A guerra contra a tribo de Benjamim

(Juízes 20)

Como vimos no último capítulo, o episódio da concubina do levita escandalizou todo mundo. Por isso, homens de todo o Israel reuniram-se com os líderes das tribos na região de Mispa, para ali decidirem o que fariam para punir os moradores de Gibeá. E eram muitos: quatrocentos mil homens treinados para a guerra. Os benjamitas ficaram sabendo da reunião e, sabiamente, ignoraram-na. Em Mispa, o homem foi convocado para explicar aos líderes tribais o que acontecera. Ele contou tudo (menos, é claro, que ele mesmo havia botado sua mulher para fora de casa, entregando-a nas mãos dos putos de Gibeá). Estarrecidos pela narrativa, os líderes decidiram: nenhum daqueles homens voltaria para casa. Atacariam Gibeá e castigariam seus moradores pelo crime ali cometido.
Decidido o ataque, os líderes acharam que os habitantes da cidade ainda mereciam uma chance. Afinal, apenas uma pequena parcela da população havia violentado e assassinado a mulher do levita, não sendo justo destruir toda a cidade por sua causa. Então mensageiros foram enviados a Gibeá, levando a seus moradores a seguinte mensagem:

Seguinte, povo de Gibeá. O bicho pegou para o vosso lado. Entregai em nossas mãos os homens que cometeram tal crime horrível, e assim tiraremos o mal de Israel. Se não o fizerdes, porém, jacaré abraçar-vos-á e a casa cairá.

Apesar dessa mensagem tão clara e enfática, o povo de Benjamim nem deu trela. Pelo contrário: 26 mil soldados benjamitas saíram de todos os cantos da tribo e foram reunir-se em Gibeá para lutarem contra os outros israelitas. Na cidade, juntou-se a eles um pelotão de setecentos homens canhotos. Todos eles atiravam com funda, e eram tão bem treinados que seriam capazes de acertar um fio de cabelo a muitos metros de distância (cá entre nós: o capricho de juntar setecentos canhotos e depois triná-los como fundeiros só podia mesmo ser coisa de veado…). Bom, então ficou assim: vinte e seis mil soldados de um lado, quatrocentos mil do outro. Quem ganharia? Já vamos ver.
Os israelitas foram até o Tabernáculo, que então estava na cidade de Betel. Ali, perguntaram a Javé:
— Qual de nossas tribos atacará os benjamitas primeiro?
Javé, através das pedrinhas Urim e Tumim, respondeu:
— Er… Xeu vê… Hum. Judá.
Então, na manhã seguinte, o imponente exército israelita foi acampar perto de Gibeá. Saíram para o combate, os soldados foram colocados em posição de ataque (com os homens de Judá à frente). O exército de Benjamim saiu para a batalha e, antes do fim do dia, matou vinte e dois mil soldados israelitas.
Deprimidos pela derrota, os israelitas voltaram para Betel, e ali choraram até a tarde do dia seguinte. Inseguros sobre o que deveriam fazer, resolveram pedir outra vez orientação a Deus:
— Devemos ir novamente combater nossos irmãos de Benjamim.
E Deus respondeu:
— Sei lá, ué. Tá, tá. Vão sim.
Sem muito ânimo para a luta, mas menos ainda para uma discussão com Javé, os homens foram para Gibeá novamente no dia seguinte. Os soldados se enfileiraram exatamente como no dia anterior, o exército de Benjamim saiu de Gibeá exatamente como antes, e foi outro massacre: dezoito mil israelitas mortos. Dessa vez a tristeza e prostração dos soldados foi bem maior: eles voltaram a Betel e ficaram sem comer nada até a tarde seguinte. Ofereceram vários sacrifícios e depois foram mais uma vez consultar-se com Javé:
— Devemos ir de novo lutar contra Benjamim, ou o Senhor acha melhor desistirmos?
— Podem ir, que dessa vez eu vou dar uma força.
— Olha…
— Vão por mim, pô! Já deixei vocês na mão alguma vez?
Muitos devem ter ficado com vontade de responder, mas cadê coragem? Então partiram no dia seguinte para Gibeá. Fizeram tudo de forma que parecesse a mesma estratégia desastrada dos dias anteriores. Mas havia um pequeno segredo: alguns soldados ficaram escondido ao redor de Gibeá. Quando os benjamitas vieram atacar, mataram alguns homens nas estradas de Betel e de Gibeá, e também em campo abertos. Mal haviam matado trinta homens e já cantavam vitória. E mais seguros de si ainda ficaram quando viram que o exército inimigo recuava. Começaram a perseguir os israelitas, deixando Gibeá desguarnecida. Quando já iam a uma grande distância, o exército israelita juntou-se novamente em Baal-Tamar, enquanto os dez mil soldados que haviam ficado escondidos saíam de todos os lados e invadiam Gibeá. Eles mataram todos os moradores da cidade e tocaram fogo nas casas. Uma grande coluna de fumaça ergueu-se da cidade. Era o sinal combinado: ao verem a fumaça, os israelitas que até então fugiam deram meia-volta e começaram a atacar os benjamitas. Eles devem ter batido na testa com raiva da própria burrice: estavam sendo vítimas de uma tática de guerra antiquíssima, utilizada com sucesso quando da tomada de Ai. Tentaram fugir para o deserto mas não adiantou: a maior parte do exército israelita, agora auxiliada pelos homens que tinham destruído a cidade, começou a perseguir os soldados de Benjamim, matando-os durante a perseguição. Dezoito mil deles foram mortos, os outros ainda continuaram correndo para o deserto. Cinco mil deles foram mortos ainda na estrada, outros dois mil quando já haviam chegado ao deserto. Apenas seiscentos homens conseguiram chegar à rocha de Rimom, um lugar de difícil acesso, e ali ficaram morando por quatro meses.
Viram só? Isso é que é justiça: por causa de uma mulher morta, uma tribo inteira foi quase dizimada. Tempos difíceis, aqueles…

21 comments

  1. Pombas, eu ia dizer exatamente a mesma coisa que o Apollyon… até me decepcionei quando abri a caixinha de comentários. Mas agora já era… a casa caiu e o jacaré me abraçou.

  2. Não me amarro em música sertaneja ou coisa parecida, mas vendo a tal Renata Banhara dando piti porque levou uns tabefes do mala caipira pop, dá vontade de resgatar os castigos bíblicos.. A vagaba merecia o látego!!
    Kiss, Cris

  3. Marco.
    Posso colocar um texto seu no meu blog? Com os devidos creditos é claro e seu link no post(não que minhas visitas lhe faça diferença).
    O texto é até bastante pessoal, mas achei tão bonito e singelo que queria coloca-lo lá(o nome do post é Coração Leviano).
    Obrigado e abraços

  4. Segundo a Biblia, isso aconteceu no tempo de Fineias, filho de Eleazar, filho de Aarão. Isso é interessante porque naquele tempo os Hebreus viviam em guerra com os outros povos. E eles ainda arrumaram jeito de ter uma guerra civil.
    Eita povinho que gostava de uma briga!

  5. Continuando a narrativa, o que teria acontecido com os 600 “homens” que chegaram à rocha de Rimon? Pootz! Era uma viadagem só por lá, hein?
    Em tempo, “jacaré abraçar-vos-a” foi Super!
    Keep on crooking!

  6. Para quem está precisando de um biquinho…..hehehe
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