Juízes – o começo

(Juízes 1 e 2)

Ê, já começou na base da preguiça…
Nada disso, nada disso! Esses dois primeiros capítulos do livro dos Juízes são, na verdade, uma rápida narração do que aconteceu no período entre a morte de Josué e a subida dos Juízes ao poder. Sendo assim, achei por bem condensá-los num só capítulo por aqui.
Logo no começo, então, ficamos sabendo que as tribos de Judá e Simeão aliaram-se para expulsarem os cananeus e perizeus de seus territórios. Eles expulsaram os dois povos, matando dez mil homens numa cidade chamada Bezeque. Por lá encontraram um certo Adoni-Bezeque. Sei não, mas acho que não era o nome do cara: baseado em meus rudimentares conhecimentos de hebraico, arriscaria dizer que Adoni-Bezeque significa “O Senhor de Bezeque”. Bom, não importa: o negócio é que os judaítas (ou judeus!) e simeonitas perseguiram e prenderam Adoni-Bezeque. Esse cara tinha o costume de cortar os polegares e dedões dos pés dos reis das cidades que conquistava. Já havia feito isso com setenta reis, que então apanhavam megalhas sob sua mesa. Os israelitas, inspiradíssimos, fizeram a ele o que ele havia feito aos outros, e o levaram cativo para Jerusalém, onde morreu.
Jerusalém??? Pois é! Jerusalém foi incorporada ao território israelita pela primeira vez na História: os homens de Judá mataram todos os seus habitantes e atearam fogo à cidade. Depois disso, lutaram contra os cananeus que moravam nas montanhas, no deserto ao sul e nas planícies de Judá. Conquistaram também Zefate, e só não conseguiram expulsar os moradores de Gaza, Asquelom e Ecrom, cidades litorâneas, porque possuíam carros de ferro. Ué, alguém há de perguntar, mas Javé não podia dar uma forcinha? Eu devolvo a pergunta.
O que eu disse no parágrafo anterior? Que os homens de Judá invadiram Jerusalém e mataram seus moradores, certo? Pois é, mas verossimilhança não é o forte da Bíblia, então logo na segunda metade do primeiro capítulo de Juízes temos uma contradição gritante: é dito agora que os homens da tribo de Benjamim não expulsaram os jebuseus de Jerusalém, passando a conviver com eles. Nem vou tentar entender isso, pulo para a parte seguinte: Os povos das tribos de José (Efraim e Manassés) saíram juntos para a guerra. Quando foram atacar Betel (antes chamada Luz), pegaram um homem que ia saindo da cidade e o ameaçaram de morte caso não dissesse como os israelitas podiam entrar na cidade. O tal homem, que não era nada besta, entregou logo o serviço e os israelitas tomaram a cidade. Todos os habitantes foram mortos, com exceção do traidor e sua família, que se mudaram para a terra dos heteus e fundaram uma cidade chamada Luz, em homenagem a seu antigo lar.
Muito bem, uma conquistazinha aqui, um genocidiozinho ali, e os israelitas iam tomando posse definitiva da terra. Só que no processo foram desleixados algumas vezes. A tribo de Manassés, por exemplo, não expulsou os habitantes de Bete-Sã, Taanaque, Dor, Ibleão e Megido. A tribo de Efraim não expulsou os habitantes de Gezer, pelo contrário, ficaram morando com eles ali. A tribo de Zebulom não matou nem expulsou os moradores de Quitrom e Naalol, mas os fez escravos. O mesmo fez Aser com as cidades de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Hleba, Afeca e Reobe, e Naftali com Bete-Semes e Bete-Anate. A tribo de Dã deu vexame maior ainda: foi expulsa para as montanhas pelos amorreus. Coisa triste.
Como se vê, os israelitas deixaram de cumprir uma ordem clara de Deus: matar todo mundo que estivesse no caminho. Javé ficou puto, como era de se esperar, e mandou um anjo para dar um recado a Israel:
— Aê, seus mequetrefes! Eu fiz de tudo por vocês, e vocês prometeram que seriam fiéis a mim, que me obedeceriam e não sei o que mais. Pois foi só o Josué morrer pra vocês começarem a fazer cagada, né? Acham que eu não tô vendo que há vários estrangeiros morando aí com vocês, é? Mas deixem estar: agora EU é que não vou querer que esses povos sejam expulsos: eles vão continuar morando aí entre vocês, e eles acabarão sendo seus inimigos. CÊS TÃO FODIDOS!
Quando o anjo terminou de dar seu rescado, o povo abriu o berreiro e começou a oferecer sacrifícios a Javé, pra ver se aplacava sua ira. Adiantou nada. Mesmo porque, influenciado pelos cananeus remanescentes em suas cidades, os israelitas começaram a adorar outros deuses. O que aumentou mais ainda a raiva de Javé, claro. Ele tentou até consertar a situação, indicando juízes para liderarem o povo.
E com isso começamos o tempo dos juízes, um período de grande instabilidade em Josué Israel. E com um começo muito chato, como acabamos de ver.

7 comments

  1. Marco!
    Descobri seu blog através de um link no Paquiderme do meu querido Capanema. Seu blog é show! Parabéns! Voltarei mais vezes…
    Grande beijo!

  2. Mas que bando de traíra heim!!!!
    Bem-feito se Javé matar todos eles…
    Aí Marco, o teu link que tá no site da Alê (amarula c/ sucrilhos) tá erra. Tá direcionando pro antigo que acaba dando um erro. Pede pra ela consertar pra vc!
    bjins

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