O cachorro-quente com purê

Este post não é pra retomar a polêmica, ok? É que um monte de gente de todas as regiões do Brasil tem me mandado emails demonstrando estranhamento com a presença do purê de batatas no cachorro-quente. Proponho-me apenas a explicar o papel desse ingrediente. Vamos lá.
Quando eu era moleque, o cachorro-quente era um negócio simples. Acho que em todo lugar era igual: pão, salsicha, mostarda e (argh!) ketchup. Um ou outro vendedor mais visionário acrescentava maionese. E com o tempo outros ingredientes foram sendo acrescentados à receita: ervilhas, milho verde, batata palha, queijo ralado, catupiry, cheddar, o diabo a quatro.
Com tantos ingredientes, começou a acontecer o inevitável: Você ia comer um cachorro-quente e caía tudo. Pagava por um e comia meio, a outra metade ia pro chão.
Pois muito bem. Todo mundo sabe que São Paulo é uma cidade de concreto. Pra todo lugar que você olha vê prédios, viadutos, túneis. Influenciada pela paisagem, a população acabou desenvolvendo um tipo de raciocínio sempre baseado em estruturas de engenharia. O cachorro-quente era uma estrutura falha. Então alguém percebeu o que faltava a ele: Cimento. Era preciso cimentar o cachorro-quente. Mas como cimento deve ser um puta troço indigesto, optou-se pelo purê de batatas. Não tem gosto de nada, mas é uma maçaroca perfeita para manter o equilíbrio estrutural do cachorro-quente. Hoje em dia, aqui em São Paulo, você pode comer um cachorro-quente sem derrubar NADA no chão. Mais um triunfo da engenharia.
(Sei não, acho que foi idéia do Maluf…)

30 comments

  1. Meu amigo, essa explicação foi supimpa, brilhante! agora entendo. Nunca tive esse problema de infra-estrutura no cachorro quente, porque nunca fui de colocar essa tranqueira toda no meu rotidógui… Aliás, ai que saudade do GENEAL, que vendia o melhor cachorro de todos os tempos, em carrocinhas nas ruas ou por ambulantes no velho Maraca… E sabe o que vinha? O velho pãozinho, fresquinho, no saco plástico e a velha salsicha, quentinha, com um talho longitudinal, que o vendedor fazia com o pegador.

  2. Eu confesso que fiquei passada quando vi cachorro quente com purê de batata. Mas eu vi também paulista comendo cachorro quente em pratinho, para não perder nada, daí sua explicação vai por água abaixo, pq mesmo sem o purê a gente não perderia nada pro chão. Para uma carioca como eu os cachorros quentes (se é assim mesmo o plural) de SP são uma verdadeira refeição.

  3. Poxa eu gosto de cachorro quente com purê, nem sabia que nos outros lugares n tem, pq é muito bom…
    Mas lá no Rei do Dog de São caetano, eles colocam tudo isso aí, no pão de croissant, com uva passa(fica bom) e prensa…ai fica super pratico de comer…mmmmm!

  4. Como bem disse o Diego, purê de batata (pelo menos os BONS) têm gosto.
    A explicação foi ótima, mas tenho um adendo: pra mim, o purê de batata não é nada de mais, visto que o papel do cachorro-quente, ainda mais em SP, onde é preciso ser rápido em tudo (inclusive nas refeições), é justamente servir como um almoço ou janta completos. Você, teoricamente, pode acrescentar o que quiser nele. Há gente que coloca catupiry, queijo cheddar e até uvas passas. Er…
    É.

  5. Esta lógica me assusta. É a mesma que manda a gente misturar tudo no prato pra não precisar comer de colher, mantendo uma porção suficiente pra encher a boca, ao invés de ir catando no prato o arroz, o feijão, a salada, E o purê?m Hm….utilizo-a

  6. cara, já trabalhei numa fábrica de ketchup. o primeiro lote até vai.
    depois de fechado o lote encerra a produção, os tonéi já abertos e não utilizados são fechados escrotamente e colocados no depósito.pra mais tarde serem utilizados, qdo vc abre não vê extrato de tomate, mas sim uma crosta de +- 5cm de vermes acima do extrato que é depositado nos caldeirões de cozimento, depois de + alguns processos vira ketchup.depois que vi nunca mais igeri tal coisa.

