique minha relutância em começar logo essa história de Sodoma e Gomorra. Primeiro, é um episódio confuso: Abraão vê três caras, e o narrador algumas vezes se refere a eles apenas como “os varões” e outras como “o Senhor”. Isso, é claro, tem dado nó na cabeça de teólogos das três grandes religiões monoteístas. Para uns são dois anjos e deus, para outros é deus se manifestando na forma de três homens, porque o cara é foda e pode se manifestar do jeito que quiser. Além da confusão, é uma história meio comprida, então vou dividir em partes.
Pois bem: estava Abraão sentado na entrada da tenda, por um lado criando coragem pra encarar Sara pelada (uma mulher de noventa anos, imaginem, e naquela época! Se fosse hoje, era capaz até de a Penthouse chamá-la para um ensaio, feito uma Dercy Gonçalves semítica, mas não naqueles tempos, que eram bem mais respeitosos) e tentar logo fazer o tal do filho que deus tanto prometia; mas no fundo torcendo para que deus olhasse bem para o ridículo da situação e dissesse: “Deixa isso pra lá, vem pra cá, que que tem, já tem o Ismael aí, fica ele e tudo bem”. Pobre Abraão, não tinha como saber que era mera vítima das Pegadinhas de Jeová
Eis que ergueu os olhos e viu três homens embaixo de uma árvore. Como ele soube que se tratava de uma manifestação divina, ou de deus e dois anjos, ou de três anjos, não se sabe, mas correu pra lá pra dar aquela bajulada. “Ô, seus moços, fiquem aí um pouco, eu falo pra velha fazer um bolo, mato uma vitela aí e faço um churrasco, coisa rápida e vocês seguem viagem de barriga cheia, que é sempre melhor”. Os três aceitaram e lá foi o velho preparar tudo “Vai, Sara, faz um bolo aí que temos visita”. Sara fez o bolo, porque não é de hoje que os homens levam amigos pra casa sem avisar antes. Abrão ordenou a um criado que preparasse uma vitela, coisa fina. Tudo pronto, levou a refeição para os varões (não é o que vocês estão pensando com suas mentes poluídas, seus hereges).
Conversa vai, conversa vem, Abraão perguntando como andavam as coisas no céu, os caras perguntando onde tinha um lugar bom pra pescar por ali, essas coisas. Então perguntaram: “E a patroa, Abraão, cadê?”. “Ta ali, ó, na porta da tenda”. Então disse o Senhor (tão vendo? São três caras, e de repente muda e é o Senhor que fala, depois são os três, uma confusão): “Dia desses eu volto aí pra visitar o moleque de vocês que ainda vai nascer”. Ora, imaginem a Dercy, digo, Sara, com noventa anos ouvindo isso. A menopausa já tinha passado fazia muito tempo. E ela pensou: “Como é? Que que esses porras tão falando?”. Ah, não, isso seria a Dercy mesmo. Sara pensou: “Mas eu, com noventa anos, meu velho já nas últimas também, vou eu lá ter vontade de fazer menino com ele a essa altura do campeonato?”, e começou a rir (Vejam que naquela época todo mundo ria de deus, agora não pode mais, vai entender). E perguntou o Senhor (que são os três caras, ou um só, sei lá): “Que negócio é esse? Não se tem mais respeito? Sua mulher ri de mim assim, na cara dura?”. Sara, querendo dar uma de esperta disse que não tinha rido. “Por que ta falando isso agora? Eu vi você rindo”. “Não ri”. “Riu”. “Não ri”. “Riu”. “Não Ri”. Bom, percebendo que a conversa desse jeito ia longe, disseram os anjos: “Sara, ide à merda, eis que temos mais o que fazer além de ficar nessa discussão que mais parece diálogo do ‘Chapolim’”.
Começaram a se afastar, mas Abraão gostava de tomar intimidades e foi seguindo os caras. Porra, tava certo: Três anjos aparecem no seu quintal, comem da sua comida, brigam com sua mulher e depois saem sem falar o que estão fazendo por aqui? Ah, não, inaceitável! E Abraão foi atrás e perguntou o que tava rolando. Os três se olharam, pensaram, e resolveram contar: “Andam falando barbaridades de Sodoma e Gomorra. Dizem que nessas cidades ninguém segura a putaria, tá uma zona aquilo. Então viemos pra ver, se for verdade eles tão na roça, se não for a gente já fica sabendo”. E retomaram o caminho.

