Tempos de merda

Há algo de errado com esta nossa época. Porque vejam, quando eu era moleque tudo quanto era produto anunciado na TV prometia nos tornar mais inteligentes, fortes e/ou sadios. E tome-lhe Biotônico Fontoura, Vitassay, levedo de cerveja, óleo de fígado de bacalhau, Fosfosol. Só que alguma coisa aconteceu no meio do caminho, e hoje em dia parece que todo produto que “faz bem” tem algo a ver com as funções intestinais. São iogurtes com microorganismos patenteados, fibras perfeitamente transparentes e solúveis em água, cereais matinais, pílulas. Olho à minha volta, e parece que todo mundo tem uma só preocupação: cagar.

E isso é o pior? Não, não é o pior. O pior é que o ato defecatório, tornado privado por anos de civilização, de repente virou assunto público. As pessoas falam do funcionamento de seus intestinos no elevador, comentam a cor, o formato e a consistência de suas fezes na hora do almoço, dão receitas de cagatórios no ônibus. É um inferno.

É um mundo de merda, e a merda é o grande assunto em pauta. Mas nós vamos nos entregar? Digo-lhes que não, queridos leitores! Depois de muito pensar nessa situação, levantei algumas respostas sob medida para pessoas inconvenientes que gostam de falar de bosta. Imprimam e guardem na carteira:

— Seu intestino funciona bem?
— Melhor do que minha vesícula, não tão bem quanto o meu baço.
ou
— Melhor do que o seu cérebro.

— Quantas vezes por dia você vai ao banheiro?
— Umas cinco ou seis.
— Nossa!
— É. Me masturbo muito.

— Meu intestino é um relógio!
— Deve ser foda de ver as horas.

— Olha como minha pele está melhor. Foi só começar a comer fibras e regular o intestino.
— Você passou merda na cara?

Enfim, há mil respostas possíveis para cortar o assunto logo de cara. Pensem em algumas e bpostem aí nos comentários.

32 comments

  1. ai, marco, não aguento mais propaganda de comida que faz cagar (e eu achando que TODAS faziam :D). é o tempo dos “anal-retentivos” (eu não sei fazer essa porra de plural), meu amigo…

  2. Pequeno poema para um cagão…
    ESCARGOT
    A boca do cú banguela, desprovida de pregas,
    E às cegas,
    Olha para a água turva do sanitário e de repente,
    Vomita um “Feto de Elefante”.
    Assobia a enorme roela,
    E o vaso entala na goela
    Ao receber uma porrada violenta
    Este quase não agüenta,
    Ao que tamanho era,
    O Tarugo cheio de cratera
    E também com dois olhinhos de milho.
    Meu Deus, quem terá abandonado o próprio filho?
    By Elson Miranda

  3. Hahahaha!
    Lembro de uma propaganda recente de um remédio pra dor de barriga em que no final uma moça dizia: “Parece que tirou com a mão”. Imagina tirar o conteúdo dos intestinos com a mão… Tô fora.

  4. thankyou Marcuaurélio!!
    Eu fico pra morrer com as mulheres falando de suas funções intestinais nas propagandas de yogurte. Precisa disso?
    E todo mundo lá, assistindo aquela merda e achando normal. E as pessoas querem falar do aspecto e paricularidades de seus cocôs!!
    Faça me o favor que isso é excesso de informação, eu não quero saber e tenho raiva de quem sabe.
    Eu é que não vou deixar ninguém fazer isso comigo. Digo logo: vamos parar de falar disso que senão eu vomito. Tiro e queda.

