Uma dica para vosso bem

Eu sei que todos vocês já tiveram que lidar com uma professora chata que empurrava Machado de Assis goela abaixo dos alunos e depois ainda exigia de vocês que regurgitassem comentários, arrotassem análises, golfassem conclusões sobre o texto. Sendo assim, compreendo que muitos tenham adquirido um certo rancor contra o velho Bruxo que, coitado, não tem culpa nenhuma na deturpação de sua obra. Mas eu peço a vocês que esqueçam por um instante essa aversão pavloviana a Machado de Assis e leiam o texto O Cônego ou Metafísica do Estilo. Ainda dou uma mãozinha: podem ler aqui. É a mais genial e clara definição de como se dá o processo de escrita. Leiam, leiam! Talvez até sejam curados da doença incutida pela professora sem escrúpulos assassina de talentos.

14 comments

  1. Não dá para realmente entender como essas professoras de literatura malignas se empenham tanto em criar uma legião de odiadores de livros, como a maioria dos meus amigos.
    A minha nos forçava a ler José de Alencar, Raul Pompéia, Machado, aos 12, 13 anos de idade! E vc ficava lá, às voltas com “vossa mercê”, “alvíssaras”, e tramas da época do imperador.
    Nada contra isso, pelo contrario, só que quando vc está APRENDENDO a gostar de ler, isso é um pé no saco.
    Por isso mesmo, iniciei meus sobrinhos inicialmente com “Spharion”, “O Escaravelho do Diabo”, “O caso da borboleta Atíria”, coisas light, e depois fui passando a outras coisas, tipo “A Revoluçao dos Bichos”, “Feliz Ano Velho”, “Demian”, “O caso dos 10 negrinhos”, etc, para ser uma progressão sem traumas!!
    obs: Marco, desculpe o pseudo-adendo-post, é que eu realmente precisava desabafar meu ódio às professoras de literatura sacanas.

  2. Meu maior trauma é com o “Menino de Engenho”. Foi terrível, lia por pura obrigação e até hoje tenho espasmos quando passo perto. Já com o Machadão não teve problema, só fui ler quando já tinha consciência do que fazia.

  3. Marcurélio meu amigo, Marcurélio meu colega, quero ver você fazer com o Machado o que o cavalo fez com a égua !
    Ou melhor tire-nos o trauma e faça com Dom Casmurro o mesmo que você fez com a Bíblia ! Eu poderia até faze-lo mas o remorso da cópia me esmagaria até o último dia da minha vida…

  4. O Machadão é demais!
    Além dos livros geniais, ele ainda tem contos extremamente legais. Tente “Contos fluminenses” e “Histórias sem data”. Dá pra baixar pdfs gratuitos no Virtualbooks.

  5. Não sabia que tanta gente assim gostava de Machado de Assis, por onde ando a “bola da vez” é Saramago, Gabriel Garcia marques etc, nada contra esses brilhantes autores, mas pra botar no Machado, tá foda…

  6. Ae! o/
    Essa frustração é culpa dos professores que não sabem ensinar Machado. Aliás, Machado não lhe é ensinado, é imposto, e deixado de lado toda a sátira por trás dos comentários dirigidos ao leitor, que é o mais empolgante e um verdadeiro desafio seu com o eu-lírico em terminar a leitura sem sentir um pingo de inveja da ironia machadiana.

  7. Machado é responsável por eu chamar homem “safado sem-vergonha inescrupuloso de sevandija ou capadócio”. Não é chique? 😉 (aposto que alguém vai dizer “mas capadócio não quer dizer bem isso…”. Bah.)
    Quando leio Machado de Assis fico boquiaberta com o estilo, ironia, galhofas, e outros que tais. Ele é perfeito.

  8. Valeu pela dica, Marco! Machado deve ser lembrado sempre – principalmente suas viagens em “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e seus jogos de palavras e/ou ambigüidades em “Dom Casmurro”, que, inclusive, só fui apreciar mesmo dez anos depois de ter sido obrigado a ler no ginásio.
    Ótimo post!
    Abço!

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