Brasil 2000

Li na B*Scene o artigo A nova era do rádio, de Katia Abreu e Juliana Zambelo, com certo ceticismo. Então a Brasil 2000 resolveu sair da mesmice das FM de São Paulo e arriscar tudo em boa música, sem repetições? Impossível!
Pois então, é verdade. A programação está muito melhor do que eu poderia imaginar. Agora mesmo está tocando Novos Baianos, que eu nunca imaginei ouvir no rádio. Ontem ouvi em seqüência White Stripes (You´re Pretty Good Looking), Belle & Sebastian (Legal Man) e REM (Pop Song 89). Inacreditável. Por trás dessa revolução está Kid Vinil, novo diretor artístico da rádio. Na entrevista concedida a Katia e Juliana, ele diz que seu objetivo é resgatar a credibilidade da emissora. E está conseguindo: a revolução que se desenha agora é parecida com a que ele mesmo iniciou no começo dos anos 80 na rádio Eldorado.
Estava falando com o Rafael a respeito e ele disse que é muito bom, claro, mas também é um suicídio comercial. Pode ser, pode ser. Mas tenho esperanças: estamos há muito tempo num marasmo musical nunca visto, e parece que uma reação começa a acontecer. Há nova música surgindo por toda parte, e um público cada vez mais sedento de novidades. Sei não, mas acho que em breve viveremos aqui no Brasil um período de ruptura comparável ao surgimento da Bossa Nova (1958), da Tropicália (1967) e do Rock Nacional (1982). Pois que venha, esperamos felizes.
Ah, quer ouvir a rádio? Então ouça:
(Vixe, o código tava dando pau. Mas esqueçam também, a Brasil 2000 voltou ao mesmo rame-rame de sempre)
Tá tocando Belle & Sebastian agora!

39 comments

  1. estava exatamente escutando a Brasil 2000 qdo entrei no JMC, enquanto escrevo e toca Belle and Sebastian. Qdo troquei da Rádio Kiss para a BR 2000 achei que ainda estava na Kiss, que por sinal é uma das poucos rádios que se salvam, assim como a Eldorado.
    Achei isso genial, chega uma hora em que escutar as mesmas coisas enche o saco, o jeito é recorrer acds e mp3.

  2. Olha, depois que o Kid Vinil assumiu, deu uma melhorada.
    Mas na minha opinião, só “deu uma melhorada” mesmo.
    Continuo achando que a Kiss FM é a melhor rádio. Não escuto outra.

  3. São atitudes como a sua que vão impedir o suícidio. Eu já estou ouvindo, e sempre ouço a Happy Hour quando saio do trabalho.
    Kid é o cara ! Algumas vezes eu acho que ele gosta de qualquer merda, mas sei lá, se não fosse tamanho ecletismo, nada disso aconteceria.

  4. Bacana, bacana! É por aí! Vamos ver se conseguem manter assim! Coisa, aliás, que eu duvidava, p.ex., da ótima roqueira Kiss FM, mas que, graças a Deus, tão conseguindo manter. Acho que devem estar no máximo no zero a zero em matéria de grana, mas eles continuam a nos agraciar com belos clássicos do rock! Que assim seja com a nova Brasil 2000!
    Abço!

  5. Concordo com tudo Marco. Se essa ruptura que vc fala já dá pra perceber há algum tempo na marginália internética, quem sabe agora a Brasil 2000 não serve pra ampliar um pouco essa voz…
    Sei lá, comercialmente é uma aposta arriscada, mas acho que pode ser bastante viável. Afinal, que adianta pra eles ficarem com uma programação banal, concorrendo com uma penca de outras rádios, de 89 à Transamérica. Eles tem chance de pegar em cheio um público completamente insatisfeito, dos 25 aos 35 anos, que já cansou de ouvir Linkin Park e Chalie Brown.
    Só resta saber se eles vão conseguir sobreviver sem o jabá das gravadoras. Mas como as gravadoras estão falidas também, quem sabe a aposta foi certeira? Torço muito pra isso.
    Abraço carinha,

  6. Putz, pena que no Rio não tenha uma rádio assim… Vou lançar uma campanha pra Fluminense FM contratar o Fábio Massari… Já pensou uma sequência com Pavement, Guided By Voices, Jesus & Mary Chain, Sonic Youth e Stereolab… Caralho… :~~

  7. Comercialmente, moralmente e qualquer outro “mente” falando eu acho que é isso mesmo que se tem que fazer. A Eldorado era uma das poucas rádios que eu conhecia que não aceitava jabá. Se a Brasil 2000 apostar nesse caminho, os ouvintes só têm a ganhar. Não é suicídio nenhum, rádio tem que parar de cobrar pra tocar 300 vezes a mesma música. É possível sobreviver de anúncios, ninguém fica milionário, mas dá pra pagar as contas.

