Vivo e liso

Muito bem. Então eu anuncio ao mundo todo que vou ali manusear um instrumento cortante, digo que volto já, demoro dois dias e ninguém demonstra um PINGO de preocupação? Putos de merda!

Sim, sobrevivi, muito obrigado. Já fiz a barba duas vezes com o aparelho novo, não me cortei nenhuma vez e desde os 10 anos de idade eu não sentia a cara tão lisa. E agora entendo porque os homens de minha geração têm tanta preguiça de se barbear, enquanto nossos pais e avós o faziam todos os dias. Para nós, com nossos Mach 3 de lâminas caríssimas, o ato de raspar a barba é algo automático, que fazemos sem pensar, como obrigação. Até duas semanas atrás eu me barbeava no chuveiro, de qualquer jeito, sem espelho, deixando sobras de barba por toda a cara.

Em um dos sites que encontrei em minha busca pelo barbear perfeito, li algo que me pareceu exagerado: o autor falava em obsessão pelo ato de fazer a barba após adquirir um safety razor. Depois de experimentar a sensação, sou obrigado a concordar: com os apetrechos adequados, o barbear torna-se um ritual prazeroso. Você se concentra no que está fazendo, mesmo porque pode amputar o nariz ou uma orelha em caso contrário. O som da lâmina deslizando, a textura do creme, o batuque do pincel na caneca de ágata, tudo forma uma experiência muito mais agradável do que espalhar um gel safado pela cara e raspar tudo de qualquer jeito com um pedaço de plástico vagabundo e caro.

Convido os leitores (e as leitoras que tiverem barba, coitadas) a engavetarem por uma semana aquele aparelho de sempre e tentar aprender a se barbear como homens (ou mulheres de circo). Garanto que o Mach 3 vai ganhar teias de aranha. Ou por falta de uso, ou pela morte do dono.

31 comments

  1. Esse convite às mulheres está formidável, Marcurélio, nota 10.
    A propósito, uso um desses, moderno como o seu, faz já uns anos. Motivo: cansei de pagar caro pelo refil do GII e o descartável não presta, dura pouco. E nunca usei o GIII porque me parece como endossar meu diploma de cretino – ainda lembro bem da propaganda para o GII.

  2. ate que gostaria, mas meu ingles nao existe, e nao estou afim de amputar meu nariz por acidente, mas se vc fizer uma manual (com fotos pode ser ate da mulher barbada) eu topo.

  3. O lance do ritual é pura verdade, mas comigo é o ato de aparar a barba. Minha barba é meu bonsai.
    Mas fiquei interessado pelo aparelho. Eu mesmo não uso mais âmina no pescoço porque irrita tudo, encrava, é uma merda. Passei a usar só máquina, mas é longe de ser a mesma coisa. Meio que institucionalizei meu visual de mendigo.

  4. Pingback: Safety razor
  5. Meu pai usava navalha. Aquilo cortava mais que a língua da vizinha. Me lembro de querer ter barba pra poder usar navalha. Mas só imaginar uma porta batendo ou alguém gritando por perto quando eu estivesse me barbeando me fez desistir da idéia.
    Quer usar navalha? espalhe pela casa um aviso bem grande “Silêncio, estou-me barbeando”.

  6. Pensei em usar (nas pernas, já que não sou de circo), mas o Bear fez um alerta razoável: o povo aqui do condomínio gosta muito de soltar fogos, qualquer joguinho de várzea e lá estão soltando fogos.
    Imagine a situação da pessoa em transe com seu safety razor, e o vizinho sai berrado “é gol” e soltando rojão? O corpo do barbeando teria que ser identificado por DNA.

  7. Esse lance da concentração é realmente essencial. Mas, Marco, diz aí quanto saiu o saldo disso tudo (o barbeador foi de graça, eu sei) pra quem tiver afim dar uma averiguada. Incluindo todos esses apetrechos.

  8. Olha, a idéia de usar uma gillete pra isto é interessante, meu pai fazia a barba de meu nono (quando este estava todo sequelado por causa de um derrame) com uma.
    Vou aguardar as cenas dos próximos capítulos para depois ver se começo a fazer a barba assim.
    Ou vou fazer como faziam antigamente, procurar um barbeiro e pagar pra ele fazer a minha barba com navalha, não sei porque me parece mais seguro!

  9. Tá…beleza…também acho que o resultado deve ser maravilhoso, ainda lembro do meu pai fazendo a barba com um destes….mas e ai?? onde encontro um aparelho destes pra vender, doar…

  10. Sábado, seis horas da tarde. Deitado na cama abre os olhos se vira em direçâo ao relógio e logo lhe vem à cabeça, Puta merda, o casamento!!! Isso mesmo, o casamento do seu melhor amigo de infância. Levanta, ainda sonolento, se vê no espelho do banheiro, e ele nâo tem mais boca! É uma infestação de pelos facias, olha para o lado da pia, uma lamina cega à umas duas semanas…
    Ai sim vai gostoso fazer a barba com isso…

  11. Caro Marcurélio fui na sua onda e ganhei um aparelho de barbear de presente, afinal não parava de falar nisso. Hoje foi o grande dia, pois demorei para conseguir comprar as lâminas.
    Bem…estou somente com 3 pequenos cortes na cara, que ficou lisa parecendo bundinha de nenê. Acho que foi um bom resultado.

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