Dia de Caras

— Marco Aurélio!
Saindo do estacionamento próximo ao emprego novo (e longe dos lugares por onde costumo circular), fiquei surpreso ao ouvir meu nome. Era uma moça ruiva, bonita, quem me saudava de forma tão efusiva. Estava visivelmente apressada, e não reduziu o ritmo do passo. Apenas tirou o fone de uma das orelhas.
— Oi… — eu disse, buscando desesperadamente no banco de dados da memória capenga o nome da ruiva.
Jesus, me chicoteia!, Emotionrélio… Sou fã — e fez um gesto de “a luta continua, companheiro”, ainda caminhando em passo acelerado.
— Puxa… Obrigado… Er…
Ela já ia longe, mas ainda se virou para trás para um último comentário:
— Sou esposa do… — e aí não entendi mais nada.
Digo-lhes uma coisa: pensem o que quiserem de minha vaidade, mas começar o dia sendo reconhecido na rua é bom como o diabo.

13 comments

  1. Nos idos de um tempo que não volta mais, quando eu tinha uma banda de rock (e já dividi os microfones com a Pitty, quando ela era vocalista da banda Inkoma e fazia rock de qualidade), fui reconhecido algumas vezes por “fãs” do trabalho, mas ninguém sabia meu nome…
    – Ei, você é o cantor daquela banda de rock que se apresentou sexta-feira no Garage Rock?
    (Garboso) – Sim, sou eu mesmo!
    Fui abordado várias vezes dessa maneira, mas nunca cheguei ao mainstream.
    Nunca descobri quem se precisa chupar para chegar lá (e ainda que soubesse, não tenho vocação pra viado).

  2. A vez mais legal comigo foi quando eu tava em Brasília. Veio um cara de Rondônia (ou Roraima, não lembro) e disse que tinha gostado de uma gravação que eu tinha feito. Ele perguntou: “como você tirou aquele som de cuíca?” e eu respondi fazendo barulho de cuíca com a boca.

  3. Eu te vi algumas vezes no metro Paraíso, mas passo direto por que nunca pensei em fazer o sinal de “a luta continua, companheiro” e continuar caminhando em passos acelerados!
    Mas é difícil não te reconhecer né?

  4. eu te vi algumas vezes (três ou trinta) ali pela paulista… mas não sabia que vc tem ego pra lustrar então nunca dei moral.
    na próxima farei o sinal de ‘a luta continua…’

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