O segundo discurso de Moisés

(Deuteronômio 4:44-49 até 28:68)

Não, vocês não leram errado, nem eu endoidei: pretendo mesmo condensar 24 capítulos num só. Por quê? Já disse: a maior parte é mera repetição do que já vimos nos três livros anteriores. Vamos lá.
O primeiro discurso foi só aquecimento. Neste segundo, Moisés reúne o povo novamente e fala mais do que Fidel Castro. Não gosto nem de pensar em quantos dias ele levou para terminar um pronunciamento tão longo. Começa relembrando os Dez Mandamentos, recebidos por ele no alto do monte Sinai. Fala do medo que o povo sentiu durante o tempo em que ele esteve no alto do monte. Enfatiza o primeiro mandamento, dizendo que se deve temer e adorar a deus. No entanto, é no 6º capítulo do Deuteronômio que temos o que eu creio ser a primeira menção da Bíblia à possibilidade (e dever) de se amar a deus. Moisés faz avisos quanto aos perigos da desobediência e dá instruções para a invasão de Canaã, para evitar a contaminação com os costumes dos povos de lá. Desfia bênçãos para os que forem obedientes e maldições para os desobedientes. Faz uma exortação à humildade ao dizer que deus não entregou Canaã aos israelitas porque eles sejam bons, mas antes porque os habitantes da terra é que são maus, não havendo portanto nenhum merecimento na conquista da Terra Prometida, e sim o cumprimento de um plano divino. Moisés lembra de quando desceu do Sinai e se deparou com o povo idolatrando um bezerro de ouro, da raiva que sentiu (levando-o a quebrar as tábuas dos Dez Mandamentos), da intercessão que fez pelo povo para que Javé não o destruísse e das novas tábuas, que ele teve que cortar e talhar à mão.
Depois de contar tudo isso, Moisés começa a repisar várias leis: fala da condenação à adoração de outros deuses, dos animais puros e impuros, da lei dos dízimos, do Ano Sabático, das leis para os escravos, das primeiras crias, da Páscoa, das festas da Colheita e das Barracas, dos deveres dos juízes e dos reis (caso Israel viesse a tê-los; veremos que sim), dos direitos dos levitas e sacerdotes, das cidades para fugitivos e as fronteiras da terra. Fala de leis para a guerra e da condenação para os crimes de morte. Discorre ainda sobre o divórcio, o dever de se casar com a viúva do irmão e outras leis para as famílias. Enfim, um discurso longo que só a porra.
No capítulo 27 parece que Moisés termina seu discurso ao começar a falar dos preparativos para a entrada em Canaã: instrui o povo para que, após cruzarem o Jordão, ergam pedras grandes no alto do monte Ebal, pinte-as com cal e inscreva nelas todas essas leis. Depois disso, o povo deverá erguer altares de pedra e oferecer sacrifícios sobre eles, comendo depois a carne e festejando a entrada na Terra Prometida. Fala ainda sobre as bênçãos e maldições: quando entrarem em Canaã, metade das tribos irá para o monte Gerizim, onde serão proferidas as bênçãos, e a outra metade para o Ebal, para as maldições. E vejam vocês como é bom esse tal de Javé: sobre bênçãos não se fala nada, mas as maldições são detalhadas. Os levitas gritarão as maldições do alto do Ebal (coisas como “Maldito aquele que comer a sogra”) e o povo responderá “Amém”.
Parece ser o final, mas no capítulo 28 Moisés retoma o discurso, falando novamente em bênçãos para os obedientes e castigos para os desobedientes. Aliás, se vocês tiverem paciência, leiam os capítulos originais: toda a ênfase do livro está na obediência as leis. Depois de 40 anos no deserto, vendo milhares de israelitas morrerem a cada crisezinha de raiva de Javé, Moisés deve ter percebido que o negócio era incutir um pouco de medo no povo. Moisés ainda tinha alguma ascendência sobre Javé, e sempre o fazia desistir de seu intuito de destruir os hebreus a cada piripaque. Mas Josué teria o mesmo talento diplomático? Moisés duvidava, por isso resolveu falar tanto em obediência e em castigos para os desobedientes.
Viram só? Já estamos no 28º capítulo de um total de 34. Não falei que ia ser rápido?

5 comments

  1. Em primeiro lugar nada do que foi escrito na biblia é mera repetição, tudo tem um sentido.
    Em sugundo lugar “porra” não é uma palavra para um cristão, se é que você é um cristão.
    Em terceiro e último lugar o Meu Deus não é tal ( não é um deus qualquer), o povo israelita por mais desobediente que foram em 40 anos, nunca disseram tanta asneiras como você em poucas linhas.
    Deus não é homem para se ter crises e piripaques como vc cita,

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