Que feio!

Procure uma coletânea do Fagner com a gravação original da música Canteiros. Revire sua cidade. Venha a São Paulo e entre em cada biboca procurando a música. Você não encontrará. Uma das poucas músicas realmente boas do cara e não pode ser encontrada em lugar algum. Nem adianta procurar a edição remasterizada em CD de Manera Frufru Manera, disco de 1973 que continha a música: Canteiros foi limada do CD.
Eu passei por essa via crucis há uns anos. Encontrei numa loja em Guarulhos, de um maluco que fazia coletâneas em CD a partir de velhos LPs. Ele tinha Canteiros numa das coletâneas (uma bem ruinzinha, aliás), e me explicou o motivo do aparente boicote à canção: plágio. Sim, a letra era chupinhada de um poema de Cecília Meirelles. A família da poeta processou e a música foi riscada do mapa.
Mas por que estou falando isso agora? Simples: Fagner acaba de ser condenado em outro processo por plágio, dessa vez pela música As Penas do Tiê, também do disco Manera Frufru Manera.
Que feio! O melhor trabalho da carreira do cara contém PELO MENOS dois plágios! Eu sempre duvidei do talento do Fagner, mas achava que esse disco o redimia. Agora sou tentado a pensar que ele nunca teve talento mesmo. A não ser que mão-leve seja considerado um talento, claro.

35 comments

  1. porra.
    se eu não me engano meeeesmo eu tenho o vinil dessa música.
    eu não, minha irmã. mas tenho em casa.
    tava pensando em vender lá na baratos afins, eles sempre compram essas coisas mesmo.
    uia marco, me deu uma idéia.

  2. Parece que a faixa-título também foi plágio.
    “Estrela Sol e Astro Lua… Chegam nessa hora agora… Para louvar santa alma branca… Centauro Fru-Fru… Centauro Fru-Fru”
    Esses versos, é sério, um biruta que vive cheio de cachaça diz que são de sua autoria.

  3. Os processos por plágio na música brasileira tornam-se cada vez mais um lugar-comum, colocando o “talento” de muitos artistas em xeque – natural que existem oportunistas que entram com acusações de plágio “griladas”, mas não vou entrar nesse mérito.
    Os maiores problemas não residem nos casos “óbvios”, mas sim quando o plagiado é um compositor de pouco sucesso. É complicadíssimo reunir evidências que provem sua razão. Fazer o quê, levar aquele papel em que ele rabiscou a letra ou a fita em que ele gravou a música? Não sei quais foram as provas utilizadas nesse caso, mas aparentemente o bom-senso e a justiça prevaleceram, felizmente.
    E não esqueça de um dos principais talentos do Fagner, o de ter aquele timbre anasalado que, junto com a cafonice das canções mais conhecidas, é perfeito para sustentar imitadores de todo o país e fazer a alegria de festinhas domiciliares!

  4. Fagner é um farsante…
    A única coisa que o salva é a presença maciça do eterno Robertinho do Recife, que arranja todos os seus trabalhos em meio a várias carreiras de talco boliviano!
    Abraço!

  5. É isso mesmo, Canteiros é chupinhado de “Marcha”, de Cecilia Meireles.
    Mais exatamente, deste trecho:
    “Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudades; tenho visto muita coisa, menos a felicidade.
    Soltam-se os meus dedos tristes dos sonhos claros que invento. Nem aquilo que imagino já me dá contentamento.
    Como tudo sempre acaba, oxalá seja bem cedo! A esperança que falava tem lábios brancos de medo.
    O horizonte corta a vida isento de tudo, isento… Não há lágrima nem grito: apenas consentimento.”

  6. Fagner é legal, tem aquela as velas do mucuripe, coração alado, não sei se são deles mas eu gostava na voz dele…eu gosto mesmo de Ednardo, acho que eles são da mesma turma…Ednardo sumiu, ele é de outro patamar…

  7. No meio musical, plagio nunca foi coisa tao avessa a alguns compositores…
    Tem uma montoeira de processos contra artistas do porte de Roberto&Erasmo e mesmo os Bitous (ou alguém vai negar que a melodia de “With A Little Help From My Friends” nao é a xerox exata de “Jesus – Alegria dos Homens”, de Bach?

  8. eu moro du lado de uma republica di estudantes pretos e pagoderos e de uma igreja evangelica..qdo num eh musica evangelica eh pagode tocando… as vezes eu acho que um plageia o outro… eles deve ser fãns do Fagner

  9. nada a ver com o post, mas é muito interessante perceber a quantidade de blogueiros admiradores ou fãs mermo dos los hermanos!! blogueiros famosos ou nao, acho q somos uma raça de bom gosto!!

