Amor e ódio

No escritório:
— Não, não tenho tempo. Manda o motoboy buscar.
— Hein? Não, eu preciso disso aqui em vinte minutos. Não quero saber. Manda pelo motoboy.
— Dona Armínia, vamos almoçar durante a reunião. Peça aquela pizza de sempre.
— Cadê o cara da moto? Ô, rapaz! O banco já está fechando. Corre lá que essas contas são urgentes.
— Puta que pariu, o moleque esqueceu os óculos justo no dia da prova? Tá, mando um motoboy aí, ele leva os óculos até o colégio. Que saco…
No trânsito:
— ESSES FILHOS DA PUTA DESSES MOTOBOYS SÃO UMA PRAGA! QUEM É QUE DÁ EMPREGO PRA ESSA GENTE?
Nós, paulistanos, somos uns hipócritas de merda.

15 comments

  1. Falou pouco mas falou bonito!
    É o tempo todo a gente precisando dos motoboys, e queremos que os caras façam tudo rapidinho né? Aí os caras tem que fazer um monte de merda na estrada pra cumprir os prazos.

  2. Marco, entendo o que você está dizendo, mas não é hipocrisia. E posso falar com conhecimento de causa, afinal, por não ter o menor saco de andar no trânsito dessa cidade, só ando de moto (apesar de ter carro).
    Já cheguei a cair por causa de um FDP que enconstou em mim no corredor de moto e me machuquei feio.
    O problema não é conciliar a necessidade do motoboy (afinal, sem eles a cidade para), e o fato de eles serem uns FDP no trânsito. O fato é que eles não precisam ser FDP. Eu ando de moto e não passo dos 50 km/h, que é a velocidade que eu já constatei que me dá uma (relativa) segurança. Já eles andam a 90 km/h, não respeitam nada nem ninguém, ameaçam, etc. Isso sem falar das motos caindo aos pedaços. Até remendo com fita crepe tem.
    Acho que a PM tem que passar a enquadrar esses caras, sempre que cruzar com um fazendo isso. Só assim para eles aprenderem.
    []!

  3. A Alessandra falou exatamente o que eu pensei ao ler o coments do Giggio… mas … me dou ao direito de falar mais.
    É fácil taxar o boy de irresponsável de dentro do carro. Tente fazer a mesma – MESMA – coisa durante uma semana e duvido se no terceiro dia não irá perceber que a única forma de sobrevivencia é essa…
    Somos mesmo hípócritas. Já que nao há soluçao, vamos ter que tolerar um problema que nós mesmo criamos e fomentamos a cada dia.

  4. Alô parceiro!
    Você provavelmente nem me conhece, mas eu acabei de oferecer um singelo mas merecido premiozinho ao seu divertido blog que conheci há tempos atrás enquanto você trocava o pneu do seu carro, por indicação do Joel Rogério. De lá pra cá tenho visitado mas pouco comentado.
    Bem o prêmio tem a ver com diversão, e acho que tem tudo a ver com o seu blog. Não sei se tem a ver com a sua linha editorial, ou mesmo se isso interessa, mas está lá à sua disposição. Se quiser recebê-lo será um prazer.
    Está em:
    http://oscar-vg.blogspot.com/2007/06/laughing-blogger-award.html
    Um grande abraço!

  5. Grande texto, Marco. Belo comentário, Cris.
    Até eu, que nunca pisei em SP, sei como é que é o problema, pois como bem disse Ará, não é só em SP que rola o problema. E vou desancar o Giggio também.
    Porra, velho, você anda a 50 km/h porque você quer e não tem prazo para cumprir. E não venha me falar que tem que chegar na hora no trabalho, porque você pode sair mais cedo. Os caras não: a entrega aparece agora e o cliente quer para ontem. Eles também não têm prazo para nada, mas sob uma interpretação diferenciada: quando eles recebem uma encomenda já estão atrasados.
    É foda, mas é isso aí. Mas discordo do Marco (e da Cris) no seguinte: acho que é menos hipocrisia e mais a Sídrome do Senhor Possante. Lembra um desenho da Disney que narra o dia de um sujeito pacato que se torna um animal ao entrar no carro? Pois é. Todo mundo quando entra num carro sofre de tal sídrome, em maior ou menor grau.
    Abraços a todos.