  7. Isso realmente funciona, menino Marcurelio, se o cachorro quente nao for o “da Usp”. O cachorro quente que eh vendido perto da Usp simplesmente voce nao consegue comer se nao tiver o pratinho e a colherinha. Ele deve pesar aproximadamente 1 kg e eh muuuuiiiitttttooo delicioso. Alem do milho, ervilha, salada, ketchup, mostarda, maionese, salsisha, queijo parmesao ralado, pure de batatas, batata palha, ele conta ainda com carne moida e bacon fritinho. Que fome!!!!

  8. Eu sou Paulista, e agora moro no Nordeste.
    Em Joao Pessoa, o cachorro quente vem com salsicha, carne moída no molho de tomate, uma salada de tomate, cebola e coentro, um ovo de codorna, e pra decorar, queijo ralado, catchup (Argh!) e maionese!
    E o pior de tudo é que fica bom!
    Ahh… E aqui, como todo bom nordestino, que sonha em ser carioca, todos comem pizza com catchup e torcem pro flamengo!
    VIVA O BRASIL!!!

  9. Eu gosto de purê de batatas, mas nunca experimentei junto com cachorro-quente. Pra mim, cachorro-quente tem de ter molho com tomates, cebola e pimentão, além de maionese. Ketchup e Mostarda eu dispenso.
    O cachorro-quente nos EUA é diferente, mas em Chicago é que são puristas : apenas o pão, a salsicha (que em Curitiba, pra quem não sabe, chama-se Vina) e mostarda. Eles ficam horrorizados com qualquer outra coisa. Quando contei como era comido aqui no Brasil (às vezes até com frango e catupiry), me perguntaram : “Mas.. no final você acaba encontrando o cachorro-quente, não”? 🙂

  10. Por exemplo: alguns sandwiches vendidos por aí, o pessoal espeta uns palitos de dente para que as camadas do dito não deslizem quando você morde. Podemos dizer então, sem dúvidas, que os palitos fazem as vezes dos vergalhões de ferro que também são usados nas construções. Certo???

  11. É tem lógica a sua explicação. Além de fazer “liga” , aumenta a sustância.
    Não dá pra falar mal sem experimentar né ?
    Amanhã quando estiver em Sampa vou pedir um Hot-dog com purê só pra ver qual é ?
    Ah ! A mãe da boo foi sensacional na descrição do Hot-dog da Geneal. Era assim mesmo que eles serviam e eu só comia quando era jogo no Maracanã.
    Bons tempos…

  12. Panhaço,
    Eu morava na rua da frente do Dogão da USP. Realmente aquele lá precisa de talheres pra comer, é uma refeição mesmo!
    Tinha amigo meu que não gostava de salsicha, e pedia um dogão… sem salsicha! E o pior é que nem fazia falta de tanta coisa que tinha em cima…

  13. Olha, sou carioca, filha de italiano daqueles que não corta macarrão nem pôe nada na pizza. E só gosto do catchorro quente com salsicha e pão e olhe lá. Tá, eu como pão com chocolate, mas a mensagem é essa, irmão:
    Comida é que nem cú, cada um tem o seu e é bom pensar bem antes de dividir com alguém.
    Beijo e festa LOTADA pra vc! 🙂

  14. Purê no hot dog é o que liga!! :o)
    ãh!? sacou?! cimento… liga… coisa e tal!?! :o) foi uma piada, porra!! dá risada. (ha! ha! ha!) Aê… agora sim!
    ok! ok! eu sou um dos que aprova o purê, porque sempre perdia os 50% pra calçada… dava mó vergonha.
    e agora os cariocas que me perdoem, mas acho um verdadeiro crime colocar mostarda e ketchup na pizza! putz… e isso tá virando mania aqui em SamPa também. que péssimo. ketchup e mostarda foram feitos pra uso exclusivo em sanduíches, pô!! não forcem a amizade. :o)

