Minha luta contra o câncer

Este blog já vai para dez anos de existência e só agora percebo que nunca contei aqui um aspecto importante da minha vida. Finalmente criei coragem. Preparados? Pois lá vai: há anos eu venho fazendo aquilo que a imprensa chama de “travar uma luta contra o câncer”. Estou ganhando de lavada, porque até agora não tive nenhum diagnóstico oficial de câncer. Mas eu não me engano: sei que ele está lá, pronto para atacar.
Já tive câncer várias vezes na vida. Tempos atrás, tive um caso sério de câncer na língua. Mostrei para a Ana Cartola e ela me recomendou passar Gingilone. Eu passei, o câncer sumiu. Ela diz que era afta; eu digo que a ciência precisa estudar melhor a ação do Gingilone contra o câncer.
Durante a maior parte da minha vida eu não me preocupei com o câncer. Inocente, pensava que ninguém na minha família tinha morrido d'”aquela doença”. Falei isso para a minha mãe, ela riu e me contou que o pai e a avó materna dela tiveram câncer. Meu avô morreu disso. A bisavó se curou, mas depois teve varíola — que é outro medo que eu tenho (“erradicado” meu ovo), mas isso fica para outro dia.
Toda vez que tenho dor de cabeça, sei que é um tumor no cérebro. Um tumor que anda, porque a dor é sempre numa região diferente da minha vasta sobreloja. Já tive tumores nos dedos do pé (disseram que era frieira), no saco (“pêlo encravado”), no peito (“espinha”), na pálpebra direita (“verruga”). Fui tomar banho numa manhã de julho e levei um susto ao ver um tumor logo acima das minhas bolas. Era preto, todo enrugado, parecia uma uva passa.  Até eu perceber que era meu pinto, foi um deus-nos-acuda. Frio é foda. Teve uma outra vez que me apareceu uma pinta no braço. Marrom, bordas irregulares. Achei que era câncer (claro), mas sumiu depois que eu tomei banho. Era café. Tinha outras manchas parecidas na minha camiseta.
E assim venho travando essa luta inglória. Levo a vida normalmente, mas sempre esperto com o câncer, sempre com a pulga atrás da orelha. Aliás, acabo de perceber um carocinho atrás da minha orelha esquerda. É câncer, tenho certeza.
 

18 comments

  1. noooossaaa!há quanto tempo não passo por aqui…da última vez que vim vc tinha meio que abandonado este blog (sou leitora desde os tempos áureos dos irmãos capanema, hehehe).
    eu também tenho esse nóia aí, parecida com a sua, mas no meu caso é esclerose, qualquer mãozinha dormente já entro em pânico, é péssimo. sei que é uma fase, estou num daqueles momentos de mudança, chegnado perto dos trinta e tendo que me forçar a pensar no meu futuro profissional. bem, como eu disse, isso passa, há de passar. 🙂

  2. E aquele tipo que é um pozinho branco que fica caindo da cabeça da pessoa? Eu já tive aquele, foi uma luta, coçava pra caralho e eu não podia usar roupa preta. Mas aí eu inventei que era professor, dizia para todo mundo que aquilo era só giz (não queria ver ninguém fazendo aquela cara e tals). Mas eu fico aliviado de saber que isso tudo aí tem cura. Boa visão da parada, Marco. Alguém devia inventar uma fundação de apoio às pessoas neuróticas com câncer.

  3. Estou contigo nessa luta irmão!! Eu tb ainda sigo ganhando essa batalha há anos e anos. Os meus tumores são todos invisíveis, o que dificulta a vida… (embora haja um debaixo da língua quereeeendo se manifestar. Acho que é culpa do siso que eu não tirei… ele deve ter embolado com alguma coisa ali e virou um câncer, só pode.)Enfim… Melhoras aí pra vc. Eu te entendo, juro. Ele não pode nos pegar desprevinidos, nós já sabíamos. Rá!

  4. hahahaha me ví por completo nesse post!!!
    Sou completamente assim! Ou até um pouquinho pior…
    Quando a gente olha assim, levando no humor é bem engraçado, mas só quem passa por essa situação de verdade sabe como é ruim!
    Eu consigo deixar até meu médico maluco com as minhas paranóias hahaha!!!

Deixe uma resposta para Maria Edjane Cancelar resposta