  5. Uma grande amiga sempre me recriminou por meu absurdo prazer em falar sobre merda, bosta, trôços e suas variações. Hoje sei o porcausodequê: ela não cagava. Chegou a bater boca com a inquilina que queria “rachar” com ela a despeza da limpeza da fossa comum às duas casas. Argumentava que tinha o intestino preso e que só fazia cocô a cada 3 dias, e mesmo assim, uma pequena bolinha. Mas ela entrou no desafio Actívia e se apaixonou pelo tema. Hoje reconhece quanto tempo perdeu na vida, vagando sem rumo como merda n’água.
    Agora, cagar por cagar não tem graça. Todo mundo caga. Legal, é quando a bosta entala na privada, quer por seu tamanho descomunal, quer por defeito da válvula de descarga. Você já esteve num banheiro que não era o da sua casa e ao acionar a descarga vê que a bosta roda, roda, roda, e nada de descer?

  6. Toda vez que vou comprar iogurte me deparo com aquele setor da Activia…
    Fico espantado com a ostentação daqueles potes verdinhos e não consigo parar de encarar as pessoas que param pra comprar descaradamente.
    É como entrar no mercado e gritar:
    – EU NÃO CONSIGO CAGAR DIREITO, POR ISSO, VOU LEVAR ESSE POTINHO PRA VER SE RELAXO AS PREGAS!
    Quem inventou essa merda, deve ser o mesmo cara que trocou os potes de exame de fezes e urina por aqueles recipientes transparentes!!
    Ahhhhh!! Filho da …
    Desculpe… Como diz minha sobrinha, essa palavra não é de deus!

  7. tem um poema caudilho que diz que o cu é “martir do corpo”…
    mas tô começando a achar q essas pessoas que falam tantas merdas e só pensam merdas tem outro orifício pra “ejetar” essas impurezas… a BOCA!
    segue abaixo o poema, de autor desconhecido.
    “Cú, porteira redonda,
    Cercadas de fios de cabelo,
    Por onde passa o sinuelo,
    Das tropas que vêm do bucho.
    Pra conservar as tuas pregas,
    Não precisa muito luxo.
    É só limpar com macegas,
    No velho estilo gaúcho.
    Te saúdo, cú de índio chucro,
    Sovado de tanta bosta,
    Porque coragem tu mostra,
    Quando a merda vem a trote,
    E se ela é meio dura,
    Devagar tu não te apura,
    Pra evitar que te maltrate.
    Cú, velho cú miserável,
    Sempre de boca pra baixo,
    Pois sendo cú de índio macho,
    Desses que cagam em tarugo,
    E nunca deixa refugo,
    Se alguma merda carregas,
    É só limpar com macegas,
    Ou mesmo usando um sabugo.
    Cú, mártir do corpo,
    Malquisto e desprestigiado,
    No mais das vezes, cagado
    E inferrujado na rosca
    Teu destino é coisa tosca,
    Pois enquanto a vida passa,
    A boca bebe cachaça,
    E tu sempre à juntar mosca.”

  8. Falar de funções intestinais com cara de Gabriela Duarte na televisão, não.
    Mas que o tal iogurte do pote verdinho funciona, ah, funciona.
    Mas não vou dar detalhes.

  9. “Me masturbo muito” foi a melhor!!!! Melhor do que falar sobre merda…
    Meu irmão ganha por hora trabalhada. Outro dia ele me ligou e disse:
    – ó, tô indo ali dar uma cagada de 20 conto e já volto…
    Nesse caso vale a pena abordar o tema “cagar”.

  10. É vero, mas não é de hoje essa fascinação. Tanto q fui aprendendo uma série de sinônimos eufemísticos para a popular cagada. Lembro destes aqui:
    dar um barro
    escorregar o moreno
    libertar o mandela (sacanagi)
    pôr os meninos pra nadar (neste aqui vc pode acrescentar “porque eles já estão assim ó” e fazer um gestual como se a sua cabeça estivesse saindo de um buraco no chão)

  11. Pois é, acho que tomamos tanto remedinho pra ficarmos fortes que isso de intestino preso deve ser efeito colateral…a minha teoria da conspiração é que esses activias e lacto purgas da vida são a segunda parte do plano que começou na nossa infância quando os fortificantes eram só uma forma mascarada de nos tornar dependentes futuros desses amolecedores de merda. Agora é que eles estão lucrando de verdade.

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