Preciso contar a história da destruição de Sodoma e Gomorra. Mas a preguiça é muita, então vão clicando aqui para ver e ouvir a performance deste que vos fala tocando “É Preciso Perdoar”, de Carlos Coqueijo e Alcivando Luz, cuja gravação por João Gilberto dispensa comentários.
Ah, a minha versão? Putz, é horrível.

Voltemos à bíblia, fariseus.
Depois de tanto tempo no ar e anos sem nada de novo, as Pegadinhas de Jeová começaram a perder audiência para um reality show da concorrência, a Casa dos Capetas. Preocupado com a fuga dos anunciantes, deus convocou uma coletiva para falar das novidades em seu programa.
— Convencerei Abrão a cortar um pedaço do próprio pinto
Gargalhadas e descrença na platéia. Alguns repórteres chegaram a se levantar para deixar a sala. Deus estava delirando.
— Esperem! Ele não apenas fará isso, como cortará um pedaço do pinto de Ismael e de todos os servos e seus filhos.
Diante do tom convincente do velho, criou-se uma expectativa pelo que aconteceria no episódio daquela semana.
E deus não perdeu tempo: foi logo falar com Abrão (bons tempos! Qualquer coisinha que tinha pra resolver, deus ia logo falar com o sujeito. Fosse assim hoje e não teríamos tantos ateus por aí). E foi logo fazendo o que ele mais gostava: mudança de nomes. Abrão (que significa “Pai da Altura”) passaria a chamar-se Abraão (“Pai de uma multidão”), pois seriam incontáveis seus descendentes. Esse era o pacto que deus fazia com Abraão, e a assinatura do contrato seria esta: que cada homem da casa de Abraão (quer dizer, filhos, servos, filhos dos servos, todo mundo) teria cortada a pele do prepúcio. Abraão deu aquela olhadela meio de lado pra ver se não era brincadeira do cara. Aparentemente não era. “Pele de pica…”, pensou ele, e se segurou para não rir na cara de deus.
E deus continuava o discurso: Sarai (não sei o significado, se alguém souber me diga) passaria a chamar-se Sara (“Princesa”, olha que bonitinho) e seria abençoada com um filho. Aí já foi demais e Abraão começou a rir.
— Ô, seu deus, né por nada não. Sei que o senhor é o bom, é o tal, que pode tudo e essas coisas. Mas eu estou com quase cem anos, a patroa tá com noventa, o senhor tem idéia de quanto tempo faz que a gente nem pensa em dar uma? Não me faça passar por isso nessa idade, já tenho um filho, olha aí o Ismael. Deixa sua promessa se cumprir com ele mesmo, ter um filho aos 86 anos já foi milagre suficiente.
Mas deus não se alterou (estava num bom dia, se tivesse acordado de ovo virado cês já viram, Abraão tinha virado um monte de cinzas). Disse que sim, Abraão e Sara teriam um filho dali a um ano, e seria chamado Isaque, que quer dizer “riso”. É, isso mesmo, “riso”. Isso significa que, se nascido naquela época, o Risadinha (cujo nome significa “Meu amigo tocador de berimbau”) chamar-se-ia Isaque. Que coisa, não?
Abraão percebeu a tempo que tinha escapado de boa então aceitou tudo o que deus tinha falado. Sim, sim, filho, pele de pica, tudo bem, tudo bem. Deus foi embora satisfeito, preparado para quebrar recordes de audiência.
E Abraão voltou para o acampamento para dar início ao trabalho. Convocou todos os empregados e anunciou o pacto que acabara de fazer com deus. Mas os homens eram muitos, e as últimas fileiras não ouviam direito. Como esse negócio de telefone sem fio nunca funcionou, a notícia que chegou até lá é que Abraão resolvera cortar o pau de todo mundo, o que fez se formar outra fila, essa no RH, de empregados pedindo as contas.
E nesse ponto surge uma controvérsia: diz a bíblia que Abraão circuncidou a si mesmo, a Ismael e aos empregados. Imaginar que um homem rico e poderoso como ele fosse submeter-se a ficar sentado na frente de uma fila de homens com estrovenga pra fora é surreal demais. O mais lógico é que ele tenha mandado chamar Lot (o sobrinho de Sodoma e das Campinas, lembram?) para fazer o serviço. Aposto que Lot veio todo serelepe para ajudar o titio e deu conta do trabalho em tempo recorde.

