Maria Rita

Muito bem, todo mundo já falou até demais da filha da Elis Regina; minha vez. A cantora recém-surgida do meio de um turbilhão de marketing raramente visto despertou todo tipo de reação: há quem a ame incondicionalmente, há quem tenha raiva dela até pela superexposição (da qual é mais vítima do que beneficiária), há quem, como eu, seja indiferente a ela.
Compreensível. O que eu não entendo é essa gente que acha que o fato de Maria Rita ter a voz idêntica à da mãe seja um fator a ser criticado. Oras, a voz do meu irmão é igualzinha à do meu pai, nem por isso a família o critica. Genética é um troço muito forte. Além do mais, melhor uma cantora com a voz da Elis Regina do que várias que cantam como a Leila Pinheiro ou a Simone.
Então por que eu permaneço indiferente aos encantos de Maria Rita? Eis a heresia: nunca fui muito fã da Elis. Gosto dela, é claro, grande cantora. Mas não me fala à alma, então sou muito mais a Maria Bethânia, por exemplo. Além disso, o tal marketing me incomoda um pouco. Fico preocupado com essa moça tão exposta o tempo todo, penso nas conseqüências que isso pode ter. E são muitas: desde um ostracismo precoce — e lamentável, tratando-se de um indiscutível talento — até repetir o fim trágico da mãe. Quem vende a alma precisa entregar a mercadoria mais cedo ou mais tarde.
Seja como for, para mim a maior cantora brasileira ainda é o Ney Matogrosso.

26 comments

  1. Gostei do que vi na Maria Rita. Gosto de Elis tambem, mas nao eh por isso. Gostei da maneira com que ela interpreta a musica. Ver Maria Rita eh diferente de ouvir Maria Rita. Fora que as musicas que ela tem escolhido cantar tem vindo com um toque de jazz e uma brasilidade maravilhosos.
    Acho muito dificil que ela venha repetir o fim tragico da mae. Os tempos sao outros. Nao eh mais cool morrer assim…

  2. “já falei tantas vezes…”
    acho que, no meio dessa guerra de marketing, fui abençoada em não ter conhecido (nem ligado em conhecer) a tal Elis, apesar dela já ter passado o Natal lá em casa, com minha mãe, quando ela era adolescente.
    graças a minha ignorância posso desfrutar cada notinha sustenida dessa vaca que dá até raiva de tão afinada.

  3. Bom, caro Marco Aurélio, que me joguem pedras, mas ainda prefiro o irmão dela: Pedro Mariano. Ele não se rende a essa história de “filho da Elis”, grava as músicas do jeito que ele gosta, não são músicas dele, pois ele é intérprete e os arranjos são do pai, Cesar Camargo Mariano. Inclusive sobre a mãe ele mesmo diz o seguinte: não sei, não a conheci, conheço dela menos que vocês da imprensa, portanto, vamos falar do meu disco novo?” (!!!)

  4. Ney é do caralho, canta muito. Suas músicas e sua voz me emocionam!
    Tudo bem que sempre sou zuado pelos meus amigos quando coloco Secos e Molhados no rádio do carro e canto junto. Mas foda-se!

  5. Ela já age com estrelismo, é prepotente e convencida, que o diga minha amiga que tentou uma entrevista com ela. Se fosse guilhotinada, eu não sentiria falta. Oras, o que tem de macabro eu apenas desejar que ela encontre a mãe?

  6. tenho a mesma opinião, mas sinto que gosto de elis um pouco mais que você, porém, pode ser nóia minha, mas por vezes a elis me passa uma expressão de “vejam que grande cantora eu sou”. já a maria bethânia é a cantora brasileira que mais me emociona mesmo; “seguindo em fente” na voz dela tem sido uma espécie de mantra pra mim.

  7. Me desculpe Marco, mas eu fico furiosa quando dizem que a Maria Rita tem a voz igual da Elis Regina. Escutem Elis e vai ver que elas tem voz parecia, não iguais. Maria Rita nunca vai conseguir atingir notas altas que nem Elis. E, venhamos, Elis é sempre Elis

  8. Marco, “Além do mais, melhor uma cantora com a voz da Elis Regina do que várias que cantam como a Leila Pinheiro ou a Simone” foi a frase do ano! OBRIGADA!
    Só não sacaneia o Ney porque eu adoro ele, vai!

  9. Embora eu não tenha concordado com aquele post do “Adeus” e ainda esteja um pouquito decepicionado com sua opinião com relação ao caso tenho que adimitir que nesse POst eu não troco uma virgula. E Assino em baixo. Abraços.

  10. marco, gosto mais da maria bethânia que da elis também. sempre foi apedrejada por gostar pouco da elis (gostou de alguns poucos discos, acho que ela grita muito no geral). um amigo disse que a maria rita é a elis sem pimenta, achei uma boa definição. ela é cool (e eu gosto! :))
    agora aqui entre nós… gostar da bethânia é MUITO GAY! 😛
    beijoca.

  11. Não acho que Maria Rita seja vítima: ela está super consciente (e até acomodada) em ter “vendido sua alma” deixando para a gravadora até o papel de seu interlocutor nas entrevistas à imprensa, em troca do seu factóide/sucesso midiático.
    Repito o que um amigo meu disse num post que escrevi sobre o assunto: Maria Rita é mais um grande equívoco que a mídia coloca à nossa mesa – “A cantora que você estava esperando”, conforme o slogan da campanha de lançamento (mais parece propaganda de perfume da Paloma Picasso), deveria continuar: “morreu há mais de vinte anos e é insubstituível”.
    Ah, outra coisa: o Edson Cordeiro precisa comer muito feijão ainda pra chegar aos pés do grande Ney Matogrosso!

  12. Acho que, por razões marqueteiras, ela força um pouco o personagem fazendo-se passar pela mãe, mas, o timbre não é igual. O repertório, este sim…está sendo forçado para parecer com o da Elis do tempo do Fino da Bossa, aquela levada jazzística do Zimbo Trio, aliás isto é uma constante na gravadora deles. Putz!…é um negócio sacal vc escutar o irmão dela cantando, o cara não tem uma boa voz, e as levadas das músicas caem sempre no tatibitati jazzístico. Lamentável.

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