Malditas capivaras (Um post ao estilo de deus)

Acabo de voltar do fumódromo. Fui até lá e fiquei olhando o rio, mais pela força do hábito. Já não tinha mais esperança. Mas eis que noto algo que vem descendo o rio. Será possível? Sim, só pode ser! Bem pelo meio do rio, lá vem ela! Uma capivara! Impávida ela vem, certa de sua posição de grande roedor. Nada, capivara, nada! Posso ver as gotículas que respingam em seu pêlo, refletindo a luz do sol. Ela vem se aproximando, segura de si, desafiando os prédios de concreto e vidro e alúminio e aço escovado que margeiam o rio. O rio que é seu lar e seu refúgio, o rio que ela conhece como ninguém.
Bela capivara, pujante capivara, brava capiv…

Era um pneu.

Logo que percebi, um urubu começou a passar em frente à janela. Quase rente, na verdade. Tirando sarro da minha cara, o feladaputa.
— Aê, mané. Cê tá precisando de óculos. Manezão.
Passou umas três vezes, sempre me insultando. E quando achei que tivesse desistido, voltou com um amigo. Imagino que ele deve ter ido chamar o outro ali em cima do Robocop (um prédio que tem aqui no Brooklin, todo metálico):
— Aê, véi.
— Aê.
— Fazendo o quê?
— Nada não. Olhando o movimento.
— Quer dar risada?
— Opa.
— Vamos zoar um mané ali.
— Por quê?
— Ficou um tempão olhando um pneu no meio do rio achando que era uma capivara.
— Putz! Não vai me dizer que ele voou pra cima!
— Nah. Não é urubu. Gente.
— Ah. Gente. É, eles são burros. Bora lá.
E ficaram os dois passando em frente à janela e tirando sarro da minha cara. Nem terminei meu cigarro.
É cada uma…

20 comments

  1. HAUHAUHAUHAUAHUAHUAH!
    Tive um acesso de riso! ARGH!
    Principalmente porque me lembrei que o meu professor de história usa Javalis-Capivaras para explicar a origem da tribo dos Atchins… hauhauahua!!!

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