Lembram que tinha um quadro com esse nome no “Viva a Noite”? Mas não é disso que eu vou falar.
Quero falar de um sonho que eu tive essa noite. Sonhei que conhecia um ourives judeu que tinha sua loja em Moscou. Fui visitá-lo nas férias e fiquei conhecendo um amigo dele, um russo que sabia tudo sobre o Brasil. Esse cara dizia que tinha atravessado o Atlântico num barco a remo até o Brasil. No meio do oceano, dizia ele, tinha se perdido. Depois de dias à deriva, já sem esperanças, apareceu outro barco a remo pilotado por um negão muito grande. O negão ensinou pra ele o caminho para o Brasil, e ele tinha certeza de ter sido auxiliado por um orixá. Pois bem, o cara sabia tudo de samba, falava português perfeitamente e o caralho. Aí corta pra outra cena, sonho é assim: Estou numa salinha atrás da loja do meu amigo judeu e ouço uma discussão. Vou lá ver e o russo-brasileiro está lá, apontando uma arma para o dono da loja. O judeu diz: “É só isso mesmo que eu espero de um stalinista feito você, seguidor de um ditador sanguinário”. O cara fica puto: “Eu estou traindo a memória de Stalin, não tenho escolha, então cala a boca e me passa as jóias”. Nessa hora eu entrei e falei pro cara que tinha ouvido tudo. Exigi metade do resultado do roubo, ele concordou. Depois que ele foi embora, devolvi essa metade para o judeu e quis saber o que tinha acontecido.
Pois bem, o quase-brasileiro tinha sido encarregado pelo governo russo de colher informações sobre a história do Brasil desde a Independência até os dias de hoje. Os caras desconfiavam que o Brasil era um país de mentira. Não acreditavam que o quadros das proclamações da Independência e da República retratassem a realidade. Tinha um outro quadro também, invenção do meu sonho, chamado “A Primeira Constituição”. Tinha uns caras sentados, uns de farda outros de terno, numa mesa ao ar livre, assinando um livro com uma pena. Ao lado da mesa tinha um cara com um estandarte e na frente uma multidão, no meio da qual despontavam outros estandartes, com mensagens patrióticas e tal. Pois então, os russos também achavam que era mentira isso.
E os caras queriam saber coisas mais recentes também: Onde estavam os milhões desviados pelo esquema PC? Por que o país mudara de moedas tantas vezes em vinte anos (e o cara tinha cédulas de cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e real pra mostrar pros chefes dele, esqueci alguma?).
Marquei de encontrar o espião no dia seguinte e fui conversando com ele no carro. Pra conquistar a confiança dele, fui elogiando o Stalin, e ele me soltou outras informações.
Caí na besteira de comunicar as autoridades brasileiras e li no Pravda do dia seguinte (no sonho eu sabia russo, desnecessário dizer): “Brasil declara guerra à Rússia”. Pra garantir meu rabo, peguei minhas coisas e me empirulitei pro Brasil. Aqui chegando, comecei a notar o clima de guerra. Todo mundo convocado, inclusive eu. A Globo fazendo matéria atrás de matéria sobre as ex-repúblicas soviéticas. Tinha uma matéria falando dos muçulmanos do Azerbaijão, outra mostrando uma sinagoga na Letônia onde tocava uma banda de rock, outra mostrando uma missa ortodoxa na Lituânia, tudo isso para apoiar os diplomatas brasileiros que estavam naqueles países tentando convencê-los a permitirem a instalação de bases brasileiras em seu território.
Aí teve uma batalha naval (de verdade, não aquela do Bozo) e eu fui pra lá junto com o Risadinha (meu amigo, tocador de berimbau) num porta-aviões. Muito louca a batalha, com navios, submarinos, helicópteros, caças. Depois disso ainda fomos os dois pilotando uns caças pra destruir o Kremlin, muito louco!
Depois da destruição do Kremlin, começaram os rumores sobre o uso de armas nucleares por parte da Rússia. Aí ficou todo mundo aqui no Brasil com o cu na mão: Como é que não tínhamos pensado nisso? A TV começou a mostrar as manobras do exército russo preparando a ofensiva. E claro que eu acordei nessa hora.
Porra, esse sonho foi melhor do que qualquer coisa que eu escrevi nos últimos tempos!

Voltemos à bíblia, seus hereges.