  6. Hipocrisia o caceta, Marco! Esse é um serviço como outro qualquer e, como tal, deveria estar sujeito às regulações legais, seja no âmbito trabalhista, cível, criminal e o escambau. Se os motoboys se matam em nome da necessidade de volume de serviços para garantir o ganha-pão, é problema das ótóridades regular isso. Se eles são FDP nas ruas e avenidas, devem ser colocados na cadeia para ceder lugar a outros. E uma coisa eu garanto: se a horda de motoboys passar a se comportar melhor, sem aparentar serem os donos do asfalto, tenho certeza de que os motoristas passarão a respeitá-los mais.

  7. Aí, Doctor Mad, eu até entendo você não querer ser chamado de hipócrita, mas olha a besteira que você está falando: “Se eles são FDP nas ruas e avenidas, devem ser colocados na cadeia para ceder lugar a outros”.
    Se os que estão aí forem presos, outros realmente entrarão no lugar deles, só que nada vai mudar, sabe o motivo? Simples: os patrões vão continuar entupindo os novos recrutas de serviço urgente e eles também serão obrigados a ser fdp’s.
    E esse negócio de que os motoristas vão respeitar os motoboys é mais utópico que esperar que todos os internautas do mundo parem de usar o chatês (linguagem de chat). Não tem jeito. Todas as pessoas que dirigem sofrem da Síndrome do Senhor Possante, em maior ou menor grau. Até mesmo motoboys, quando andam de carro, reclamam dos motoboys e os desrespeitam.

  8. Nem tanto, Lontra. O que falta em Pindorama é fazer cumprir as leis. E não só no trânsito, também no relacionamento trabalhista e talvez em todo e qualquer relacionamento social. Estamos na terra do “vinde a mim, o vosso reino foda-se”. Motorista não tem raiva inata de motociclista, isso é para cães e gatos. Se o patrão que entupir o motoboy de serviço for punido por isso, ele evitará fazê-lo na próxima vez. Se o motoboy for punido ao arrebentar um retrovisor, não o fará novamente.

  9. Moro em Fortaleza e por aqui começam a surgir motoboys ao estilo São Paulo.
    Sabe como é, tudo que começa aí no sul logo logo chega aqui.
    Um professor meu estava de carro e fechou um corredor (por onde as motos acabam passando). Um motoqueiro veio e deu um chute no retrovisor dele. Absurdo total.
    Há de haver regulamentação, educação e aplicação rigorosa da lei para acabar com esse tipo de comportamento.

  10. Sobre este assunto, recomendo o documentário Motoboys: Vida Loca, no qual (se não me engano, faz tempo que vi 🙂 ) o Washington Olivetto coloca exatamente este paradoxo: muita gente diz querer se livrar dos motoboys, mas ninguém abre mão da pizza quentinha num sábado chuvoso, das flores entregues no dia e local precisos, ou dos documentos transitando com velocidades que só perdem para as de suas contrapartes virtuais (que, infelizmente, nem sempre possuem a mesma validade legal).

  11. Boa Marco!!!
    E concordo em partes com os comentários.
    Todo mundo reclama dos motoboys, mas ninguém vive sem eles…
    E tem uns que são bem folgados, mas tb tem muitos motoristas bem folgados!!!!
    Eu moro em SP, e vejo isso todos os dias, tem cara que não quer nem saber de segurança, corre e não está nem aí, mas tem aqueles que levam aquelas fechadas e acabam se f….
    Acho que tem muita cobrança por parte dos ” chefes” em cumprir os prazos… Como uma reportagem que eu vi há um tempo atrás: Uma famosa rede de lanchonete, que tem uma promoção que se vc não receber seu pedido em 28 minutos, vc não paga a conta… na reportagem, os motoboys dessa rede disseram que caso o cliente não pague a conta, o valor é descontado do salário dele, ou seja, o cara vai correr mesmo, pois é ele que vai levar o prejuízo…
    Bem, aquela coisa, todos reclamam mas todos usam…
    E quando se está de fora é bem mais fácil reclamar…
    bjs

  12. kakakakakaak vc tem toda razão. Depois que passei a usar dos serviços dos cachorros loucos; depois que eles me ajudaram quando fui assaltada na 23 de maio, mudei a forma de trata-los. Abro passagem para eles e procuro me manter alerta para não derrubá-los. Contudo, que eles são um porre, são!!!!!!!!!! Parabéns pelo blog. Elza

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