  10. Eu lembro vagamente de ter visto, há um muitos anos, num programa de auditório (acho que do Flávio Cavalcante), um trecho onde um especialista contestava a autoria de uma _letra_ de música do Fagner. E não era nenhuma dessas aí não, pois eu lembro que o suposto plágio teria sido feito de uma tradução de um poema inglês (ou algo parecido). Infelizmente não lembro o nome da música ou outros detalhes. Mas nessa condenação recente, eu acho que não dá pra pichar o cara, afinal ele não disse que a música era dele, e sim que tinha recolhido do folclore cearense (dependendo de como estava creditado no disco, ele se safa “moralmente”).
    P.S.: incrível como a internet é uma coisa que tem quase tudo do presente e nada do passado… tentei encontrar o ano de morte do Flávio Cavalcante e não encontrei… um tempo atrás procurei a letra de “Mintchura”, da Neusinha Brizola, e também necas… em ambos os casos, são figuras que fizeram imenso sucesso nas suas épocas.
    Abraços,

  11. ===SARCASMO MODE OFF====
    (O duro de ser “Sarcástica” é que nem todo mundo percebe quando a gente está falando sério. Se isso já acontece na minha vida “real”, que dirá do mundo dos blogs).
    Marco Aurélio, meu herói, meu rei: eu não tenho como te agradecer. Quando eu coloquei aquele comentário no Emotionrélio, a surpresa e a admiração pela originalidade do blog foram sinceras (eu ri muito com a foto da sua cara de “O Tarado Mais Feliz” com as revistas), achei melhor até que o site que o inspirou, o do japinha.
    Ser honesta ainda compensa.
    Muitíssimo obrigada pelo link, pela menção, pelas palavras carinhosas e pelos quinhentos acessos únicos que você me mandou hoje(a sua candidatura à vereador sai quando?), fiquei boba, mas lendo o Jesus… eu descobri a razão do seu sucesso. Não, não vou puxar seu saco, você já deve estar com ele pra baixo do joelho.
    Um beijo grande, obrigada pelo incentivo e se você espirrar, saúde!
    Sarcástica.

  12. Minha querida sarcástica, também sofro com isso. Tenho que avisar antes que o que vem a seguir é sério. Mas aí eu comecei a abusar, falava que era sério e mandava um monte de groselha. Agora eu aviso que vou falar sério e não adianta nada.
    Uma merda a falta de discernimento das pessoas…

  13. Sou suspeita: adoro Canteiros.
    E com relação ao plágio: temos que ter a noção de que, naquela época, no Nordeste, a literatura TODA era de cordel, não havia referências quanto a autores e, para ser plágio, tem uma série de regrinhas bestas hoje em dia. Pode ser plágio, mas sei lá. Sei que a música inteira ficou LINDA e eu adoro.

  14. Literatura de cordel, Rapunzel??? Estamos falando de Cecília Meirelles, uma das maiores poetas do Brasil. E se você tem dúvidas de que seja plágio, leia o poema original que a ale siedschlag fez o favor de botar aqui nos comentários.

  15. A Penas do Tiê (que também foi gravada pela Nara) é uma música do folclore nordestino que, se não , me engano já não tem mais titularidade de direito autoral. É de domínio público assim como Parabéns Pra Você.

  16. Marcio, é exatamente o contrário disso que a matéria do Estadão mostra (clique no link que o Marco Aurélio colocou). “Penas do Tiê” não é uma música do folclore nordestino, mas uma composição do Heckel Tavares, que tinha outro título. O que o Fagner alega em sua defesa é justamente isso: ele pensava que fosse uma canção folclórica, e não de autoria determinada. Abraços gerais.

  17. Imagine, Marcio. Só agora me dei conta de que dá pra “mixar” dois posts recentes do Marco Aurélio: Fagner é o verdadeiro “homem que copiava”. Abraços.

  18. Marco,
    Vc pode encontrar essa música num CD dele ao vivo no Ceará, tipo coletânea. Eu não gosto de música ao vivo, mas é uma maneira.
    Bem, sendo plágio ou não, achei bobeira terem feito isso, afinal de contas já musicaram tantos poemas do Manuel Bandeira, sem ninguem se importar. Não acho que isso seja um desmérito a ele, pegar um poema não tão conhecido e mostrar ao mundo, e musicá-lo, e colocar tanta emoção. Essa música é linda.
    Tem o caso de uma música do Zé Ramalho que também foi plágio do início de uma história em quadrinhos do Hulk. Sério.
    Eu tenho quase certeza que a Cecília não se importaria em ter seu poema musicado, ela era muito legal e simpática.

  19. Ele colocou nos créditos do disco que a música foi baseada no poema “Marcha”, de Cecilia Meireles. Mas na época, o Fagner estava brigado com a gravadora, que por vingança não colocou os créditos da música no disco. Assim, passou-se a idéia que ele plagiou a música.
    Aliás, em algumas entrevistas ele próprio admitiu que foi ingênuo, na época, pois não conhecia essa de direito autoral.

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