Aniversário

Sempre que eu vejo essa gente que lê livros de auto-ajuda e assiste a palestras dos gurus do marketing pessoal, seguindo cada dica como se fosse um dogma religioso, não consigo evitar um pensamento: o sonho desse povo, seu objetivo na vida, é ser como meu irmão.
O caçula lá de casa é um sedutor de pessoas. Fazer amigos e influenciar pessoas é para ele o que há de mais fácil no mundo. Ele sempre sabe quem mexeu no seu queijo, e sabe o que podemos aprender com os cisnes. Tem essa coisa meio monge, meio executivo. É o verdadeiro Sim na terra do Não. E o melhor, não perde seu tempo lendo nada desse lixo: seus talentos e traquejo social são naturais.
Hoje ele completa 27 anos de vida (eu me lembro perfeitamente do dia em que ele chegou da maternidade; vejam como sou velho). Somos muito diferentes. Ele sabe lidar com pessoas e com dinheiro, por exemplo, duas habilidades que não desenvolvi. Mas também somos muito iguais no que importa: sentimentais baianos, choramos e rimos à toa. Palhaços melancólicos, fazemos as melhores piadas quando estamos tristes.
Em homenagem a ele1, posto de novo uma gravação antológica de uma música de Zeca Pagodinho. Meu irmão canta e eu toco violão, canequinha e sacola de plástico:

Feliz aniversário, moleque. Te amo pra caralho.

1 A homenagem é por ele ter cantado comigo, tem nada a ver com o título da música. O vacilão lá em casa sou eu.

19 comments

  1. Você em poucas palavras definiu muito bem esse cara sensacional que é o seu irmão (meio viado mas muito gente boa!). Uma das pessoas mais corretas, sensatas, inteligentes e bem humoradas que já conheci!

  2. Marcurélio, meu fio…lá vai mais um post da série “Nadavê!”: estava aqui a pensar, e é melhor ser um ignorante e perguntar do que se passar por energúmeno: qual seria o feminino de Fariseu? Fariséia?
    PS: Parabéns pro Beto. Parabéns pro JMC.

  3. Oba! Enfim samba na blogosfera. Ando grilada com certos lances culturais que observo, de longe, verdade, mas existem. O sambinha, se vocie não se importa, me lembrou o “Assassinaram o camarão”, velhinho, dos anos setenta, só pela loucura da letra. Parabéns aos dois e pra família.

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