Josué envia espiões a Jericó

(Josué 2)
Decidido a provar que era um líder forte e corajoso, a primeira medida de Josué foi enviar dois espiões para Canaã, ordenando a eles que prestassem especial atenção a Jericó, cidade fortificada e primeiro alvo dos israelitas. Os dois atravessaram o Jordão e depois de uma caminhada chegaram às muralhas de Jericó.
— E agora, como é que a gente entra aí?
— Sei lá. Pela porta?
— Hum. É uma idéia.
Os dois foram até os portões da cidade e foram interpelados pelo vigia.
— Alto lá! Identifiquem-se!
— Somos turistas japoneses, né? Viemos tirar fotos de sua honorável cidade.
— Hum… Ok, podem entrar.
Já dentro da cidade, olharam aqui e ali. Não querendo correr riscos desnecessários, resolveram procurar uma casa para passarem a noite.
— Bom, então vou perguntar por aí onde é que tem uma pousada baratinha.
— Mané pousada! É só a gente procurar uma luz vermelha. Aí teremos cama, comida e “comida”.
— Até que você não é tão burro…
— Muito obrigado. Olha ali a luz vermelha.
— Onde?
— Naquela casa ali.
— Que casa? Aquilo é um dos muros da cidade.
— Porra, como é que você vem pra uma missão dessas sem saber nada sobre ela? Fique sabendo que há famílias inteiras morando em casas dentro das muralhas, de tão espessas que elas são.
— Ah, não sabia…
— Pois é. Só que aquela ali não é casa de família não…
— Hehehe.
Os dois foram até a casa e foram recebidos por uma mulher vestida de forma espalhafatosa, com um decote que ia até o umbigo e uma fenda na saia que quase encontrava o final do decote.
— Olá, meninos. Bem-vindos à minha casa.
— Oi, dona… Er… Viemos aqui para… Para…
— Eu sei, eu sei. Vieram aqui para relaxarem um pouco. Tudo bem, podem entrar. Ah, meu nome é Mien.
— Mien?

[CUIDADO! Trocadilho infame à vista]

— Isso. Mien Raabe. Mas podem me chamar só de Raabe.
— Ah. Sim, Dona Raabe. Muito prazer em conhecê-la.
— O prazer é todo meu, meninos. Vou ali preparar uma bebidinha para nós e já volto.
Enquanto Raabe recebia os rapazes, a notícia já chegara até os ouvidos do rei de Jericó: dois espiões israelitas haviam chegado à cidade para espioná-la. O rei, furibundo, mandou mensageiros à casa de Raabe, com ordens expressas para ficarem por lá apenas o tempo necessário para passarem sua mensagem, nada de misturar trabalho com prazer. Os mensageiros deviam dar a Raabe a ordem clara do rei: que trouxesse para fora os dois homens imediatamente. A prostituta, porém, já havia escondido os espiões, e respondeu calmamente aos mensageiros:
— Espiões? Que perigo! Sim, sim. Vieram aqui dois rapazes estrangeiros. Não sei se eram israelitas ou não, porque nem chegaram a tirar a roupa: mal escureceu, e sabendo que o portão da cidade se fecharia, saíram correndo. Não me falaram para onde iam, mas acho que se vocês correrem bastante ainda conseguem alcançá-los. Ai meu deus, eu não acredito no risco que corri! Dois homens perigosos aqui, na minha casa!
— Filhos da puta!
— Ei, mais respeito com a minha classe!
— Humpf. Aê, vamos caçar os desgraçados.
Os mensageiros saíram em busca dos espiões, que na verdade estavam escondidos embaixo de um monte de feixes de linho ali mesmo no terraço da casa de Raabe. Ela foi até lá falar com eles:
— Eu sei que vocês são israelitas e que vieram aqui para espionarem a terra.
— Ih. Fodeu.
— Não, não! Podem ficar sossegados. O fato é que todos ouvimos dizer que o deus de vocês secou o Mar Vermelho para que o atravessassem, e também soubemos da vitória de vocês sobre Seom e Ogue, reis amorreus. A cidade toda está morrendo de medo da hora em que vocês vão chegar aqui destruindo tudo. Olhamos com apreensão para o seu acampamento do outro lado do rio; vocês formam uma multidão impressionante. Então eu quero fazer um trato com vocês: jurem pelo seu deus que pouparão a mim e à minha família quando invadirem a cidade.
— Hum… Meio complicado, Raabe. Tá, podemos até fazer o juramento, mas com uma condição.
— Que cond… Ah, já vi tudo! Querem serviço de graça, não é mesmo?
— …
— É sempre assim! Todo mundo quer se aproveitar de uma pobre puta. Tudo bem, tudo bem. Mas vocês juram?
— Juramos por Javé, Raabe.
— Por quem?
— Javé, o nosso deus. Juramos por ele que nada acontecerá a você e sua família. Mas para isso, só pedimos um sinal. Quando invadirmos a cidade, amarre um cordão vermelho na janela que dá para fora da cidade e reúna aqui toda a sua família. Assim saberemos qual é a sua casa. Se alguém sair desta casa então, será responsável pela própria morte. Mas se alguém for ferido aqui, a culpa será nossa.
— Tudo bem.
— Legal. Agora vamos brincar um pouco, minha filha!
Os espiões se divertiram bastante, e antes de raiar o sol fugiram para as montanhas, ficando por lá até que os grupos de busca enviados pelo rei de Jericó encerrassem seu trabalho. Quando se sentiram seguros, os dois desceram, atravessaram o rio e foram falar com Josué, que já arrancava os cabelos de ansiedade.
— ONDE É QUE VOCÊS SE METERAM, CARALHO???
— Ah, estávamos na casa de uma puta ali em Jericó e…
— NA CASA DE UMA PUTA??? A gente prestes a invadir a cidade, precisando de informações, e os espiões que eu envio CAEM NA PUTARIA???
— Calma, seu Josué, não é nada disso. Foi o único esconderijo que encontramos, depois a gente conta com detalhes. O importante é que agora o senhor pode ter certeza que invadiremos Jericó sem problemas.
— Hum. É mesmo?
— Pode acreditar! O povo de lá está se cagando de medo da gente.
— Bom, muito bom! Então chegou a nossa hora. Esta madrugada atravessaremos o Jordão.

11 comments

  1. Ontem descobri o seu blog… Gostei muito!! Super legal essa idéia de escrever textos bíblicos em formas + decontraídas , digamos assim.. Heheheue.. Vou vir sempre por aqui a partir de Hoje.. Beijaum.. Carol

  2. Ontem descobri o seu blog… Gostei muito!! Super legal essa idéia de escrever textos bíblicos em formas + decontraídas , digamos assim.. Heheheue.. Vou vir sempre por aqui a partir de Hoje.. Beijaum.. Carol

  3. Ontem descobri o seu blog… Gostei muito!! Super legal essa idéia de escrever textos bíblicos em formas + decontraídas , digamos assim.. Heheheue.. Vou vir sempre por aqui a partir de Hoje.. Beijaum.. Carol

Deixe uma resposta para Garcia Cancelar resposta