  15. Mas agora eles prensam os hot dogs e o purê não é mais tão necessário.
    O grande problema do purê no hot dog é que muitas vezes esse purê tá meio frio e duro. Nem rola

  16. Olá à todos, moro atualmente em Portugal, e uma das coisas que mais tenho falta na área de alimentação ai no Brasil é exatamente o cachorro quente de frango com catupiry , pure de batata e também leva um ovo de codorna, nossa é simplesmente maravilhoso, entre os que eu já comi, o que mas me da saudades é o cachorro quente do Morgan, um senhor super bacana que tem uma Rulóts ali perto ao terminal de Sãp Jpsé dos Pinhais,Paranà, quem já comeu este sabe doque eu estou falando,++++ uma vez simplesmente maravilhosoooooooo aiiiiiiii que saudades.

  17. Boa tarde a todos,
    Preciso acrescentar um pouco de verdade nestas histórias, vendi cachorro quente 20 anos da minha vida e posso dizer
    que entendo muito desta maravilha!
    Um 1969 um Sr. chamado Antônio vendia hot dog me frente ao clube regatas em Campinas, era apenas mais um no meio de tantos, em uma epóca de muito frio, os clientes reclamavam que o hot dog não era quente o suficiente, pois o molho e a salsicha esfriavam muito rápido. Assim o caro amigo Sr. Antônio encrementou com o Purê de batatas como sugestão da sua esposa que entendia muito de cozinha e principalmente de purê de batatas que era o que mais combinava com salsicha e molho de tomate.
    Em 1991, outro Sr. Antônio com um cachorro quente localizado em Campinas, na Av. Brasil enfrente ao posto BR perdia noites de sono com tantas preocupações e quase falindo, resolveu inovar transferindo todo o seu conhecimento e experiência de ter trabalhado em excelentes restaurantes como garçon e auxiliar de cozinha para o seu primeiro empreendimento ambulante.
    Inovou as receitas com molho tartaro, queijo ralado, azeitonas, milho verde, ervilha, vinagrete, batata palha, frango, pernil e catupiry.
    Com o passar do tempo sempre inovava com mais opções de carnes, veio então o Chilli, Calabreza, cheddar, palmito, camarão e outros 40 tipos.
    Em 2006 inovou com o cachorro quente no prato com colher,
    Foi um extouro, arrebentou de vender e de ser copiado por
    tudo e por todos.
    a barraquinha cresceu e hoje é uma big lanchonete com espaço
    para até duzentas pessoas sentadas e vende muito pois o sabor e a qualidade são inigualaveis.
    Vale a pena conhecer e visitar o MAG DOG em campinas.

  18. Tenho 34 anos, me casei e estou morando em Curitiba há um ano. A primeira vez que fui preparar um cachorro quente aqui, para meu marido, ele colocou a salsicha no pão e comeu com mostarda, fiquei decepcionada, pois, havia preparado como comemos em SP, com maionese, purê e salada. Desde que era criança, me lembro do cachorro quente assim. Então, fui pesquisar, e me parece que o cachorro quente com vários ingredientes, já é uma mania nacional, mas com purê, só existe em SP. O fato de dizerem que é usado para segurar os ingredientes, é real e funciona bem. Para mim e para todos que conheço em SP, não existe cachorro quente sem purê. Vc pode optar para vir sem, mas a maioria gosta. Ontém, 28/11 preparei novamente o lanche a “moda paulista”, mas dessa vez eu mesma preparei os lanches, acompanhada por olhares assustados de todos. FOI UM SUCESSO! Existem muitas coisas que existe aqui no sul, que não existe em outros lugares, e isso vale prá tudo em todos os lugares do Brasil e do mundo. É como arroz, que é indispensável no básico brasileiro, que na Europa é usado para fazer sopas uma vez na vida outra na morte. Eles nem gostam. Eu não fico sem. A salsicha é um invento suíço, e lá a base alimentícia deles é a batata. Então, a combinação está correta. Aliás, maravilhosa! Experimentem antes de criticar.

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