O éfode e o peitoral

(Êxodo 28:6-30)
— E aí, Momô, vamos continuar?
— Mo-Momô é o ca-caralho, m-m-meu no-nome é M-Moisés, po-porra!
— Nooooooossa, que estressadinho! Momô, relaxa e presta atenção aqui. Vou te mostrar como é que vocês vão fazer o éfode.
— É f-foda?
— ÉFODE, Momô.
— Q-que po-porra é e-essa?
— O manto sacerdotal, tolinho.
— E p-por q-que vo-você n-não fa-fala m-manto sa-sacerdotal lo-logo?
— Porque éfode é mais bonito, Moisés. Éfode. Olha que palavra linda, explosiva, sibilante, proparoxítona, um primor!
— T-tá, ch-chega de vi-viadagem, to-toca o b-barco.
— Vamos lá. O éfode será feito de fios de lã azul, púrpura e vermelha, de linho fino e fios de ouro, e enfeitado com bordados beeeeeeem bonitos. Olha o desenho, que lindo. Olha aqui, nas duas pontas do manto vai ter essas alças assim, presas dos lados. E vai ter um cinto também, do mesmo material do éfode. Aí vem o toque mais bonito: Em duas pedras de ágata serão gravados os nomes dos doze filhos de Jacó, seis em cada uma. As pedras serão montadas em engastes de ouro e colocadas assim, ó, nas alças do éfode, representando as doze tribos de Israel.
— Pa-para q-que t-tanta f-frescura?
— Ah, Momô, o Jajá falou que vai ser assim para…
— Deixa que eu explico pra essa besta, Clô.
— C-Clô? HUMMMMMMMMMMMMMM!
— Se fecha, Moisés. Deixa eu explicar esse lance aí das pedras com as doze tribos. Isso aí o Arão vai usar nos ombros para eu sempre me lembrar do meu povo. É foda lembrar de cor, ainda mais com os nomes que Jacó deu aos filhos: Tem um tal de Zebulom, um Naftali, Dã, Issacar, porra, parece a prole da Baby Consuelo. Entendeu?
— E-entendi.
— Pode continuar, Clô.
— Obrigadinho, Jajá. Onde é que eu estava? Ah, do manto é só isso. Esses engastes de ouro serão presos com correntinhas de ouro, desse jeitinho assim. Viu tudinho, Momô? Então pega o desenho, guarda com cuidado. Agora, o peitoral. Ai, ai… O peitoral cês vão fazer com o mesmo material do éfode. Vai ser assim, ó, quadrado com um palmo de lado. E olha que lindo, vocês vão colocar quatro carreiras de pedras preciosas montadas em engastes de ouro no peitoral, três pedras em cada carreira: Um rubi, um topázio e uma granada, uma esmeralda, uma safira e um diamante, uma turquesa, uma ágata e uma ametista, um berilo, um ônix e um jaspe. Olha que lindo que vai ficar, tudo coloridinho e brilhante! Aí em cada pedra será escrito o nome de um dos filhos de Jacó.
— Po-porra, d-de no-novo?
— Não chia, Momô. Nem é você que vai fazer isso, nem tem capacidade. Humpf. Deixa eu continuar, porque o tempo não espera, e todo esse processo cármico que carregamos na nossa jornada por esse planeta maravilhoso para onde Deus nos enviou para cumprir cada um a sua missão de forma que…
— CH-CHEGA! E-essa vi-viadagem i-i-i-irrita!
— Ai, credo! Tá bom, tá bom… Continuando: O peitoral vai ser preso ao manto com correntinhas de ouro. Arão vai usar esse peitoral quando entrar no lugar Santo. Ah, e você vai botar o Urim e o Tumim no peitoral, bem em cima do coração do Arão.
— U-urina c-com o q-quê???
— Xacomigo, Clô. URIM E TUMIM, Moisés. Seguinte: Do jeito que vocês são chatos, vão querer me consultar direto. Já prevendo isso, bolei esse sistema, que na verdade é um jogo de dados simplificado: Duas pedrinhas, cada uma com um lado escuro e um lado claro. Sempre que Arão entrar no Tabernáculo para me consultar, vai fazer a pergunta e jogar as duas pedrinhas. Os dois lados escuros pra cima significam não, os dois lados claros significam sim. Se ficar um escuro e um claro, a pergunta fica sem resposta.
— Pe-peraí, n-não e-entendi. P-pra que e-esse ne-negócio d-de pe-pedrinhas? P-por que vo-você n-não r-responde di-direto?
— E vou perder meu tempo com os problemas de vocês, Moisés? Faça-me o favor! Tenho mais o que fazer. Vai por mim, é fácil enrolar esse povo. É só não chamar as pedrinhas de pedrinhas, porque aí vira esculhambação. O negócio já vai ser numa tenda, se o povo souber que Arão vem me consultar jogando pedrinhas, aí fode tudo: Vão botar placa na frente do Tabernáculo, “Pai Arão: búzios, tarô, amarração para o amor”. Não, não: Chamem as pedrinhas sempre de Urim e Tumim, pra dar um ar misterioso, sobrenatural, místico. É puro marketing, Moisés! Sem isso ninguém vai pra frente. Marketing, marketing!
— T-tá b-bom, t-tá b-bom… Co-continua a-aí o ne-negócio d-das ro-roupas, C-Clô.
— ME CHAMOU DE CLÔ!
— Ch-chamei na-nada!!!
— Chamou sim!
— A-ARGH!
— Ai, que bom que estamos nos entendendo, Momô. Já estamos no final, viu? Fica calminho…

3 comments

Deixe uma resposta para Adilson Fuzo Cancelar resposta