Abrão e Sarai já estavam fazendo hora extra na terra (ele com oitenta e seis, ela com setenta e seis) e não tinham filhos, pois ela era estéril. Um dia, sentada em sua cadeira de balanço fazendo crochê, Sarai olhou com atenção para Agar, sua serva egípcia. Reparou que Agar ainda dava um caldo, e que talvez fosse um divertimento bom pro véio. Resolveu então que já era hora de compensar aquele chifre que tinha botado no marido havia tantos anos (que chifre? A história do faraó, lembra? Não??? Ó, cazzo mio. Relembre! Lembrou? Então eu continuo). Chamou Abrão num canto, fez a proposta, e como velho safado que fica de olho na empregada não é coisa recente, ele prontamente aceitou. Foi lá e pegou Agar daquele jeito meio desajeitado (e deus só fazendo crescer a audiência das Pegadinhas de Jeová com essa cena patética, um ancião fazendo sexo).
Bom, esse negócio de mulher querer causar inveja nas outras também não é coisa recente: uma vez grávida do patrão, Agar começou a perder o respeito com Sarai, já de olho na pensão gorda que ia receber, sem falar na herança do filho. E, claro, Sarai foi fazer aquela choradeira na orelha do velho Abrão, que já não tinha mais saco pra essas coisas. Mas homem sempre dá um jeito de tirar o corpo fora, e isso não é de agora: “Mulher, tenho nada com isso não, tô cheio de serviço e ainda tenho que escrever uma carta pro Lot hoje. Resolve aí o que cê vai fazer com sua empregada”. Os olhos de Sarai brilharam, e ela comeu quente sua vingança. Como não ia pegar bem expulsar o filho do marido de casa (da tenda, na verdade), começou a humilhar tanto a pobre da Agar que ela enfiou o rabo entre as pernas e fugiu para o deserto.
Mas eis que um anjo passeava por ali e encontrou Agar junto a uma fonte d’água. Devia ser um anjo patrulheiro, porque foi logo perguntando: “Quem é você? De onde vem? Para onde vai?”. Agar contou a história toda (puxando a sardinha para seu lado, lógico), e o anjo mandou que ela voltasse para a tenda de Sarai e fizesse as pazes com ela. Disse ainda que os descendentes de Agar seriam inumeráveis, e que ela deveria botar no filho que ia nascer o nome de Ismael, que significa “Deus está ouvindo”. E ainda falou que Ismael seria como um jumento bravo, e seria contra todos e todos contra ele.
Levando-se em conta que Ismael é o patriarca dos povos árabes, parecia até que o anjo estava prevendo coisas como a Guerra do Golfo e o Onze de Setembro.
Curiosidade
Aliás, dois nomes muito comuns nos países árabes são Ibrahim e Ismail, que nada mais são do que Abraão e Ismael. Quando da ocupação Árabe da Península Ibérica, esses nomes se propagaram pela região. Com as mudanças que sempre acontecem nesses casos, acabaram dando origem aos nomes Joaquim e Manuel, tão comuns em Portugal.

Voltando à Bíblia, depois de toda essa empolgação besta com a Casa dos Artistas (que foi uma marmelada da porra, mas legal mesmo assim): O faraó do Egito, pra compensar a plantação de chifres que tinha botado na cabeça de Abrão, deu muitos presentes a ele e a Lot. Pois bem, os dois tinham muitos animais e servos e o diabo a quatro, e os pastores de um e de outro começaram a brigar entre si. Então Abrão foi bater um papo com o sobrinho: Que que era aquilo, não precisava essa confusão toda, que ele escolhesse onde queria ficar, se fosse para o leste Abrão iria para o oeste e vice-versa. Pois bem, Lot já andava cansado dessa vida de cigano e achou muito boa a proposta do tio. Olhou para o leste, para as verdejantes campinas do Rio Jordão, e resolveu que ia ficar por ali, próximo às cidades de Sodoma e Gomorra. Vejam só se não era suspeito esse Lot: Gomorra… Sodoma… Campinas…
Pois bem, Abrão achou tudo muito bom, abraçou o sobrinho (mas meio de longe, nada de intimidades) e foi para o outro lado. Os dois voltaram a se encontrar mais tarde, quando houve uma guerra na região e Lot foi levado cativo com propósitos inomináveis, forçando Abrão a largar a vida besta, juntar 318 jagunços e ir resgatar o sobrinho esquisitão. E houve outros encontros, mas ficam para depois.