  8. Acho que não se pode colocar qualquer música, tem coisas indies por aí que só agradam indies.
    Mas algumas que já fazem sucesso, que são bacanas e podem conquistar um grande público, devem ter espaço. O Muse, do Rafael, por exemplo. Minha irmã e meus amigos adoraram. E achei legal darem espaço pro Hives e pro Coldplay nas novelas da Globo.
    Às vezes eles colocam uma merda qualquer e, só por estar lá, faz sucesso..
    ps: Eu sou o visitante de número 456,666 do Jesus, me chicoteia!
    Isso não deve ser bom.

  9. Mas aí é que tá.
    Justamente por não tocar nas rádios, muita gente não tem acesso, portanto não conhece e quem dirá gostar, se nunca ouviu.
    O problema é que muita gente apóia coisas do tipo “tomara que não toque na rádio pra não virar modinha”.
    Acho isso tão ridículo. Não quer que ninguém conheça, então compra todos os exemplares do CD da banda.
    Sou total a favor de bandas “total desconhecidas” nas rádios. Tem muita coisa boa por aí “na obscuridade”.
    Melhor que tocar 80.000 vezes o novo lançamento do Charlie Brown Jr. *ânsia*

  10. Em tempo: o Kid falou na entrevista citada que já não havia Jabá na Brasil desde antes de ele assumir.
    E concordo com alguem aí que disse que assim eles deixam de concorrer com a 89 por exemplo. Eles tem mesmo é que procurar um novo nicho de mercado. Os insatisfeitos e inquietos agradecem !

  11. “Companheiros”, não adianta ficar apostando se vai dar certo comercialmente ou não. Temos que fazer a nossa parte, que é divulgar a rádio.
    É a única que dá para ouvir agora. A Kiss até que é legal, mas tem um cheiro de mofo…

  12. Por isso que eu mudei para a Kiss FM. Faz tempo.
    Marco, aquela menina que tava no show, de cabelo curto, com o namorado, ela tem blog? Ela era super legal, queria escrever prela…

  13. Faz um tempo passei a prestar mais atenção à Brasil 2000, que ouço pela net enquanto estou por aqui. Depois da “assumida” do Kid Vinil ficou bem melhor. A Kiss só ouço quando vou pra São Paulo, e como a Lilla disse, o cheiro de mofo é o melhor da rádio.

  14. No comentário abaixo eu usei o verbo priorizar, mas olhando no dicionário não encontrei essa palavra, eu tô viajando ou as pessoas usam esse verbo? Eu escrevi errado? Ou eu não sei procurar no dicionário?

  15. A “Anhembi Morumbi” parou de financiar a Brasil 2000. Eles estavam, ou ainda estão com a corda no pescoço…pode ser que isso seja mais aquela, “farrinha” de fim de rádio…bem capaz.
    E a Kiss FM já até saiu do ar por falta de apoio, Flit. Voltou porque adotaram um sistema de patrocínio mais ou menos parecido com o de um celular Pós-Pago, hehehe! Vamos ver até onde vai!

  16. Todo o apoio às mudanças antijabá que o Kid Vinil está fazendo na Brasil 2000. Noto que, além de tocar coisas novas e interessantes, eles também põem no ar coisas mofadas e legais que nem a Kiss ousa -especialmente no que diz respeito ao rock nacional. Nesta semana, sintonizando aleatoriamente a Brasil, já ouvi Arnaldo Baptista, O Terço, Casa das Máquinas (sic!), Escola de Escândalos, Inocentes e Violeta de Outono -isso no meio dos Yeah Yeah Yeahs, Kings of Leon e que tais. Só acho exagero as meninas da B*Scene dizerem que “agora dá para voltar a ouvir rádio em SP” -a Cultura FM sempre foi a melhor rádio desta cidade (sim, 90% da programação é música clássica -e, se você não gosta, não sabe o que está perdendo, filisteu). Abraços.

  17. Ruy,
    Na contra música erudita, mas para quem não se encanta pelas melodias de Bach, Mozart e quetais, a Cultura era só “a rádio que toca música ‘clássica’ (sic)”. Assim como eu já ouvi de pessoas de cultura clubber que a Energia FM é uma puta rádio. Essa nova Brasil 2000 veio meio que pra suprir uma carência de gente que quer ouvir rock, pop, alguma coisa de eletronica (que não sejam os hits de pista), e, sim, porque não, a nova e a velha MPB. Nesse sentido, não acho exagero falar que voltou a ser possível ouvir rádio não…

  18. Katia, minha querida, não nego que quem gosta de rock agora possa, de fato, ouvir rádio em São Paulo. Nem considero isso desprezível. Só acho que a música não começa nem termina no roquenrol -ele é um pequeno pedaço de um universo muitíssimo mais vasto. Fazer dele o centro desse universo ou um limite intransponível de conhecimento musical é, na minha opinião, empobrecedor. Um beijo -e parabéns pela B*Scene.

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